Em 2010, a Telefonica de Espanha usou de todos os meios possíveis – dentro dos limites éticos (obviamente flexíveis) do capitalismo selvagem e predatório – para adquirir o controle da Vivo.
A Telefonica já era sócia da empresa de telefonia móvel no Brasil. A outra metade pertencia a Portugal Telecom.
Embora a Telefonica tenha persuadido os acionistas da Portugal Telecom para adquirir o controle da Vivo, o governo português dispunha da chamada Golden Share, ou ação de ouro. Isso permitia ao governo de Portugal utilizar seu poder de veto sobre determinadas transações.
A briga foi dura. A União Européia pressionou o governo português por agir contrário à “liberdade de mercado”.
Por fim, a Telefonica conseguiu arrematar a Vivo por 7,5 bilhões de Euros.
A quantia é generosa se comparada com o valor pago em 1998 na privatização da antiga TELESP.
Para garantir o monopólio da telefonia fixa em São Paulo, a Telefonica pagou apenas 5,7 bilhões de Reais.
A Telefonica de Espanha, que se recusou a adotar o acento circunflexo para adequar-se às regras gramaticais da língua portuguesa, em pouco tempo se tornou recordista de queixas, reclamações e processos nos órgãos de proteção ao consumidor em São Paulo.
Para os paulistas, virou coisa comum reclamar de tarifas, taxas e serviços cobrados com abuso, ou mesmo indevidamente, em alguns casos.
Os investimentos necessários para garantir uma infra-estrutura compatível com a importância de São Paulo se mostraram abaixo do necessário.
Ao invés disso, uma gambiarra desgraçada se espalhou pela cidade com o pretexto de aumentar o número de atendimentos.
Os usuários de Internet se habituaram com panes e apagões que levaram a empresa espanhola a ser obrigada pela justiça a suspender a venda do Speedy durante um período.
A Telefonica precisava a todo custo comprar a Vivo. Com o recuo da demanda por telefonia fixa, já que os usuários passaram a optar por pacotes de telefonia móvel, a empresa precisava se reposicionar no mercado paulista, com a venda de pacotes integrados de telefone fixo, celular, Internet e televisão.
Mas não foi difícil para a empresa escolher entre uma das marcas para ser suprimida do mercado.
Agora, somente a marca Vivo será comercializada.
Não é para menos.
Quando o paulista ouve o nome Telefonica, imediatamente recebe um pacote de coisas ruins dentro da mente.
Primeiro sente saudades da TELESP. Depois sente uma bronca danada pelo escândalo que foi a transferência do monopólio da telefonia para as mãos do grupo espanhol e os intermináveis transtornos com todo tipo de azares que recaíram sobre a vida dos paulistas.
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