quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Horda de Mauricinhos Perseguindo Chico Buarque






Um bando de mauricinhos babacas (tudo cuzão) se sentiu no direito de cercar o Chico Buarque de Holanda no meio da rua, com aquela abordagem burra, como de costume.
Cobravam o fato dele "apoiar o PT".
O Chico ainda respondeu com paciência: "mas é minha opinião".
Gastou o tempo e a energia dele dando atenção para aquela gangue.
A turma do bullyng, educada desde sempre para fazer valer, nem que seja na porrada, o seu ponto de vista, odeia a igualdade, mas também não sabe conviver com as diferenças.
O mais exaltado cobrava o Chico com veemência por ele supostamente morar em Paris.
Puta que pariu.
Logo eles vão cobrar isso do Chico?
Uma horda que desde sempre rejeita, odeia, nega e despreza o Brasil.
Qual problema se caso o Chico vivesse em Paris? Eles não saem de Miami...
Nem conseguem viajar para algum lugar em que o conhecimento histórico e cultural sejam relevantes. Não podem parar para pensar durante dois minutos porque a cabeça não tem substância.
Não suportam conhecer nada que seja muito diferente de um shopping center ou uma paisagem de cartão postal pra postar no Insta.
Não sei se o Chico vive em Paris. Mas caso viva, tem seus motivos. Trombar com esse Zé Povinho metido a Socialite falando bosta deve ser muito brochante mesmo.
Vivendo no Rio ou vivendo em Paris, ninguém pode impedir o Chico de falar sobre os problemas do Brasil. Até porque, poucas pessoas conhecem tanto sobre o Brasil como o Chico Buarque.
O Chico é de família real. Seu pai foi o intelectual que talvez melhor tenha explicado as raízes do Brasil contemporâneo. E diga-se, permanece absolutamente atual.
Poucas pessoas falam tão bem sobre o Brasil como o Chico.
Ninguém pode ser mais importante na cultura brasileira como o Chico.
Nesse país onde a burrice parece ser tão adorada, o Chico é um respiro de integridade. É um brasileiro para se olhar e se ouvir e sentir-se melhor por ter nascido aqui.
Que violência!
Esses merdas deveriam reverenciar o Chico.
Quisera eu ter passado na mesma calçada que o Chico.
Quisera eu ter a chance na vida de ter cinco minutos de prosa com o Chico.
Esses playboys tiveram essa chance. E deperdiçaram, como fazem com tudo aquilo que a vida lhes deu. Não valorizaram.
Não por acaso o Chico se tornou um alvo tão odiado.
Para o triunfo da estupidez, da imbecilidade e do tacanho, torna-se necessário primeiro destruir o que é integro e virtuoso.
A simples existência do Chico denuncia de maneira factual e explicita a ignorância dessa gente.
O Chico sem fazer muito, revela de maneira avassaladora e insuportável para eles, a pobreza de espirito dessa classe.
O Chico pertencer a elite (viver em Paris) e manter sua postura e sua posição política, não caindo de joelhos para beijar a mão e ganhar o afago desses que se acham os reis do mundo, agride, pois deixa evidente como "eles" são desimportantes. Como toda essa bosta que eles valorizam não serve de nada.
Que mesmo acumulando todo o dinheiro do mundo, "eles" permanecerão pobres. Muito pobres. Porque são pobres de espirito.
Salve Chico Buarque de Holanda.
Não liga pra esses merdas.
Nós te amamos muito, Chico

