Na mesma semana em que as pessoas ficaram perplexas com o dedodurismo do Whatsapp, que passou a alertar quando uma mensagem foi efetivamente lida pelo receptor, outro assunto ficou na boca do povo. A suposta traição por parte de um famoso à sua esposa também famosa, flagrada pelas lentes potentes de fotógrafos ocultos.
Parece existir um descompasso entre a modernidade tecnológica e seu impacto na vida cotidiana, com a preservação da fidelidade como um "último" valor aparentemente incondicional dos indivíduos.
Curioso como parecemos estar preparados para as mais diferentes novidades e inovações em matéria de consumo e até mesmo a aceitar novas experiências no nosso modo de vida.
Porém, persiste inegavelmente, a busca exigente e incansável pela fidelidade do outro.
Ao que parece, as novidades do consumo são muito mais bem-vindas, porque estamos preparados mesmo é para possuir. Para ter. Para ser dono.
O amor e suas diferentes formas tem mudado ao longo dos anos. Amamos de maneiras diversas. Até para isso estamos preparados. Mas nem a liberdade sexual, esta deliciosa novidade das últimas décadas, foi capaz de curar os homens e as mulheres do desejo de serem donos uns dos outros.
Nos mantemos enfermos de ciúmes, cultuando uma violência que para muitas pessoas seria absolutamente justificável e desejável quando o assunto é traição.
Esperava-se da moça traída pelo companheiro um tapa na cara, uma agressão, xingamentos ou uma humilhação vexatória e pública.
No fundo, as pessoas desejavam isso. Aplaudiriam com fervor qualquer demonstração de "dignidade" e toda violência estaria permitida e autorizada.
Algumas pessoas aguardam com excitação o momento de se descobrirem traídas.
Os dois novos tracinhos coloridos do Whatsapp só vêm atender a demanda de seus clientes ansiosos, muito mais por pegar seu parceiro numa indescupável mentira, do que a desinteressante constatação da fidelidade alheia.
Para alguns, ser traído funciona como uma comprovação emocional de que se é melhor e mais justo do que a sua cara-metade. É como se o outro detivesse tudo aquilo de terrivelmente ruim que não podemos enxergar em nós mesmos.
Quem orienta toda a sua vida, seu cotidiano e sua rotina no temor permanente de ser corneado, no fundo está conferindo ao outro a responsabilidade pela própria realização.
Fica muito mais fácil e mais leve viver quando não é preciso carregar o próprio peso. Porque se algo der errado e se você for traído, sabe-se que você foi desgraçadamente vitimado por um mal que fugiu ao seu controle e ao seu merecimento.
A mesma tecnologia que criou delícias e facilidades às pessoas, permite aos senhores da guerra monitorarem suas ideias e seus passos, permite também que seu companheiro ou companheira saiba exatamente onde você está. É um serviço extra. Um produto oferecido como cortesia aos reles mortais por entregarem suas vidas ao controle dos poderosos.
E isso não tem volta.
Quem é que pode dizer o que é ou não é traição? Isso cabe a cada um. Aliás, é possível ser linchado socialmente e tornar-se um indivíduo estigmatizado e indesejável por ousar colocar em voga a sagrada fidelidade daqueles que sabem como ninguém que o inferno são os outros.
Porém, recomendo aos novos casais, daqui por diante, serem mais cúmplices e menos vigilantes.
O Adnet errou. Não o culpo, quem não erra? Não pela traição, mas por não ter tido cuidado. Errou pela exposição, por ser um homem público e sua mulher também. E um hotelzinho ele pode pagar né? Vai beijar a mulher na rua mais badalada do Leblon? eu moro aqui perto, fica cheio de paparazzi. E pela declaração dele de "arrependimento" patética, a relação dele com a mulher não era moderninha. Acredito que tudo vai do entendimento de cada casal. Que tipo de relação temos? A partir daí poderemos reger nosso comportamento para que não magoe quem está ao nosso lado. E mesmo que fosse uma relação "aberta" quem aceita facilmente o seu/sua companheira nos braços de outro aos seus olhos?. Acredito que tudo é questão de cuidado e bom senso. Tenho uma relação saudável e tranquila, não nos combramos, não nos vigiamos. Saio com algumas pessoas fora do meu relacionamento (esse ponto é de comum acordo entre nós, ela também sai), mas é algo feito com muito cuidado por ambos, porque por mais que seja "aberta" essa relação sempre sobra um incomôdo de ver a pessoa na companhia de alguém, entende? Por isso que digo, a cumplicidade vem desses cuidados. E na verdade acho essa coisa de terceiros no relacionamento superestimado, tanto que cada vez menos fico com outras mulheres, cada vez mais escolho a "oficial". E espero que cada vez mais ela escolha a mim hehehehe...
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