segunda-feira, 15 de julho de 2013

Ode ao Paulinho



Difícil cair a ficha de que o Paulinho foi embora.

Os corinthianos não são de idolatrar jogadores. Viver o Corinthians sempre foi a experiência única e suficiente.

Existe até uma espécie de ressentimento dos torcedores para com os jogadores, pois eles desfrutam de uma relação privilegiada com o clube. Ganham dinheiro para representar nossas cores e fazer aquilo que daríamos todos os nossos tesouros para vivenciar, nem que fosse por um único dia.

E nem sempre (ou quase nunca), se dão conta deste privilégio.

Lá no Parque São Jorge tem a calçada da fama que homenageia com justiça alguns de nossos maiores ídolos.

Mas deveria haver também o "Esgoto da Fama", dado o contingente de picaretas que jogaram no lixo essa oportunidade maravilhosa de jogar no Corinthians e desonraram nossas tradições. Não por serem ruins de bola, porque sinceramente isso nem é tão relevante para a gente. Mas por incompatibilidade moral com o cargo.

O Paulinho sim, merece todas as homenagens reservadas a pouquíssimos jogadores na nossa história.

Dizem que conversa de malandro não faz curva. E o Paulinho sempre foi coerente. Não tem confusão. Sério, dedicado, responsável e maduro. Nunca foi moleque.

O Paulinho tem o perfil de um grande soldado, talhado a se consagrar como um herói de guerra, com condecorações por coragem e bravura. Alguém com qualidades absolutas para liderar, pois ninguém jamais contestaria sua condição de comandante. Ele reúne qualidades fundamentais de um grande líder.

O jogo contra o Vasco estava nos minutos finais. Caminharíamos para uma torturante prorrogação que provocaria a sanha dos mais terríveis fantasmas que nos assombravam durante anos.

A bola viajou bem alto. O Paulinho subiu aos céus. Mandou a bola para o fundo do gol.
Fiquei cego por alguns instantes. O grito sufocado transbordou no meu peito e saiu pela garganta. Desopilamos nossos fígados. Certamente, naquele instante, ganhamos uma prolongação de vida. Valeu à pena ter nascido pra ver aquele gol do Paulinho.

E o melhor de tudo foi sua comemoração. Nos braços da fiel. No alambrado. Não recusou o abraço fraterno e foi muito sincero naquele momento de emoção.

Num futebol cada dia mais pragmático e rendido ao marketing das cabeleiras coloridas e das dancinhas provocativas, o Paulinho comemora seus gols com a alma. Sem frescura. Bem Corinthians!

O Paulinho alcançou a glória reservada para pouquíssimos. Virou o craque da seleção jogando bola no Corinthians.

Campeão do Mundo!

E como jogou bola.

No lance do gol, todo corinthiano ficou de pé quando o Paulinho apareceu na cara do gol do Chelsea.

Ele deu um calcanhar fantástico para o Jorge Henrique e recebeu a bola de volta. Tocou para o Danilo. É curioso ver o lance e perceber como a partir desse momento, ele passa a agir como um torcedor. Estica os dois braços em direção do Danilo, como que dizendo "CHUTA". Ele chutou e na rebatida, a bola sobrou na cabeça do Guerreiro. Então o Paulinho fez o movimento de cabeceio como que telegrafando a jogada fatal. 

E no fundo ele era isso. Um emissário da fiel torcida. O jogador dos nossos sonhos. Técnico, raçudo, elástico, vibrante e com uma misteriosa presença de espírito.

O Paulinho é um jogador pelo qual vale a pena torcer.

Espero que ele seja feliz, pois nos deu também alegrias e felicidades incomparáveis.

Nos deu emoções que não se compra em shopping nenhum desse mundo.

Vai com Deus, Paulinho!



2 comentários:

  1. Belíssimo tópico! O Paulinho foi um cara que se entregou dentro de campo, e representou a corinthianidade lá dentro, como há muito tempo não via alguém fazer. Que bom que o destino lhe deu a camisa 8, a mesma de Basílio e do Doutor Sócrates. Tenho fé de que esse não é um adeus, e sim um simples até logo, e que ainda o veremos novamente jogando pelo Timão.

    ResponderExcluir
  2. O Paulinho me proporcionou um dos dias mais felizes da minha vida naquele jogo contra o Vasco. Tudo naquela noite sofrida foi mágico:o jogo limpo das duas equipes, o Tite comandando do meio da torcida, a defesa do Cássio e o gol do Paulinho,um dos gols mais corinthianos que eu já vi. Há muito não sentia tanto a saída de um jogador quanto estou sentindo a do Paulinho.

    ResponderExcluir