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Muito Além



Para além de toda mesquinharia cotidiana existe um lugar de generosidade e altruísmo.
Para além dos coices amargurados, existe o lugar dos sorrisos largos, do conforto que se encontra na doçura, nos abraços apertados.
Para além de tanto tormento e angústia, existe um lugar onde o sono é tranquilo e pesado. Onde se dorme esparramado, com os braços jogados para cima e a boca aberta, feito criança.
Para além do caos e a sensação de que tudo vai explodir, existe um lugar onde o cheiro de comida caseira invade todos os espaços, ocupa a sala, o quarto, o coração e a vida.
Para além dos saltos e dos pulos para escapar das rasteiras do dia-a-dia, existe um lugar onde habita a confiança, a amizade, a consideração, os celulares que dormem tranquilos sem o medo de serem violados, os olhos nos olhos, o desapego, a harmonia.
Um lugar com vestidos floridos e alegres. Vestidos simples, mas acompanhados de um valioso brilhante que se usa dentro do olhar, combinando com o sorriso ancho.
Um lugar que rola um samba antigo falando de amor.
Um lugar com cheiro de areia, mar e protetor solar.
Um lugar pra se corromper a noite. A boemia. As sacanagens. Os pecados perdoáveis. Os pileques. A música de preto.
Um lugar onde não se passa perfume para dormir. Nem creme. Só pele com pele. Seios fartos. Alma lavada. A carteira com o cartão do banco guardada em algum canto. Eles já não são tão importantes assim. Nem o extrato do banco. Nem o saldo para fazer a conta se mais foi amado ou mais está amando.
Deixa tudo pra lá.
Tem coisa muito melhor na vida da gente.
Logo mais haverá um conto erótico no pé do ouvido.
Num lugar que vai muito além de tudo que é chato e opressivo. Que não é perto nem é longe. Ele só vai além. Muito além.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

25 anos do 1º Campeonato Brasileiro em 1990

A molecada talvez não saiba. Talvez não se dê conta.

Depois do sexto campeonato brasileiro, somado aos três da Copa do Brasil, Libertadores e os dois Mundiais, fica difícil mesmo explicar como era difícil para o Corinthians ganhar um título para além do estado de São Paulo até 1990.

