Em 18 Brumário de Luiz Bonaparte, Karl Marx ironiza as pretensões imperiais do sobrinho de Napoleão na França do Século XIX.
Ficou célebre a frase “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
Ricardo Alfonsín, filho de Raul Alfonsín (presidente da Argentina 1983-1988) vestiu-se convenientemente como o representante das classes médias urbanas contra o “totalitarismo” kirchnerista. O oportunismo de Alfonsín que tentava apanhar o rabo do cometa da grande mídia local custou caro ao candidato.
Para compor a aliança anti-kirchnerismo, Ricardo Alfonsín percebeu tardiamente que estava no colo da direita reacionária e num vácuo ideológico irreparável.
O pensamento político conservador na América Latina historicamente “importou” a agenda política internacional. A partir do século XX, a direita internacional se organizou em torno de duas plataformas. A primeira era combater o comunismo. A segunda foi a de estender o livre mercado e flexibilizar as legislações para criar um “ambiente de negócios” favoráveis para os investidores globais.
Com o fim da Guerra Fria, o comunismo deixou de ser uma ameaça para o status quo ocidental.
Todas as energias de guerra foram concentradas em exportar a democracia – entenda-se, livrar o mundo de governos que não respeitam as “regras globais” do livre mercado.
Mas não é que em 2008 uma crise global sem precedentes coloca em cheque toda a matriz do pensamento neoliberal e rapidamente as pessoas percebem a grande mentira contada de um mercado que se auto-regula?
A direita latino-americana não tem mais um inimigo pra chamar de seu. O medo do comunismo plantado nos corações e mentes das pessoas virou um mero pastiche.
E o neoliberalismo, vendido mentirosamente como promessa de superação do nosso atraso no desenvolvimento, apresenta sua face trágica.
A crise neoliberal que quase destruiu as economias da América Latina nos anos 90, agora promete deteriorar o “primeiro mundo”.
A recuperação econômica do nosso continente se deu quando o campo político liberal foi derrotado nas urnas e os Estados puderam aumentar sua participação na economia, visando a retomada do desenvolvimento econômico, combatendo o desemprego e diminuindo as desigualdades sociais.
Não foi a toa, portanto, que Alfonsín se viu encolhido na direita, saindo da eleição com um tamanho político bem menor do que antes.
O filho de Raul Alfonsín não confundiu o eleitorado com um discurso conciliador ao gosto do patrão.
Serve de aviso para o neto do grande Tancredo Neves. Se Aécio quiser mesmo ser presidente do Brasil deverá apresentar um projeto nacional. Se aliar a setores progressistas e não ser magnetizado para a direitona.
Caso insista na demagogia moralizadora inquisitória terá o mesmo fim de Alfonsín.
A história não mais se repete. Nem como farsa.
Será que o neto de Tancredo, consegue assimilar a lição ?
ResponderExcluirDepende menos da vontade dele e mais da capacidade em se adequar ao atual momento político. Particularmente, duvido muito.
ResponderExcluirJá li muita baboseira escrita por aí, mas estas me fazem rir
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