segunda-feira, 31 de março de 2014

Feliz dia dos Babacas!


FELIZ DIA DOS BABACAS

31 de Março é o dia dos babacas.

Não que a babaquice tenha surgido há exatos 50 anos.

Mas nesta data devemos celebrar a afirmação de um novo tipo de babaca.

Não o ignorante da idade média que vivia refém do obscurantismo religioso, errante e isolado em seu feudo, em plena era da inquisição.

Vamos homenagear o cara que é babaca mesmo, por pura convicção na própria idiotice. Porque justamente no momento histórico em que várias janelas se abriam como a emancipação da mulher, a revolução estudantil, o rock and row, o socialismo, os anos dourados do pós guerras, a pílula anticoncepcional, a paz e o amor, os festivais da canção, a música popular brasileira. Mesmo nesse momento tão especial da humanidade, os babacas resolveram acabar com a festa e desligar o som.

E acreditem, os babacas venceram. A babaquice é uma "ideologia" triunfante. Até hoje eles desfilam pelas calçadas e agora pelas redes sociais. Andam com o peito estufado e cheios de si.

Os babacas venceram, mas estou certo que muitos de nós detestaríamos estar no lugar dos "vitoriosos".

Parabéns aos babacas que postam seus comentários nos fóruns da internet defendendo a ditadura militar e clamam por um novo golpe.

Congratulações aos revisionistas históricos que dizem que o golpe teve de ser executado, pois a esquerda também estaria armada para um "golpe comunista".

Parabéns aos babacas que responderam a pesquisa tão cretinamente, dizendo que a mulher de pouca roupa não pode reclamar caso seja estuprada.

Congratulações aos babacas que acreditam que o mundo está em crise porque os Estados se endividaram custeando os programas sociais e não cobrindo o rombo da farra especulativa dos banqueiros.

Parabéns os babacas que se dizem "contra os direitos humanos", papagaiando algum âncora de show de horror que espuma de ódio dizendo que direitos humanos só servem para defender bandido e não os humanos direitos.

Parabéns aos taxistas. Com raras e admiráveis exceções, a profissão em que a babaquice verborrágica parece ser condição "sine qua non" para exercício da função.

Felicidades aos babacas "profetas" da intolerância religiosa. Aqueles que querem destruir justamente o que temos de verdadeiramente mais valioso na nossa cultura, que é a harmonia entre as diferentes religiões.
  
Hip hip urra! Aos homofóbicos recalcados nas igrejas e no parlamento, dissimulando a voz grossa para aparecerem na mídia e ganharem os votos da tradicional família dinossauro brasileira.

Skinheads, parabéns pelo aniversário de batismo. Escondam suas caras miscigenadas com um capuz para esconder a vergonha em atacar um irmão nordestino em pleno ato de covardia nas ruas de São Paulo. Parabéns também aos babacas que saem pelas ruas da cidade dizendo que São Paulo não vai para frente porque os baianos estragaram tudo.

Como poderia esquecer de homenagear os babacas que odeiam o Bolsa Família, "porque não basta dar o peixe". Indignados com a "vagabundagem" de seus beneficiários, mas absolutamente tolerantes com os subsídios aos usineiros e multinacionais, os "incentivos fiscais" e o oceano de dólares que o Estado despeja todos os anos para matar a sede dos banqueiros.

Parabéns aos babacas que acreditam que o mercado se "autoregula" sem a necessidade de intervenção do Estado na economia.

Felicitações aos babacas acostumados a dizer que "a tortura só pegou quem merecia". "Quem era trabalhador nunca precisou ser torturado".

Parabéns ao babaca yuppie, ao babaca hippie, ao babaca cult, ao babaca ralé, ao babaca universitário, à babaca dona de casa, ao babaca religioso, ao babaca médico e ao babaca que não é de direita, nem de esquerda, muito pelo contrário tu és apartidário.

Babacas, babacas, babacas!

Vocês que dão risada se um professor de escola pública toma borrachada da policia quando pede um mísero aumento.

Que sorri no canto da boca quando ocorre alguma chacina na periferia. De certo eram todos envolvidos com o tráfico.

Você que é contra o aborto por defender a vida, mas no minuto seguinte defende a pena de morte porque é olho por olho e dente por dente.

Babaca que dá carteirada dizendo que é otoridade. Parabéns, meu amigo. Esse também é seu dia.

Aquele babaca acostumado a dizer: "sabe com quem você está falando?".  Parabéns!

Babaca que fica excitado quando vê a policia despejando os pobres e o trator passando por cima da favela. Que diz por aí que o Estado não tem obrigação de dar casa pra ninguém, porque a sua você comprou sozinho. Mas depois manda uma carta e um quilo de alimento para o Luciano Babaca Huck.