Havia quem dissesse que a culpa era do nome. Corinthians Paulista nos condenaria a ficarmos eternamente restritos às conquistas regionais.
E comemorávamos muito o Campeonato Paulista. Valia muito mesmo.
Era tudo muito mais simples. Pra gente, durante muito tempo, talvez nem fosse tão importante como é hoje ganhar esses campeonatos “distantes”.
O mundo era muito maior. A gente não dizia: “vou à praia”. A gente viajava para “Santos”. “Santos” era como se chamava todo o litoral paulista antigamente, desde Peruíbe até Ubatuba. Era solene. Importante. Na volta das férias a gente fazia um desenho para a professora escrito: “MINHAS FÉRIAS EM SANTOS”
E no Corinthians que aprendemos a amar, a realidade era mais simples ainda. O clube era bem simples. Nas alamedas do Parque São Jorge os senhorezinhos falavam com aquela voz de Adoniran Barbosa.
Hoje em dia, se o Corinthians passar dois anos sem ser campeão já é crise. 
O Setor Oeste de Itaquera, muda de cor a cada camisa nova que a Nike lança. Antigamente, camisa do Corinthians, comprada na loja ou no camelô, era feita pra durar. A gente usava até o tecido ficar parecendo uma lixa. A camisa ficava desbotada, cheia de bolinhas. No segundo-tempo do jogo, a gente suava e aquele pano fervia e dava uma fedentina desgraçada. Mesmo assim, a gente abraçava o amigo na hora do gol. Colocava e recebia aquele sovacão no meio da cara.
Em 1990, a camisa do Corinthians produzida pela “Finta” ganhou uma golinha preta. Já era uma variação. 
O time tinha o Ronaldo que era um monstro. Uma força da natureza corinthiana. Quem jogasse bola na rua, aceitava ser goleiro só pra fazer uns malabarismos, dar um salto e gritar: ESPAAAAAAALMA RONAAAAALDO! 
Tinha o Giba que era ótimo. Hoje seria seleção. O Marcelo era de família corinthiana. Grande Zagueiro. O Márcio não perdia viagem. Era folgado. Corinthiano. No ataque tinha o Fabinho de ponta direita. Hoje o Fabinho seria titular de qualquer time. Era rápido, habilidoso e principalmente esforçado. O Fabinho tinha habilidade, mas não era firulento. Era mais raçudo mesmo. Incansável. O Dinei era feito no terrão. O Mauro de ponta esquerda era meio grosso, mas tudo bem. Jogava para o time. O Tupãzinho jogava muito. Em todas as posições. Conseguia ser decisivo sendo titular ou entrando no segundo-tempo. Era minúsculo, com habilidade maiúscula. O Wilson Mano era como se fosse um torcedor jogando. Parecia que tinha saído da arquibancada direto para o campo. Não se parecia com um jogador profissional. Não tinha cacoete. Mas era aplicado ao máximo. Tinha estrela. Era como se a gente tivesse entrado em campo arrumasse um jeito pra ajudar o time com o recurso que fosse possível. Foi assim que o Mano fez o gol de joelho no primeiro jogo da final. Se não desse de joelho, seria de algum outro jeito. A bola tinha que entrar. E entrou. Graças a Deus.
O Neto era uma espécie de redentor. Ele já era um craque reconhecido quando veio para o Corinthians. Um cara com personalidade forte, meio problemático, que os técnicos não gostavam. Mas um craque. A gente não teria dinheiro para contratá-lo. Veio parar numa troca com o Palmeiras, porque o Leão queria se livrar dele. Um negócio improvável. Por isso que deu certo.
Ele entendeu como quase ninguém o que significa ser ídolo no Corinthians. Ele se forjou como ídolo. Como ele já era Corinthiano, sabia muito bem o que deveria fazer. A diferença do Neto para os outros ídolos talvez seja essa. Ele queria ser ídolo no Corinthians. Não era blasé. Não estava fazendo escada para a Europa. Não via o futebol com indiferença. Não se ressentia dos apuros de ser ídolo do Corinthians. Não tinha medo da torcida. 
O Neto jogou muito em 1990. Muito! O Neto está para o Corinthians em 1990, assim como o Maradona está para a Argentina em 1986. Não é exagero dizer que o Neto ganhou o campeonato para o Corinthians.
Quartas de final contra o Atlético Mineiro. Jogo no Pacaembu. Precisávamos ganhar. Começamos perdendo. O Corinthians mais uma vez perderia para qualquer time nacional e ficaria de fora da disputa pelo Brasileiro, que seria conquistado por qualquer outro protagonista acostumado com esse campeonato. Talvez, ainda não tivéssemos superado totalmente os 23 anos de fila.
Não acho que havia só zica. Tirando o time da Democracia que, de verdade, consolidou o Corinthians como um clube nacional, tínhamos realmente times inferiores aos demais esquadrões nacionais nas décadas anteriores. 
