A candidatura de José Serra está em queda livre.
É o que se observa nas últimas pesquisas do Ibope e do Data
Folha.
Enquanto no Ibope José Serra aparece empatado com Celso
Russomano, na pesquisa do Data Folha, Russomano já aparece em primeiro lugar.
Muitos estão se esforçando para entender o “fenômeno”
Russomano nas eleições municipais. É evidente que o candidato tem chances de ir
ao segundo turno e vencer as eleições, porém é preciso dar a dimensão exata ao
feito parcial de Russomano.
Seu crescimento nas pesquisas é o efeito mais imediato do
incômodo da população de São Paulo com a candidatura de Serra.
A imensa maioria do eleitor potencial de Serra é composta
por conservadores notadamente “não petistas”.
Ao eleitorado de José Serra abandonar sua candidatura, é
natural que o faça com dois critérios iniciais. Primeiro buscando o candidato
mais conhecido até o momento. Depois, procurando um candidato “não petista”.
Portanto, o crescimento parcial de Russomano, nada mais é do
que um novo arranjo (ainda precário) do eleitorado conservador paulistano.
Celso Russomano está há mais de uma década na televisão e
tem sua imagem ligada ao direito dos consumidores. Coloca-se numa posição de “vingador”
dos interesses populares. Esta condição confere ao candidato imediata simpatia
da população que não dispõe de representação política, sindical, partidária e associativa.
Não à toa, nos debates Russomano defende os trabalhadores
informais e até mesmo os ambulantes. A livre iniciativa paulistana carrega
desde sempre um ressentimento com as organizações políticas porque carrega consigo
uma orfandade representativa irreparável. Para o paulistano médio, o
trabalhador sindicalizado, por mais pobre que seja, aparenta ser um
privilegiado, já que dispõe de garantias impensáveis para quem vive vendendo o
almoço para pagar o jantar.
Quanto a José Serra, é claro que ele não está morto. Porém,
seu potencial de crescimento é muito menor do que os outros candidatos. Segundo
pesquisas, mesmo antes do início do horário eleitoral, Serra já é conhecido por
99% do eleitorado. Para reverter a migração de seus votos, Serra terá de fazer
um esforço muito grande.
Existe um estresse da figura política de Serra. Sua
insistência em se colocar como candidato, sufocando desde sempre outras
candidaturas emergentes em seu campo político, parece desestimular adesões à
sua candidatura, mesmo para o eleitorado que dispõe de simpatia pelo candidato.
O mesmo aconteceu com Paulo Maluf. Nas últimas eleições, os
resultados eleitorais de Maluf (para eleições majoritárias) foram muito menores
do que o espaço representativo do malufismo em São Paulo. Simplificando, para a
população existe o momento do “chega”.
Talvez, Serra sequer esteja no segundo turno.
Explica-se. Se o eleitorado de Serra (não petista) tem
outras candidaturas para migrar, o eleitor tradicional do PT tende a encontrar seu
abrigo na candidatura de Fernando Haddad. Desde que existem eleições em dois
turnos na cidade de São Paulo, o PT sempre esteve na disputa.
Desta vez não será diferente. A candidatura Haddad deve
crescer nas próximas semanas e ocupar seu espaço na disputa.
Quanto a Serra, existem candidaturas alternativas que tendem
a angariar seu eleitorado e irá disputar com ele a indicação para o segundo
turno.
A boa novidade destas eleições é que existem muitos
candidatos e não há espaço para a polarização. Nas principais eleições vencidas
pelos tucanos, eles conseguiram se colocar como única alternativa viável para
derrotar o petismo, e conseguiu unificar os votos conservadores.
A tendência é que cheguemos à última semana com pelo menos
quatro candidatos com chances de ir ao segundo turno.
Gabriel Chalita tem grande potencial de crescimento.
Se hoje o eleitorado de Serra está migrando com velocidade à
candidatura de Russomano, ele poderá muito em breve encontrar abrigo na
candidatura do peemidebista.
Chalita terá um bom tempo de tevê e já conta com simpatia de
boa parte dos tucanos, além de bom trânsito entre os petistas, rivalizando,
inclusive, o apoio de Dilma com Fernando Haddad.
Para se tornar viável, Chalita deverá crescer a partir de
agora, tornando-se alternativa possível às principais candidaturas.
Se existe uma candidatura com o potencial de significar uma “terceira
via” na cidade é a de Chalita.
O eleitor deve definir seu voto nos últimos dias do pleito.
Haddad deve estar no segundo turno, ocupando o lugar cativo
do petismo na cidade de São Paulo. Mas
não há definição alguma.
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