E o babaca que morre de vergonha das nossas favelas e dos nossos moradores de rua? Afinal de contas daqui uns dias os gringos estarão aqui por ocasião da Copa. Mas é contra os programas de combate a miséria, porque pobreza é sinônimo de preguiça. 

Atenção babaca de indignação seletiva. Que manda email para sua rede de amigos com as "fotos" da "mansão do Lula" comprada com dinheiro do mensalão, mas que cala a voz e fecha os olhos com os escândalos de hoje e sempre no Brasil. Tudo bem, desde que você continue servindo aos antigos senhores e não a nenhuma corja sindical. Parabéns!

Escrevi demais, eu sei. Mas mesmo assim, ainda escrevi pouco. A fauna de babacas é muito variada. Provavelmente esqueci muitas espécies.

Mas sintam-se homenageados.

Nenhum outro dia da história do Brasil fertilizou tantos babacas.

É pique, é pique, é pique. É hora, é hora, é hora. 

Rá, tim, bum!

sexta-feira, 28 de março de 2014

Reaça Pop e a Opinião de Grife.



Tenho visto alguns amigos dizendo que ser reacionário esta na moda. E que não há limites para o absurdo.

Creio que eles tenham bons motivos para pensarem assim. 

Na verdade a opinião, entre outras coisas, também tornou-se uma espécie de grife. Há tempos os jornais deixaram de vender notícia. Em suas peças publicitárias, quase sempre eles vendem como produto uma espécie de "modo de pensar", "modo de agir", ou "modo de se posicionar diante das coisas". Nada muito diferente de uma camisa polo.

O Estadão é um caso clássico na venda deste tipo de "opinião de grife". Antigamente tinha aquela peça que dizia assim: "Acho melhor você começar a ler o Estadão". O comercial convidava o consumidor a se preocupar com a opinião (ou falta de) para que evitasse constrangimento em seus eventos sociais, para que não emitisse algum posicionamento inadequado para certo tipo de ambiente.

Hoje o Estadão tem uma peça ainda mais sintomática. Eles colocam um fantoche com cara de "inteligente médio de classe média e com recursos orais médios", dizendo que se ele tivesse um cérebro estaria lendo o Estadão. Ele diz entre outras coisas que se você estiver sentado num avião - conquista recente de boa parcela da classe média - e estiver ao lado de quem não "tem opinião" a viagem demora muito mais. No entanto, caso você esteja sentado ao lado de quem lê o Estadão, com as "opiniões certas", a viagem passaria muito mais rápida.

Duas pequenas observações a respeito deste comercial.

Primeiramente, não sei a quem convém ser um fantoche do Estadão. A não ser aquele indivíduo extremamente vulnerável e inseguro, buscando aceitação a qualquer custo, usando a camisa de grife certa para as ocasiões equivalentes. Admiro a sinceridade do Estadão em demonstrar finalmente que eles esperam que seus leitores se comportem como fantoches.

Segunda observação. Eu não sei quanto a vocês, mas ficar no avião, durante horas, sentado ao lado de um leitor fantoche do Estadão destilando sua visão de mundo cheia de certezas, me pareceria a coisa mais terrível do mundo. Talvez em dado momento eu prefira que o avião mude de rota e vá para outra dimensão, igual àquele vôo da Malásia.

A Veja era "indispensável", hoje não tem grana nem cara de pau pra fazer comercial. A Folha quase sempre coloca um yuppie despenteado e com a gravata frouxa se mostrando muito articulado e quase nova-iorquino. Talvez, se você lesse a Folha ficaria um reacinha cult. Um pequeno burguês desajeitado e filho da puta.

A verdade é que os jornais andam em baixa. Na internet temos as celebridades que se alimentam do absurdo.

Para mim o blog nada mais é do que um hobby, mas é fácil perceber que para superar a  invisibilidade é preciso buscar o escândalo. Eu to bem aqui no meu canto. 

Mas os reacionários da selva cibernética fazem de tudo para serem lidos e garantirem a simpatia dos chefes. Se alimentam do ódio. Não há limites para a verborragia.

Na moda mesmo estão os apresentadores de talk show. Surgiram como comediantes que se diziam defensores de uma espécie de "humor anárquico". Porém, inevitavelmente uma anarquia a serviço do patrão. O bobo da corte não serve ao riso, mas serve ao rei. E assim eles fazem.