Durante o final da década de 80 se ouvia dos rivais no estádio:
“ERO ERO ERO, CABAÇO BRASILEIRO”.
Perdendo de 1x0 para o Atlético. Parecia que a sina iria se repetir. O Nelsinho iria tirar o Neto. Ele foi ao ataque para um último lance. Já pensou se ele tivesse saído antes? Neto foi para a área com a vontade dos deuses. Subiu de cabeça como nunca. Mandou pro fundo das redes. É gol! Vai Corinthians. Vamo que dá…
Neto faz um lançamento absurdo. Ele estava na linha direita bem no meio de campo. Lançou a bola para a ponta-esquerda. Incrível o lançamento. A bola caiu no pé do Paulo Sérgio. Bom jogador também. O Neto Atravessou o campo. Correu muito. Entrou na grande área. A bola cruzada veio para o Tupãzinho. Escapou. Não dominou. Sobrou inesperadamente para o Neto que fuzilou. Puta que pariu foi gol! Que gol! O Pacaembu veio abaixo. Gritos que saiam do fundo da alma. Gritos que brotavam direito do peito. Nem passavam pela garganta. Meu Deus, foi gol!
Contra o Bahia foi a mesma coisa. O Neto arrasou. Fez o gol de falta que nos colocou na final do Campeonato Brasileiro, revertendo a segunda vantagem, já que nos classificamos em oitavo, quase havíamos ficado de fora.
Já falei do gol do Wilson Mano, no primeiro dos jogos da decisão.
Na última final contra o São Paulo, que tinha um time tecnicamente melhor que o do Corinthians, repleto de jogadores que vieram a ficar posteriormente consagrados, a conquista já parecia mais materializada.
Eu tinha 14 anos. Só falava de Corinthians. Só pensava no Corinthians. Com 14 anos o menino não é mais criança. Também não é adulto. Naquela época, o moleque dessa idade não tinha porra nenhuma. Não tinha nem celular, nem computador pra criança. Nada. Era só o Corinthians dia e noite. Mais nada.
Assisti o jogo ao lado do meu pai. Neto tocou para o Fabinho. Ele foi costurando na entrada da área e soltou a bola para o Tupã. Ele enfiou a bola no meio das canetas do Ivã, um zagueiro muito grosso do nosso eterno freguês. Tupã generosamente devolve a bola para Fabinho. Ele chuta ao gol meio espremido. O Zetti defende. A bola sobra de novo para o Tupanzinho que de carrinho, se esticando todo, empurra a bola para dentro do gol. Que emoção. Saia muita água dos meus olhos. Olhei para o meu pai. Ele chorava e me dizia:
“Você tá pensando o que, filho? Pra mim também é a primeira vez que eu vejo o Corinthians Campeão Brasileiro”.
Eu choro agora de novo, só de lembrar. Vencemos! Era verdade. Não era sonho.
Foi tão importante aquele campeonato. Eu vibro como se fosse hoje. Volto aos catorze anos.
O Corinthians tem esse poder. De nos manter meninos. 
De fazer quem não tinha nem nascido, chorar “lembrando” daquele 16 de Dezembro de 1990 no Morumbi. Vinte e cinco anos atrás.
Mal sabia que essa data se tornaria mais sagrada ainda. Não podia imaginar naquela altura da minha vida que duas décadas depois eu estaria no Japão vendo o Corinthians ser Campeão do Mundo.
De certo, que os desafios de 2012 também estavam impostos em 1990. Talvez com maior grau de dificuldade.
Não existe nem existirá tarefa inalcançável para o Corinthians. 
Os desafios surgem e a gente supera.
Não existe nenhuma luta que a força do nosso povo unido não possa vencer.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Primavera Paulista



Que linda foi essa primavera.
Molecada. Continuem atentos. Há muitas outras conquistas ainda por vir.
Claro que já planejam tantos outros males.
Mas aproveitem para saborear o gosto dessa vitória. Um passo de cada vez. Assim se vai longe.
Hoje tem que ter festa em cada escola ocupada.
Desfrutem essa sensação maravilhosa.
Dêem-se ao luxo de todas as delicias da juventude. 
Pra esbanjar o privilégio de todas as imaturidades possíveis.
Estufem o peito e segurem esse ar cheio de pureza que ainda habita no coração de vocês.
Mantenham-se entorpecidos de esperança. Acreditem nas grandes causas. Contrariem todos os pessimistas e decepcionados.
Namorem bastante essa noite. Vivam todas as delicias da liberdade. Não permitam jugo nem sobre o destino, nem sobre o corpo de vocês.
Desafiem todos os senhores. Não existem senhores.
Ainda que amanhã seja diferente, aproveitem o hoje. O único tempo que de verdade existe.
É preciso desperdiçar todas as energias. Não guardem nada para o futuro. Não adianta.
Que vitória gostosa.
Que momento especial.
Confesso que sinto saudades.
Aproveitem tudo o que puderem.
Pois a luta continua.