Peço a licença para falar sobre felicidade.
Ou sobre o café passado na hora.
É muito piegas (eu sei) e muitas vezes são irritantes as
teorias sobre felicidade. Principalmente quando o assunto foi saturado pela
indústria da “autoajuda”.
Mas o fato é que eu também tenho direito a destilar a minha
cota de mediocridade vez por outra. Ou vez em sempre, sei lá.
A felicidade é igual a um café passado na hora.
A gente pode sentir seu cheiro quando ela está por vir.
Tal qual o café preto passado na hora, a felicidade é muito
mais gostosa quando compartilhada. Até acontece de a gente passar um café exclusivamente
para si mesmo. No entanto, ele adquire outro sabor quando dividido com as
pessoas que bem queremos.
O café passado na hora é um gozo quase que instantâneo. A
felicidade também. Logo mais ele vai esfriar e gradativamente perdendo seu
sabor.
A gente pode conservá-lo na garrafa térmica para aumentar a
duração do seu calor. E assim devemos fazer também com a felicidade.
Protegermos ao máximo, prolongando seu sabor, sempre com a memória daquela
primeira xícara tão gostosa, deixando a garrafa térmica sempre ao
alcance, até que ela se esgote.
Muitas vezes, o café que fica na garrafa térmica nem acaba.
Somos nós que nos damos conta de que aquela felicidade ali já perdeu seu sentido
e devemos partir para a próxima.
E aí reside uma situação muito importante. Termos a certeza
que um novo café certamente virá.
No intervalo entre os cafés, às vezes sentimos sua falta. Ainda
que não se dê conta disso, mas o recesso pode até trazer desespero para alguns.
É difícil começar um dia sem café. Encarar a vida cotidiana sem
alguma felicidade.
Mas é bem verdade que tomar café o dia inteiro pode fazer
muito mal para a saúde. Você pode até prepará-lo a todo o momento, mas certamente
sofrerá algumas consequências futuras.
Aquele café instantâneo do supermercado pode até cumprir o
seu propósito vez por outra, mas certamente não será a mesma coisa.
Melhor mesmo é esperar sem desespero. Não se pode ser feliz
o tempo todo e se forçarmos a barra pode ser fatal.
Fugir do tédio a todo custo é uma grande armadilha.
Eu alertei. já no começo deste texto, que ele caminharia
rumo à “pieguisse” e que o leitor correria o risco de perder seu tempo na areia
movediça da autoajuda. Então não reclame
se chegou até aqui.
Mas saiba que logo mais um café fresco será passado,
perfumando toda a sua casa. Certamente ele não vai durar o tempo todo. Mas quem
disser que vive o tempo todo na plenitude da felicidade é um grande mentiroso.
Melhor mesmo é ter a noção de que nada pode ser para sempre.
Que a felicidade é simples e barata como um cafezinho.
Excelente o texto!! E isso que eu nem gosto de café :D
ResponderExcluirConcordo.
ResponderExcluirParabéns pelo texto.