Disseminam a lógica da opressão aos mais fracos, fazendo com que seus telespectadores sintam-se regozijados por não mais pertenceram a classe tão infame. Aliás, como exercício de pertencimento  a nova classe e ao novo status, necessário se faz pisar no pescoço de quem está embaixo.

Ou seja, não é o direitismo nem o reacionarismo que estão na moda. É a nossa sociedade que permanece vertical, violenta e intolerante.

O sujeito passa boa parte da vida andando de ônibus. Quando compra seu primeiro carro se sente no direito - e até na obrigação - de passar por cima da poça de água e molhar os pedestres que caminham na calçada.

O cidadão cansou de ser humilhado na empresa, no banco, na fila do SUS. Agora que ele viaja de avião, se reveste de uma cidadania que ele nunca teve. Despeja todo seu ressentimento e muitas vezes humilha as comissárias e comissários de bordo. Isso acontece muito e é insuportável.

No Brasil as pessoas se penduram no camarote que for. Dão um jeito para não serem confundidas com os pobres. Pois não há chaga maior do que ser pobre. A gente pode ser ladrão, fraudador, estelionatário, ou apresentador de tak show. Só não pode ser confundido com pobre.

Não são os reaças que estão na moda. A moda é que serve para distinguir os indivíduos. 

E quando um coitado qualquer destila absurdos carregados de preconceito, racismo e violência, sente-se automaticamente mais longe dos pobres e mais próximo do discurso da classe dominante.

quarta-feira, 26 de março de 2014

A Benzetacil e a "Melhor Idade"




A Benzetacil e a Melhor Idade


O carnaval tinha deixado marcas. Toda reserva de energia, disposição e resistência física havia se perdido pouco a pouco em trios elétricos e porres intermináveis.

Um machucado que surgiu na minha perna começou a inflamar. Sinceramente, não me recordo em qual circunstância ele apareceu, mas o fato é que meu corpo decidiu que já era o bastante. O esforço do meu metabolismo em suportar uma dor de garganta que decidiu me aporrinhar na véspera do carnaval foi muito grande. Agüentei firme durante toda a folia, misturando medicamentos com bebidas e pouquíssimas horas de sono.

Sem reservas de energia, meu corpo estava sujeito a toda sorte de infecções. Ao mostrar o meu machucado para a médica levei uma bronca e um castigo: - vai direto pra benzetacil, sentenciou a médica que, embora brava, permanecia bonita.

Outro castigo foi uma lista de remédios caros. Antibióticos que prometem desinfetar e fazer uma faxina no sangue da gente.

Odeio tomar injeção. Sou um medroso assumido. A verdade é que a injeção dói muito mais do que a agulhada em si. Ela remexe com lembranças traumáticas de infância. Levar uma injeção depois de adulto nos joga em um repentino desamparo, pois não podemos mais chorar nem pedir o afago e proteção da mãe. Devemos ser fortes e aparentar uma corajosa indiferença frente à dor e o trauma.

Poucas coisas podem ser tão hostis como a injeção. A gente encosta numa pia ou balcão qualquer. Deve colocar a bunda de fora. O enfermeiro ou a farmacêutica quebram o teu galho fechando a cortina ou encostando a porta. A gente fica ali vulnerável. Sem saber se sofremos mais com a doença, com o constrangimento ou com a filha da puta da agulha que em alguns instantes promete te furar.

A enfermeira está muito segura. Tranquila e imperturbável. Você é só mais uma bunda rotineira que fica involuntariamente contraindo a musculatura do glúteo. O que faz com que ela fique ainda mais irritada e impaciente.

Eles preparam a seringa com um quê de sadismo. Jogam um pouco do líquido para fora da seringa e quando decidem que é suficiente te furam sem dó nem piedade. Filha da puta!

Alguns, antes da espetada derradeira, passam um algodão úmido com alguma substância que promete aliviar os efeitos da espetada. Mas na verdade é só mais um recurso sádico. Um acréscimo de carinho e afago que só aumenta a sua ansiedade antes do momento fatal. E você fica todo tenso. Cretinamente o algoz ainda te diz assim: RELAAAAXA...

Não bastando ter sido condenado à benzetacil, tive que esperar a minha vez em uma espécie de corredor da morte. Ofereceram uma sala mais confortável em que se lia na entrada: Melhor Idade.

Na sala havia uma porção de idosos compartilhando momentos de interação, sem disfarçar certo interesse naquele momento em que desfrutavam de um pouco de atenção e cuidado.

Num dos cantos da sala um velho bem arruinado recebia soro no braço. Ao ser espetado pela agulha fez uma careta de dor, porém não ousou emitir nenhum sussurro. Aceitou obedientemente a medicação e ficou ali, imperturbável e silencioso.

