terça-feira, 27 de outubro de 2015

O "PROSELITISMO MARXISTA" dos Bolsonaretes.



A palavra da vez é PROSELITISMO.
Um Bolsonaro fala. Outros tantos começam a papagaiar.
Mas com tanto PROSELITISMO que nos cerca, engraçado perceber que os Bolsonaretes só conseguem utilizar esse substantivo em referência aos que eles supõem serem “marxistas”.
"Proselitismo Marxista". Seria o esforço dos marxistas em "catequizar" o próximo em torno de suas ideias.
A cultura escravocrata está tão encrostada na vida mental de alguns brasileiros que qualquer ameaça de justiça e igualde; qualquer iniciativa que contrarie a velha "ordem das coisas", passa a ser considerado "marxismo".
Lembra muito a Idade Média, quando as mulheres que desagradavam a "ordem das coisas" eram acusadas de bruxaria.
Por falar nas mulheres. A tal redação do ENEM sobre o feminismo. Nada mais necessário do que provocar um futuro universitário a refletir sobre as questões de gênero. Mas foi o suficiente para irritar quem não consegue pensar qualquer noção de igualdade, em nenhuma circunstância. O feminismo discute igualdade de gênero? Ops, igualdade? isso é marxismo.
O velho Marx não teve tempo para falar sobre diversidade sexual. Nem sei se era a pegada dele. Mas, posto que é outra noção ligada à ideia de igualdade. Igualdade? ops... é marxismo.
Distribuição de renda. Condição necessária para o desenvolvimento do capitalismo. Mas, por essas bandas, distribuir renda passa a ser coisa de marxista.
PROSELITISMO. Seria essa a tentativa oculta dos professores do ENEM.
Qual estudante universitário precisa refletir sobre as relações econômicas, políticas e sociais? Qual universitário precisaria superar o obscurantismo religioso para avançar rumo ao saber científico? imaginem só. Para os bolsonaretes: nenhum!
Ora, poucas coisas notabilizam tanto o neoliberalismo como o PROSELITISMO.
Assistir a um telejornal hoje em dia, é muito semelhante a acompanhar o discurso daqueles caras que sobem num caixote na Praça da Sé, gritando desesperadamente para que todos acreditem que "o fim está próximo".
Não existe mais nem aquele verniz mentiroso de outros tempos da “imparcialidade”
O esforço agora é puramente adventista.
Ali sim, trata-se de um proselitismo burro e estúpido que não contempla sequer a possibilidade de que existe um "outro lado". Não há dialética.
As pessoas recebem diariamente uma dose de merda no cérebro, para que sequer desconfiem da existência do contraditório.
E o marketing? Ele cria necessidades. Faz com que o indivíduo seja absolutamente dependente de uma marca, um produto ou até mesmo de uma ideia. É uma espécie de esforço “re-civilizatório” do sistema.
As universidades! Pois bem, aquelas que se assumem como as "escolas ideais" para o tal "mercado de trabalho". Preparam o indivíduo para viver na MATRIX. O sujeito sai "chipado" da sala de aula. Repete duas dúzias de "verdades" por minuto, acreditando em cada baboseira, mais do que qualquer outro servo faria na Idade Média.
Desculpem a sinceridade. Mas em matéria de PROSELITISMO essa direita liberal é muito mais competente.
Os políticos e os governos de esquerda, ao longo da história, até que "flexibilizaram" bastante o seu discurso. Abriram mão, até muito mais do que deveriam.
Já os "liberais", não sedem sequer um milímetro. São catequizados. Fundamentalistas!
Quem vê o tal "PROSELITISMO marxista" em tudo, deveria fazer uma espécie de auto-análise. Olhar bem para dentro de si. Perceber o prejuízo da perda da capacidade crítica. Em resumo, perceber como está ficando burro. Muito burro, cara....

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A Importância da Democracia Corinthiana





A Democracia Corinthiana foi a aventura histórica mais fantástica de todos os tempos. Uma experiência incrível que possibilitou ao torcedor comum compreender, a partir do interesse pelo futebol e sua paixão avassaladora pelo Corinthians, o valor deste sonho louco chamado liberdade. Que perder sendo livre é muito mais valioso do que uma vitória mentirosa baseada na servidão. Ganhar ou perder, mas sempre com Democracia!

O Corinthians é uma janela encantada por onde milhões de brasileiros entendem a vida. Aqui se vivenciam experiências definitivas como o desejo de vencer, a estratégia, a superação, a garra, a derrota, a injustiça, o ganhar e perder coletivo, a importância da organização, o poder das massas, a fantástica possibilidade que o Corinthians nos dá de, ao mesmo tempo, sermos o fragmento de um todo e também de nos tornarmos agentes protagonistas das transformações históricas.

