Uma nação que se propõe a exercer papel de influência global deve também exercer uma espécie de liderança moral, paralela às vantagens estratégicas que qualificam as condições excepcionais de orientador das grandes questões mundiais.
Sendo assim, a superioridade militar e econômica dos EUA, não confere à este país o direito de exercer esta vantagem para além das regras que disciplinam a relação global entre países igualmente soberanos.
Admitir que a superioridade de força, por si só permite a opressão e justifica a submissão de todas as outras nações, significa dizer também aos cidadãos do mundo que a força e a violência são ferramentas legítimas para a dissolução de conflitos de qualquer natureza.
E mais! Significaria dizer que existem povos de primeira, de segunda e de terceira grandeza, destacados por suas vantagens de poder econômico e de força. Mais perigoso ainda, seria supor que existam raças superiores ou mais evoluídas, buscando uma explicação "natural" para a superioridade de nações e também de indivíduos.
As desventuras mais desastrosas da história humana partiram justamente deste mote.
Se os homens civilizados devem superar seus estados de natureza, cumprindo regras e leis universais a todos sem distinções de raça, cor ou condição social, o mesmo deve haver na relação entre os diferentes países.
O Estado se configurou como uma das mais bem sucedidas invenções do homem, capaz de oferecer o mínimo de proteção quanto a guerra "de todos contra todos". Mesmo com seus gigantescos problemas, não há experiência histórica tão bem sucedida para a garantia das liberdades individuais.
A quebra no "contrato" entre os Estados por meio da imposição do mais forte sobre o menos forte, permite a quebra dos conceitos de igualdade e fraternidade, suprimindo as liberdades através da violência como ferramenta admitida para sedimentação das hierarquias.
A quebra no "contrato" entre os Estados por meio da imposição do mais forte sobre o menos forte, permite a quebra dos conceitos de igualdade e fraternidade, suprimindo as liberdades através da violência como ferramenta admitida para sedimentação das hierarquias.
Aceitar calado o abuso de poder do Estado mais rico e poderoso do mundo, significa aceitar também a injustiça e a barbárie.
A Presidenta Dilma acertou em manifestar seus protestos de maneira tão educada, serena e significativa.
Sem verborragias ou atitudes irresponsáveis, mas exigindo respeito à soberania brasileira dentro das regras internacionais.
O Brasil exerce papel de liderança entre as nações em desenvolvimento. Submeter-se à violência e à injustiça, significaria trair a confiança de todos os povos que lutam por um mundo mais justo e igual.
No mais, a espionagem dos Estados Unidos contra os países latino americanos, não significa apenas uma questão de vantagem competitiva no comércio exterior ou de proteção contra seus inimigos terroristas.
Historicamente fomos submetidos à conspirações, golpes de Estado, governos de intervenção, quarteladas e imposições de agendas políticas e econômicas. Isso não é um discurso nacionalista, mas uma realidade histórica.
Por meio da espionagem e da conspiração exerce-se uma interferência ultrajante nos processos decisórios locais.
Na obscuridade das reuniões secretas foram tramados os grandes roubos contra nossas riquezas.
Países como o Brasil, historicamente tiveram seu processo de desenvolvimento subordinado aos interesses dos "países do centro". Não somos menos ricos, menos desenvolvidos ou mais injustos e violentos porque sejamos povos de vira-latas oriundos de escravos, muito embora alguns insistam em se enxergar assim.
Na verdade, fomos vendidos na calada da noite por nossas elites em tenebrosas negociatas.
Por tudo isso, qualquer presidente que aceite a violência, o abuso e a injustiça como coisa normal está na verdade traindo seu povo, seu juramento e colaborando negligentemente para que a humanidade permaneça entregue às trevas da opressão e da miséria.
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