segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A São Paulo que assistiu o memorável show de Gil no Ibirapuera

Gilberto Gil fez um show histórico no Parque do Ibirapuera. 

Em tempos de pouca água ele lavou a alma dos paulistanos que puderam curtir um pôr do sol bacana no parque. 

As galeras fizeram seus piqueniques, depois sentiram uma brisa gostosa que levemente lambia o rosto da multidão. 

Um clima delicioso meio incomum nesta São Paulo carrancuda. 

Aliás, ao contrário do que se poderia supor, SP está cada dia menos carrancuda e conservadora. As transformações sociais são como a maré, vão mudando lentamente, sem que a gente perceba. Mas quando nos damos conta, o que era submerso agora se apresenta como uma nova paisagem. 

Aquela cidade neurótica, abrigo dos azares e dos traumas de tanta gente fugida da guerra ou retirante da seca talvez esteja ficando para trás. 

Permanece ainda nos velhos broncos e no preconceito inabalável dos coxinhas que perambulam por aí. Mas percebe-se a cada momento uma galera bacana, disposta a compartilhar senão o pão, mas ao menos os espaços públicos cada vez mais ocupados. 

Essa nova geração, livre dos traumas e fantasmas das rupturas políticas, regimes ditatoriais, híper-inflação, miséria generalizada e desemprego crônico não parece mais obcecar a "Cidade do Progresso", mas a São Paulo do bem-estar social. Uma nova geração de "baby bummers tupiniquins" um pouco inconseqüentes, porém livres do medo crônico do caos iminente. 

Quanta coisa para se ver num show, não é? Mas as coisas estão aí. Os bons observadores irão perceber.

O Gil estava fantástico, desfilando sua vitalidade surpreendente. Controla e conhece o público como ninguém. Fez um espetáculo memorável.



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