As outras mulheres de melhor idade aguardavam a medicação. Demonstravam irritação com a demora. Aproveitavam aquele momento para reclamar de tudo e de todos.

Reclamavam do hospital, dos enfermeiros, dos médicos que não davam atenção às suas queixas e nem as olhavam na cara, do caminhão de lixo que fazia um barulho infernal numa rua onde deveria prevalecer o silêncio. Reclamavam dos filhos que demoravam muito tempo para visitá-las, dos netos que não tem educação, das noras ciumentas e aproveitadoras, que não dão a mesma educação aos netos. Elas se queixavam do preço da carne e do leite, da Unimed, da aposentadoria que não alcança, do ponto de ônibus que mudou de lugar, da labirintite, da coluna, da lombar, da morte, dos remédios cada dia mais caros. Não gostavam da Dilma guerrilheira, do Haddad que não faz nada, do Padre que reza a missa com muita pressa. E dos joelhos. Todas elas reclamavam dos joelhos.

Pensei por um instante em quem foi o estúpido que criou este conceito de melhor idade referindo-se justamente ao período mais difícil da existência humana. Creio que foi alguém muito polido e politicamente correto. Alguém que tinha interesse na lealdade e cumplicidade dos idosos. Com certeza, alguém que mantém dentro de si uma porção bem farta de cinismo e de ironia.

Durante minha espera procurei me concentrar em alguma leitura. As reclamações subsequentes impediam minha concentração. Também, cada vez que eu desviava por alguns instantes os olhos do livro, minhas colegas de sala sorriam e me olhavam com algum clamor, convidando-me a participar do debate. Esperavam minha opinião sobre tudo o que era dito. Talvez eu também devesse me queixar das coisas da vida.

O velho permanecia em silêncio. Talvez soubesse que era melhor assim. Fazia cara de insano e fraco de mais para conversas. Encostava a cabeça de lado e permanecia recebendo o soro.

Uma a uma, as outras senhoras de melhor idade também eram medicadas.

Eu abri o tablet e comecei a jogar basquete. Fazia movimentos repetidos e compulsivos para bater meu recorde em número de cestas. Mas as senhoras continuavam desejando a minha participação. Agora todas falavam o porquê de estarem ali e qual o menu de doenças e moléstias que elas acumulavam. Agora eram mais incisivas. Queriam saber por que eu estava naquela sala e o que me levara até ali. Qual seria a minha doença? Estaria esperando minha mãe ou minha avó?

Percebi que eu estava agindo com arrogância ao permanecer fazendo as minhas cestas no joguinho de basquete. Todas estavam ali abrindo seus corações. Contando de suas vidas. Falando de dramas familiares. Por que somente eu permaneceria alheio àquela situação.

Fechei o tablet e comecei a responder às perguntas.

Rapidamente estava falando da minha vida. De que estava lá para curar um machucado que me acompanhava desde o carnaval. Que estava na Bahia. Que não era tão perigoso assim. E que elas tinham razão, essa geração está mesmo perdida.

Elas disseram que realmente a benzetacil doia muito. Que eu deveria pedir para que ela viesse acompanhada de lidocaína pra aliviar o sofrimento.

Perguntaram se eu era casado, solteiro ou viuvo. Se eu morava com meus pais.

Perguntaram sobre minha profissão, o que me obrigou a passar alguns minutos explicando o que realmente um sociólogo fazia da vida.

Uma das senhoras disse que gostaria de me apresentar sua filha, que era engenheira química e tal como eu ainda estaria "sozinha" esperando alguém que valesse à pena.

Meu nome foi chamado. Um enfermeiro muito magro, calvo e pálido me aplicaria a injeção. Pedi licença às senhoras para me retirar. Elas pediram que eu voltasse e contasse como foi. Que porra é essa, eu pensei... O velhinho esticou os olhos e me saudou movendo minimamente o queixo. Depois retornou à sua aparente condição de insano.

Entrei numa cabine. Havia somente uma mesa de madeira. O enfermeiro ordenou que eu baixasse a calça. Eu obedeci. Enquanto estava lá com meia bunda de fora ele me perguntou com uma voz meio metalizada:

- você já tomou benzetacil?

Disse que sim, mas quando criança. Aproveitei a deixa e pedi para que ele incluísse a tal lidocaína. Ele ficou aparentemente irritado. Não parecia ser um bom dia para ele. Na verdade, levando em conta sua aparência, nenhum dos dias de sua vida devem ter sido bons. Quanto à lidocaína ele disse que a médica deveria ter receitado. Que eles têm ordens para não incluir sem a receita médica.