Depois de um grande jogo, nada mais é como outrora. A roda da história não para de girar. Na sociedade acontece exatamente o mesmo. Da mesma forma que jogamos o jogo junto com o Corinthians e temos a certeza que influenciamos diretamente no resultado da partida, somos agentes decisivos para superar os mais terríveis adversários e fazer do mundo um lugar mais justo, humano, livre, em que todos os irmãos, maloqueiros e sofredores, possam ter a chance de vencer, educando seus filhos e construindo um país que possa um dia significar para o mundo o que o Corinthians significa para o futebol, ou seja, não apenas uma potência conquistadora, mas um elemento que permite elevar a experiência humana a valorizar a diversidade, a solidariedade, a plena satisfação que só pode ser alcançada com a felicidade compartilhada e a certeza de que mesmo sendo diferentes, certamente somos mais fortes unidos e em harmonia.

Os mais jovens talvez não saibam o que era o Corinthians antes da “Democracia”. Esse Corinthians vencedor que conhecemos hoje, bi-campeão do mundo, certamente foi em grande parte forjado no período da Democracia Corinthiana.

A “Democracia” ensinou ao Corinthians um novo jeito de jogar. Organizou e disciplinou nossos impulsos e a nossa euforia. É preciso que se diga, a “Democracia” ensinou também ao torcedor um outro jeito de torcer. A sermos cirúrgicos, pacientes, decisivos. A entendermos também um pouco mais de estratégia.

Quando se tenta reduzir a importância da “Democracia Corinthiana”, que vai muito além de um modelo institucional de “auto-gestão”, algo que por si só já provoca arrepios nas mentes conservadoras, certamente se revela a incompreensão, o alcance, a força e até o temor dessas duas palavras:

Democracia e Corinthians!

Nas nossas vilas e favelas. No lado B desta São Paulo tão “da hora” e tão injusta, certamente não poderá haver Democracia sem o Corinthians para conferir às liberdades um valor afetivo e pedagógico para a vida da gente.

Da mesma forma não podemos mais pensar um Corinthians Grande sem este importantíssimo e necessário valor chamado Democracia!

Corinthians e Democracia. Juntas, essas duas palavras se completam. Oferecem um sentido mágico uma à outra. Conferem uma incrível força capaz de mover o planeta!

Mas e os desafios de hoje? Será que a Democracia Corinthiana deve ser apenas uma experiência histórica do passado?

É evidente que não. A democracia continua sendo frágil, muitas vezes distante da vida das pessoas mais pobres, permanece em perigo e sobre ataque.

Nos dias atuais, não são somente as ditaduras e a violência de Estado que ameaçam a liberdade. Os desafios são diversos e os inimigos difusos. É muito mais difícil perceber quem é efetivamente o adversário a ser batido.

O Corinthians se insere na globalização forte, ameaçador e é bem verdade, sem muita certeza de todos os caminhos que deve percorrer. Da mesma forma que se intrometeu nesse esporte da oligarquia em seus primeiros anos. Tentando se estabelecer e triunfar, sem abrir mão de sua identidade.

Neste momento estou estudando as primeiras atas e estatutos do Sport Club Corinthians Paulista. O período é de 1913 a 1915. Estes documentos foram um presente do historiador Plínio Labriola Negreiros. Tais cópias foram conseguidas por ele em sua pesquisa de mestrado, ainda no início dos anos 90.

Lá, fica evidente desde o nosso surgimento, a preocupação com os instrumentos democráticos.

O direito a voz e voto já era garantido para todos os associados. O capitão do time era eleito pelos próprios jogadores. Capitão esse que, por sua vez, após eleito por maioria, passava a fazer parte da diretoria, participando das principais decisões do nosso clube. Praticas estas que sequer eram consideradas como possibilidades na sociedade daquele tempo.

A democracia está no nosso DNA! O Corinthians Grande só existe porque a Democracia foi uma condição necessária para que este clube, fundado por operários, se tornasse o Time do Povo, um clube das massas, que pudesse inclusive ser plural e abrigar os pensamentos divergentes, para acolher também as multidões que desconhecem o caráter transformador deste grande movimento chamado Sport Clube Corinthians Paulista.

Esse é o Corinthians, com contradições e diferenças que também fazem parte de sua natureza. Onde conservadores e progressistas estabelecem conflitos que muitas vezes estão também dentro da gente. Assim acontece com cada um de nós. Muitas vezes com dúvidas entre a precaução e a ousadia. Entre a transformação e a estagnação.



