Nos próximos dias, os principais telejornais do mundo estarão com suas câmeras focadas no Rio de Janeiro.
No entanto, a Rio+20 está longe de representar um alento ou um fio de esperança para a comunidade internacional.
Vinte anos atrás, a Eco 92 reuniu um bom número de chefes de Estado no primeiro encontro internacional sobre meio ambiente após a queda do bloco soviético.
Na ocasião, o presidente dos EUA era o George Bush (pai) e o presidente do Brasil era o Collor.
A Rio+20 se propõe a fazer uma releitura dos debates ocorridos há vinte anos. “Reacordar” o que foi acordado, mas não foi cumprido. Reinventar o fracasso.
A Eco 92 foi engendrada sob a luz de um “mundo novo”. Com o colapso do bloco soviético, o planeta teria apenas um modelo econômico e social possível.
O capitalismo havia vencido a guerra fria e não haveria mais espaço para qualquer alternativa de modelo político.
E se existia alguma teoria econômica vitoriosa, era o neoliberalismo. Reagan, Tchatcher e Bush haviam vencido a “ameaça comunista” com um choque de eficiência econômica, que incluía a derrota de seus inimigos internos, aumentando a reserva de mão-de-obra e dissolvendo os sindicatos.
Pronto! Era o fim da história.
Para a geração dos anos 90 restava se apoiar nas “teorias” de auto-ajuda. Uma maneira de lutar pelo progresso pessoal, sem eleger nenhum inimigo político como elemento causador dos infortúnios cotidianos.
Discutir política? Nem pensar.
Os movimentos ambientalistas ofereceram um cardápio de opções para que os idealistas ocupassem sua pauta de reivindicações.
A grande maioria dos ambientalistas é imbuída de boas intenções. Mas a missão que lhes foi entregue era a de lutar pela preservação do planeta sem ameaçar o status quo e desorganizar as relações políticas e econômicas estabelecidas.
O próprio conceito de sustentabilidade é uma piada.
Consumo sustentável? Como assim?
Trata-se de um engodo defender a tese de que é possível impedir a deterioração do planeta sem transformar o modelo econômico predatório que transformou a humanidade em “bateria” para carregar o lucro das grandes corporações.
Como se a preservação do meio-ambiente dependesse apenas da consciência e boa vontade dos homens, ou do mero comprometimento dos políticos e chefes de Estado. O mercado e os grandes interesses econômicos a que os Estados e seus indivíduos estão subordinados ficam de fora do debate. Como se fossem entes alheios ao processo.
Funciona assim: o mercado é bom, os homens é que são maus. Veja só, toda grande empresa hoje em dia tem suas metas de responsabilidades ambientais em seus sites, não é verdade?
A busca pela proclamada “eficiência” do neoliberalismo, obriga também os empresários a maximizarem suas oportunidades de ganhos para competir no mercado e ao fim do mês pagarem o que devem aos bancos.
Não há espaço para uma nova consciência ambiental. Isto é uma mentira.
Não há como salvar o planeta cuidando do meio-ambiente, como se o homem estivesse do lado de fora.
Não há como tratar com seriedade a questão do desmatamento sem harmonizar a relação do homem com a terra.
De que adiantam as campanhas publicitárias se os trabalhadores do campo vivem ainda como nômades porque não tem garantido o direito à propriedade de terra?
Existem centenas de artistas globais fazendo campanhas ambientais, mas nenhum deles defendendo a reforma agrária.
O aumento na produção de alimentos poderia salvar bilhões de pessoas da fome. Mas para que serve gente? Para nada. Os seres humanos não passam de estatística para essa gente.
Existem centenas de ONG’s financiadas para defender árvores, mas muito poucas que se preocupam com os bilhões de famintos.
Atores “globais” protestam contra Belo Monte. Tudo muito chique. Mas qual destes artistas apareceu na tevê cobrando investimentos em saneamento básico nas cidades brasileiras?
A poluição dos rios não acontece simplesmente porque as pessoas não têm educação.
Quem vive equilibrado num morro ou numa área de manancial não o faz por mero “estilo de vida”. A falta de acesso à moradia é uma tragédia humanitária. Mas quem se preocupa com o ser humano?
A Rio+20 é uma farsa, simplesmente porque ela já nasce de uma mentira.
Não é à toa que os filmes de Hollywood, quando retratam os tempos futuros apresentam uma realidade destroçada. O homem vive no subterrâneo, no mar, em desertos. Tudo está destruído. No fundo, todo mundo sabe que não existe futuro para a humanidade neste sistema capitalista predatório.
Vamos sim defender o planeta. Proteger os rios, as árvores e o ar. Mas comecemos cuidando dos homens. Porque não haverá de existir equilíbrio ambiental se não houver equilíbrio social.
Cuidar da natureza é cuidar do homem; cuidar do homem também é cuidar da natureza.
Excelente texto!!!!
ResponderExcluirObrigado Sabrina. Volte sempre!
ExcluirExcelente texto!!!
ResponderExcluirCONCORDO PLENAMENTE.
ResponderExcluirAbraços
ExcluirConcordo plenamente.
ResponderExcluirCONCORDO PLENAMENTE.
ResponderExcluirAté que faz algum sentido...
ResponderExcluirAbraços Igão
ExcluirAté que faz algum sentido, mas acho que a questão é um pouco mais complexa!
ResponderExcluirAdorei seu blog!
ResponderExcluirEstou começando meu blog e fazendo contatos com outros blogs.
Gostei do seu e estou te seguindo.
Querendo conhecer o meu, dá uma passadinha por lá:
www.olharesedetalhes.blogspot.com
bjs
RITA
Olha só. Que bacana. Vai fundo e acredite no seu blog. No começo é pouca gente que visita. Mas com o tempo as pessoas aprendem a sempre dar uma passadinha. E você também vai pegando o jeito. Parabéns e volte sempre por aqui!
ExcluirConcordo contigo Rafael.
ResponderExcluirRio+20 não é um evento ambiental... é na verdade um evento geopolítico!
Abraços Renato. Se cuida moleque.
ExcluirParabéns pelo belo, feérico texto. O homem não pode ficar de lado desta questão. A humanidade cresce e precisa de um olhar sério e crítico por parte de todas as pessoas do do planeta.
ResponderExcluirAtt
Robson
Obrigado. Um abraço
ExcluirNa verdade num passa mesmo de uma farça. pois não existe nada de interesse pela preservação !!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirPois é, a grande realidade é que campanha "pró-natureza" é só mais uma desculpa para aumentar os lucros das grandes corporações...
ResponderExcluirExemplos básicos são as sacolinhas dos Super Mercados que muito mais auxiliavam do que atrapalhavam o meio ambiente. Quem viu diferença nos preços depois das sacolinhas serem vetadas?
Outro pequeno exemplo são as embalagens das águas minerais que fizeram todo um comercial bonitinho para amassar a embalagem e outras firulas, diminuiram os custos com matéria prima para fazer uma embalagem com um plástico mais leve e muito menos resistente, mas quem viu o preço da agua diminuir?
Salve o capitalismo, mas sem hipocrisia, por favor...
Abraço
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