terça-feira, 21 de agosto de 2012

Efeito Russomano é sintoma instantâneo da queda livre de Serra




A candidatura de José Serra está em queda livre.

É o que se observa nas últimas pesquisas do Ibope e do Data Folha.

Enquanto no Ibope José Serra aparece empatado com Celso Russomano, na pesquisa do Data Folha, Russomano já aparece em primeiro lugar.

Muitos estão se esforçando para entender o “fenômeno” Russomano nas eleições municipais. É evidente que o candidato tem chances de ir ao segundo turno e vencer as eleições, porém é preciso dar a dimensão exata ao feito parcial de Russomano.

Seu crescimento nas pesquisas é o efeito mais imediato do incômodo da população de São Paulo com a candidatura de Serra.

A imensa maioria do eleitor potencial de Serra é composta por conservadores notadamente “não petistas”.

Ao eleitorado de José Serra abandonar sua candidatura, é natural que o faça com dois critérios iniciais. Primeiro buscando o candidato mais conhecido até o momento. Depois, procurando um candidato “não petista”.

Portanto, o crescimento parcial de Russomano, nada mais é do que um novo arranjo (ainda precário) do eleitorado conservador paulistano.

Celso Russomano está há mais de uma década na televisão e tem sua imagem ligada ao direito dos consumidores. Coloca-se numa posição de “vingador” dos interesses populares. Esta condição confere ao candidato imediata simpatia da população que não dispõe de representação política, sindical, partidária e associativa.

Não à toa, nos debates Russomano defende os trabalhadores informais e até mesmo os ambulantes. A livre iniciativa paulistana carrega desde sempre um ressentimento com as organizações políticas porque carrega consigo uma orfandade representativa irreparável. Para o paulistano médio, o trabalhador sindicalizado, por mais pobre que seja, aparenta ser um privilegiado, já que dispõe de garantias impensáveis para quem vive vendendo o almoço para pagar o jantar.

Quanto a José Serra, é claro que ele não está morto. Porém, seu potencial de crescimento é muito menor do que os outros candidatos. Segundo pesquisas, mesmo antes do início do horário eleitoral, Serra já é conhecido por 99% do eleitorado. Para reverter a migração de seus votos, Serra terá de fazer um esforço muito grande.

Existe um estresse da figura política de Serra. Sua insistência em se colocar como candidato, sufocando desde sempre outras candidaturas emergentes em seu campo político, parece desestimular adesões à sua candidatura, mesmo para o eleitorado que dispõe de simpatia pelo candidato.

O mesmo aconteceu com Paulo Maluf. Nas últimas eleições, os resultados eleitorais de Maluf (para eleições majoritárias) foram muito menores do que o espaço representativo do malufismo em São Paulo. Simplificando, para a população existe o momento do “chega”.

Talvez, Serra sequer esteja no segundo turno.

Explica-se. Se o eleitorado de Serra (não petista) tem outras candidaturas para migrar, o eleitor tradicional do PT tende a encontrar seu abrigo na candidatura de Fernando Haddad. Desde que existem eleições em dois turnos na cidade de São Paulo, o PT sempre esteve na disputa.

Desta vez não será diferente. A candidatura Haddad deve crescer nas próximas semanas e ocupar seu espaço na disputa.

Quanto a Serra, existem candidaturas alternativas que tendem a angariar seu eleitorado e irá disputar com ele a indicação para o segundo turno.

A boa novidade destas eleições é que existem muitos candidatos e não há espaço para a polarização. Nas principais eleições vencidas pelos tucanos, eles conseguiram se colocar como única alternativa viável para derrotar o petismo, e conseguiu unificar os votos conservadores.

A tendência é que cheguemos à última semana com pelo menos quatro candidatos com chances de ir ao segundo turno.

Gabriel Chalita tem grande potencial de crescimento.

Se hoje o eleitorado de Serra está migrando com velocidade à candidatura de Russomano, ele poderá muito em breve encontrar abrigo na candidatura do peemidebista.

Chalita terá um bom tempo de tevê e já conta com simpatia de boa parte dos tucanos, além de bom trânsito entre os petistas, rivalizando, inclusive, o apoio de Dilma com Fernando Haddad.

Para se tornar viável, Chalita deverá crescer a partir de agora, tornando-se alternativa possível às principais candidaturas.

Se existe uma candidatura com o potencial de significar uma “terceira via” na cidade é a de Chalita.

O eleitor deve definir seu voto nos últimos dias do pleito.

Haddad deve estar no segundo turno, ocupando o lugar cativo do petismo na cidade de São Paulo.  Mas não há definição alguma.





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