Pedi para ele quebrar o galho, mas foi pior. O cara ficou mais impaciente e emendou:

- você vai querer na direita ou na esquerda?

Não entendi a pergunta. Mas logo concluí que eu deveria responder se eu preferia a injeção na "bunda direita" ou na "bunda esquerda".

- Na esquerda, meu amigo. Vai lá...

Procurei concentrar o peso do meu corpo no lado direito para aliviar as coisas no outro glúteo. Não tive direito nem ao algodãozinho molhado. Foi a seco mesmo. Plau! Veio a espetada. Em seguida veio o líquido da injeção. Doía muito. Cacete!

Fechei os olhos e procurei lembrar o carnaval. Da zoeira. Que de alguma forma aquilo valia à pena.

- Pronto... Respondeu o enfermeiro ainda com a voz metalizada. Parecia querer dizer: chega de frescura ou tanto drama pra isso. Sei lá, talvez ele só tivesse dito pronto mesmo.

Agora eu podia ir embora, mas lembrei de que deveria contar a experiência para as minhas colegas de melhor idade. Pensei que fosse melhor ir embora, mas topei passar para dar um alô para as meninas.

Apareci brevemente na porta me despedindo. Doeu muito?, perguntou uma das senhoras. Respondi que fora tudo tranquilo. Mandei um beijo e fui embora.

Enquanto esperava meu carro com o manobrista a maldita benzetacil doía demais. Quase chorei.







sábado, 22 de março de 2014

Aviso aos Comunistas

Aviso aos comunistas.

Camaradas, nós do PCCPC - Partido Comunista, Comunista pra Caralho, diante da reação da Massa Cheirosa que agora se organiza em praça pública, temos um comunicado a fazer às nossas fileiras organizadas e atentas.

Não se preocupem. Nossos camaradas da KGB estarão na Praça da Sé fotografando e registrando para nossos arquivos todos aqueles que estiverem no protesto pela Família (que iremos abolir) e a Propriedade (que iremos tomar).

Para assegurar que não perderemos ninguém e teremos o máximo de informação registrada, nossos oficiais do serviço secreto levarão uma máquina Lomo soviética munida de um filme com 36 poses. Caso a manifestação supere as expectativas nosso oficial leva outro filme de 36, porém este filme extra os nossos agentes pagam do bolso, já que estamos em contenção de despesas para cumprir as metas de austeridade fiscal e superávit primário.

Estes canalhas que participaram da Marcha serão os primeiras a servirem seus filhos no banquete de triunfo do Golpe Comunista marcado para o fim do ano. Comeremos suas crianças em comemoração ao grande feito.

Por falar nisso, o grande Golpe continua marcado. Não nos assustemos com o denunicalismo barato dos nossos inimigos. As verdade é que vazou. Alguém foi lá e contou os nossos planos. Mas isso também iremos descobrir, apurar e punir com rigor. O julgamento será em tribunal revolucionário composto pelos camaradas José Sarney, Renan Calheiros e Eduardo Cunha.

Sim, tivemos que compor uma aliança com o PMDB para garantir a governabilidade do Golpe. Mas não tem problema! Depois a gente põe todo mundo no paredão e dá um jeito.

Nossa companheira do Magazine Luiza confirmou que irá realizar algumas doações para nossa causa golpista. Temos apenas que vender mil máquinas de lavar e dois mil e quinhentos fogões até o fim do ano para angariar fundos. Segunda-feira começaremos o programa Minha Rifa Minha Vida e venderemos a massa de trabalhadores interessadas em eletrodomésticos e disposta a apoiar a nossa causa.

Vamos a luta, companheiros. Vamos transformar o Brasil numa grande Cuba. Charuto e rum não vão faltar.

Vamos distribuir cartilhas gays e ensinar as crianças desde cedo como serem homossexuais.

Vamos defender o aborto.

Se na sua casa existem três quartos, você terá que oferecer um dos dormitórios a um nordestino do Bolsa Família, para que ele viva com você.

Se você tiver dois computadores, um será tomado pela revolução.

Vamos transformar o Shopping Iguatemi e a Daslu em mega lojas do Magazine Luiza. Sim, será preciso pagar a conta do financiamento revolucionário.

Enfim, tá tudo marcado e combinado. Não vamos arregar justo agora.

O Golpe Comunista não será televisionado, nem estará no Facebook nem no Twitter.  Vamos mandar um whatsapp pra galera vermelha e avisar quando vai rolar o esquema.

A luta continua. E como diria a companheira Cristina:


HASTA LÁ VICTÓRIA, SECRET!