terça-feira, 1 de julho de 2014

O maior legado da Copa


O maior legado da Copa é o seguinte: Não fique repetindo como papagaio certas "verdades" dos "formadores de opinião". Imaginando estar antenado, você pode acabar embarcando numa canoa furada e fazendo papel de bobão.


Mantenho profundo respeito a alguns dos meus grandes amigos que desde o inicio discordaram de mim e foram contra a realização do mundial, com motivos razoáveis e respeitáveis, e coerentemente mantém sua posição política à respeito. Aqueles que sem ódio ou viralatismo expressaram sua opinião. Creio que cometeram um erro político. Porém foram e continuam sendo honestos com suas convicções.


Mas eu quero me referir aos odiosos e derrotistas que apostavam no caos para vender no camelódromo político um Brasil derrotado, inferior e incapaz. Um país que não acredita em si mesmo e que viesse a escolher o caminho do entreguismo e subordinação ao invés de apostar no próprio sucesso. Um país desacreditado que prefira as decisões fáceis de manutenção dos privilégios históricos do que este Brasil que suporta os incômodos e transtornos próprios dos processos de transformação social. Um país que caminha aos trancos e barrancos, mas que não é o lixo que tentaram fazer que a gente acreditasse.


O legado da Copa é fazer com que as pessoas percebam o ridículo que é ficar destilando ódio nos fóruns de internet proferindo injúrias e imbecilidades. 


O legado da Copa é mostrar de maneira nítida que o melhor do Brasil não é aquela gente metida a besta que se sente superior aos demais. Que xinga a presidenta, que xinga o centroavante, que xinga o treinador e que vaia o hino nacional do país vizinho e amigo. Essa gente que pode pagar as melhores escolas, mas não demonstra a menor educação.


O legado da Copa é mostrar que somos muito mais do que esses almofadinhas.


Ainda que não tenhamos conseguido ingressos para os melhores jogos e não tenhamos sido convidados para nenhum camarote VIP dentro dos estádios, somos a melhor parte deste brasilzão querido. Somos aquele que sabe torcer, sabe receber bem, sabe sambar, sabe batucar e que faz um amor gostoso cheio de desejo e bons sentimentos. Generosidade e compaixão. Que neste coração verde e amarelo existe muito mais amor do que ódio.


Cada um vota em quem quiser. Ou se não quiser votar também anula.


Mas talvez, o grande legado da Copa é mostrar para todo mundo que embora ainda não sejamos o país que gostaríamos de ser, podemos chegar lá. Ou pelo menos já descobrimos o Brasil que não gostamos e não queremos ser.

Um comentário:

  1. não quero polemizar mas descrevo um pouco meu incomodo com essa onde de artigos exaltando a copa e criticando críticos pré-copa.
    Elaborando o que penso.
    Desacredito um pouco da tentativa de melhorar a nossa torcida nos jogos do Brasil. E tome inventar cantos de torcida e esperar que elas peguem. Pois é, acho deveríamos ter pensado nisso antes. Vai ser difícil criar um repertório legal tão rápido. Jogos com participação criativa das torcidas são sempre melhores.
    Lembrei também que estranhei a chamada da psicóloga da seleção para tentar colocar os nervos dos jogadores em ordem, após a clara demonstração de descontrole emocional (e, arrisco dizer, de time mal treinado) durante e depois do jogo contra o Chile. E todos nós sabemos que qualquer tentativa via psicologia precisa de muito tempo para ter algum efeito. E apesar de todos os recursos disponíveis e planejamento lá está a poderosa seleção brasileira "trocando o pneu com o carro em movimento".
    Mas chato mesmo é notar quase que uma campanha para classificar como derrotistas (ou coisas piores) todos que criticaram a preparação para a copa. Como se todas as críticas na preparação fossem tão partidárias quanto boa parte das contra-críticas de agora.
    Mas agora que estamos todos vibrando com a copa vamos logo esquecer que, ainda que quase tudo esteja correndo relativamente bem, grande parte das obras necessárias foram entregues bem atrasadas e/ou no último minuto. E quase todas mais caras. Sem falar do que foi prometido, mas não foi feito. Felizmente isso parece não estar afetado negativamente o evento.
    Dito isso, eu acho sim que podemos chegar lá. Que podemos ter uma torcida vibrante, criativa e participativa. Que a seleção melhore bastante e mantenha a “mente quieta e espinha ereta e o coração tranquilo” (adoro isso do Walter Franco). E que o legado da copa - fora uma possível e desejada vitória (vai Brasil!) - valha o investimento.
    Mas apesar de vivermos uma copa que tem tudo para ser sensacional eu vejo motivos para críticas e aprendizados. E me deixa muito triste achar que por cobrar menos improviso, mais planejamento rigoroso e entrega de produtos e serviços no prazo e sem custo adicional, eu possa ser arquivado na gaveta dos “outros” (os ruins são sempre os outros), ou dos derrotistas, dos odiosos, do "o Brasil que não gostamos e não queremos ser"... Torço para que haja mais nuances e parte dos “outros” não seja tão mau assim.

    Abraços,

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