Enfim, Luiza voltou do Canadá.
Quando eu via seu nome espalhado nas redes sociais, não sabia o que havia ocorrido.
Pensei que fosse uma estratégia de marketing do Magazine Luiza.
Mas tamanho bombardeio cibernético me obrigou a consultar o Google e entender o que se passara.
Luiza, recentemente pertencente à sociedade paraibana, graças à aquisição de um belo apartamento no Altiplano Nobre em João Pessoa, tornou-se celebridade instantânea da internet.
Viajou para o exterior e foi ao Canadá respirar ares civilizados.
Seu pai, corretor televisivo de imóveis, ostentou a recente conquista para convidar todos aqueles que desejassem ser pertencentes à tão seleto extrato social, a serem seus vizinhos e tornarem-se os diferenciados da Paraíba.
O comercial rapidamente se tornou um hit da internet.
Os “sulistas” indiscutivelmente “acostumados” com as viagens e intercâmbios ao “primeiro mundo”, imediatamente se deram conta do ridículo da afirmação em meio à propaganda do novo empreendimento.
A “Luiza no Canadá” veio mostrar o degradante exercício de pertencimento à sociedade paraibana, tradicional família mineira, baiana, cearense, tocantinense, etc.
Oferecem uma dimensão de entendimento da aberração que é o universo dos socialites, “mulheres ricas”, emergentes e “viajados”.
Se Luiza e a sociedade paraibana parecem risíveis, o que imaginam ser a elite paulistana mentirosamente quatrocentona?
São Mauricinhos (ou Luizas), netos de Severinos, fazendo esforços de consumo para aparentarem uma origem diferenciada.
Mas a memória desta gente é a pobreza.
Ninguém da minha idade tem um avô que nasceu rico. Alguns tiveram a sorte de construírem um patrimônio ao longo da vida, mas em sua absoluta maioria, a “sociedade Paulistana” é composta por refugiados das guerras e paus de arara.
Talvez, isso justifique o conservadorismo e o absoluto temor em desabar na pirâmide social. Daí o medo em se identificar com os que vêm “de baixo” e a estranha aliança com a elite.
Se para a “nobre” sociedade paulistana ou carioca é engraçado uma família nordestina ostentando uma viagem para o exterior como sinônimo de ascensão social, imaginem o que é para a “metrópole” assistir aos “colonos” travestindo-se de “primeiro-mundistas” e arrasando no free shop, comprando todas as quinquilharias que seus dinheiros alcançam?
Complexo de vira-latas é fogo!
É o mundo das aparências, pouco interessa horas e horas de conhecimento adquirido se não possui aquela roupa, aquele carro ou vai em determinada boate. Pior foi a repercussão disso, pensava eu que a internet no Brasil estava no fim do poço e me enganei...
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