- Fevereiro de 2017
Foi uma vitoria
espartana do Corinthians.
Como a dos trezentos soldados de Esparta, enfrentando o Império persa, entregando-se corajosamente ao encontro de seu glorioso destino. Em menor número. Com menos recursos. E se o destino inevitável fosse que tombássemos em Itaquera, seria com muita honra, pois morrer como grandes homens seria o maior dos prêmios da guerra.
Foi também uma vitória de Samurai. Com espadas em riste. Com a decência dos grandes guerreiros.
Se o Corinthians tivesse dasafortunadamente perdido por quatro gols em suas redes, ainda sim seria uma derrota com grande decência, pois, me permitam dizer, o Corinthians, jogou para caralho!
Há tempos não se via o Corinthians assim.
Por escolha do técnico ou pela sucessão de acontecimentos, o Corinthians se livrou de uma vez só de um monte de jogadores tico tico. Moleques peladeiros. Fracos. Sem alma. Arrivistas.
Dizem que toda crise carrega consigo grandes oportunidades. E assim foi. Talvez porque não tivéssemos mais jogadores de grife, preenchemos, na marra, o gramado de Itaquera com moleques do terrão. Com outros tantos que pareciam ter a sola do pé vermelha por terem corrido entre os nossos desde sempre.
Jogamos contra o Palmeiras com jogadores modestos, como tantas vezes em nossa história. Os coringões e coringonas mais antigos sabem muito bem.
Vimos o Cássio novamente em sinergia com os astros. O Valter é sim um grande goleiro. Talvez tecnicamente até melhor. Mas, o Cassião nasceu com o cu virado pra lua. Tem sorte e tem estrela, foi escolhido por Deus, o que se há de fazer?
Vimos uma dupla de zaga firme. Tão íntegra, competente e inesgotável que irritou o time palmeirense que numa verdadeira porcada, quase no fim do jogo, conferiu uma cotovelada desleal no Pablo.
Gabriel, que tem o pai corinthiano, o que significa rigorosamente ser também corinthiano, não precisou que explicassem o que significa ser o "5" do Corinthians. O volante é o FIEL torcedor Corinthiano em campo. Muitos ídolos temos que jogaram naquela parte do campo. Nem precisa ser tão bom de bola, necessário mesmo é ter entrega. Jogou muito bem até ser expulso no roubo mais esdrúxulo já visto no futebol.
Romero novamente um leão.
De resto, todos ali vieram do terrão. Foi lindo de ver. Molecada que já conhece o Corinthians. Tem a nossa cara. Se parecem com quem está na arquibancada. Que fantástico ver o Leo Jabá lutando e vencendo os jogadores de grife do outro Parque. O Maycon. Como podia ter ficado de fora tanto tempo? Uma coisa que eu não entendo, se é pra gastar milhões para trazer um jogador meia boca, por que não apostar na nossa base? Se vier alguém pra resolver, tudo bem. Mas pra compor elenco, melhor apostar nas pratas da casa.
Disse que todos os outros eram do terrão. Isso mesmo, o Kazin também veio do terrão. Uma unidade avançada que temos do terrão em Londres em parceria com o Corinthian-Casuals.
Na ausência do Casão, temos o Kazin. Que legal ver esse cara. Nasceu para o Corinthians.
Aí o Guerra que custou os tubos para os porcos ia dominar a bola. O Maycon veio como um raio. Correu como nunca. Tão veloz que o palmeirense não se deu conta. Num golpe ágil, ele roubou a bola do Guerra. O Jô, que dizem ser corinthiano fanático, mas nunca havia conseguido fazer uma grande atuação com a camisa do coração. Estava chegando o momento de sua rendição. O moleque humilde saiu correndo de trás do meio campo. Com suas pernas compridas correu para sua consagração. Maycon viu seu companheiro que também veio da base. Olhou pra ele. Por duas vezes tentou tocar. Na primeira não deu. No segundo toque a bola passa entre as pernas do Zé Roberto. Enfim a bola chega ao Jô. Seria agora o seu grande momento? Não perde essa, Jô. Passou um filme na cabeça de todo corinthiano. Fomos roubados desde o início do jogo. Jogando com um a menos. Com um time inferior tecnicamente. Contra milhões e milhões de dólares. Contra o juiz. Contra a mídia que deseja ver o Corinthians de joelhos, contra o mal agouro dos anticorinthianos que querem nossa caveira. Contra tudo e contra todos.
A bola chegou aos pés do Jô. Suas pernas pesavam 100 anos de derby. Ele parou a bola. Encontrou um espaço entre as pernas do Fernando Prass. Chutou a bola. Ela passou. Vai pro gol. Bateu na rede. É gol! Puta que pariu foi gol!
O grito de todo corinthiano veio foi do estômago, não foi da garganta. Gooooool!
Gritos, pulos, abraços e choro.
O Corinthians ainda é o Corinthians minha gente!
É o nosso Coringão que a gente aprendeu a amar.
Ele ainda existe. Joga o jogo como a gente joga a vida da gente. Com raça, com amor, superando os obstáculos e também as grandes injustiças.
A gente ainda se vê no Corinthians. E a gente ainda pode levar a vida da gente com o Corinthians dentro de nós.
Não dá pra ser de outro jeito.
Não nascemos para ser esnobes. Não nascemos para grife. Não nascemos para ter jogador gourmet.
Não podemos nunca nos dar ao luxo de sermos arrogantes.
Aqui tem que ser na humildade. Senão Deus castiga.
Que esse seja um novo momento de comunhão e fraternidade entre os corinthianos.
Que encontremos nossa paz interior.
O corinthianismo resiste!
Com as graças do santo guerreiro, levantemos todos a espada de São Jorge e, com muita humildade, sejamos mais Corinthians do que nunca.
Esse é o CORINTHIANS que aprendemos a amar. Agora de mãos dadas, em congraçamento gritemos: VAI CORINTHIANS!
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