Importante saber que a liberdade é condição necessária para nossa existência. E que cada torcedor pode levar dentro de si esta conquista. Este sonho lindo e louco chamado Democracia Corinthiana!

domingo, 11 de outubro de 2015

Domingo sem o Corinthians


Domingo sem o Corinthians é um vazio sem fim.
Uma semana. Dez dias. É para morrer de saudade.
É você ter tempo para fazer um monte de coisas que nunca consegue. Mas de nada vale esse tempo livre.
De nada presta esse ócio improdutivo, inútil e desmotivado.
Melhor mesmo é almoçar correndo, dar um beijo displicente na mãe, no pai, em quem se ama e sair correndo para o estádio.
Gostoso é abrir o jornal de domingo, pulando os cadernos cheios de futilidades, com notícias sobre a política, o dólar que sobe, o mundo e as guerras, a água em Marte, a dica de shows, musicais, coisas chatas, o que dá ou não dá colesterol. Superar todas essas informações menores e avançar até os esportes, para ver as notícias do Timão. Notícias repetidas, que no fundo já estávamos inteirados, mas mesmo assim dá um gosto danado de ler outra vez.
Melhor almoço do mundo é aquele macarrão com frango que a gente come no sofá da sala de olho na televisão, esperando o jogo começar.
Domingo sem o Corinthians, é ter o dia todo para cuidar da própria qualidade de vida.
Mas que papo estranho é esse? Melhor mesmo é quase morrer de infarte! Passar mal com nosso coração corinthiano saindo pela boca.
Ver a seleção jogar, ao invés do Corinthians, é como aquela cagada que todo mundo fez uma vez na vida. Sair com uma pessoa que não vale à pena, pra logo perceber que a gente queria mesmo estar ali, vivendo o que a gente sempre gostou de viver, com o amor da nossa vida. É perceber como é boa essa rotina, nem que seja com pão murcho e café com leite. Que não há glamour que substitua a deliciosa simplicidade cotidiana. Que o Corinthians sim é um amor que nos merece. Estar com o Corinthians é estar com a pessoa certa, não importa onde. É reconhecer o hálito um do outro. É viver tranquilo, sem precisar fazer pose ou escolher as frases certas, no maior estilo Vai Corinthians.
O Corinthians é nossa alma gêmea.
Não sobraria muito da nossa vida sem o Corinthians.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

FESPSP promove simpósio para discutir crise da esquerda



Série de debates com especialistas acontece entre 13 e 22 de outubro na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo


A FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) apresenta em outubro o simpósio “A CRISE DA ESQUERDA – Quais caminhos levaram a esquerda brasileira para a crise atual e perspectivas para o futuro”. Um curso de extensão com lideranças políticas que  acontecerá entre 13 e 22 de outubro. As inscrições abertas através do site www.fespsp.org.br/extensao, com vagas limitadas.
O objetivo deste curso de extensão é debater, sob diferentes perspectivas, a trajetória da esquerda no Brasil, sua ascensão ao poder por meio do Partido dos Trabalhadores em 2002 e como a ideologia se tornou alvo de críticas e protestos nos últimos anos.  Além disso, visa também traçar um horizonte e perspectivas para o futuro do cenário político brasileiro.
Para apresentar o assunto a FESPSP convidou cinco lideranças políticas. No dia 13 de outubro quem inaugura o simpósio é o ex-Governador do Rio Grande do Sul e ex-Ministro da Educação, Relações Institucionais e Justiça, Tarso Genro. O segundo debate acontece no dia seguinte com Sérgio Fausto, Diretor Executivo do Instituto FHC. O terceiro encontro acontece no dia 15 de outubro e o convidado é o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Na sequência, no dia 21, a candidata à presidência da República em 2014, Marina Silva, é quem ministra palestra na FESPSP. Fechando o simpósio, o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, fala com os presentes no dia 22 de outubro.
Com carga horária total de 15 horas, o simpósio tem vagas limitadas. O investimento na inscrição é de R$ 500,00, com opções de pagamento à vista no boleto ou cartão de débito, ou em até 3x de R$ 166,66 no cartão de crédito. Alunos FESPSP possuem 40% de desconto; ex-alunos e instituições conveniadas 15%. A lista de convênios pode ser encontrada no site da FESPSP.

SERVIÇO
Simpósio: A CRISE DA ESQUERDA – Quais caminhos levaram a esquerda brasileira para a crise atual e perspectivas para o futuro
Data: De 13 até 22 de outubro de 2015
Horário: 19h às 22h
Inscrições: R$ 500,00 – www.fespsp.org.br/extensao
Local: Auditório da FESPSP – Rua General Jardim, 522, Vila Buarque – São Paulo
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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

"Viva o Câncer!". Os odiadores de ontem. Os odiadores de hoje.



Eva Perón vivia seus últimos dias de vida. Tinha apenas trinta e três anos de idade. Sofria pela metástase de um câncer que surgira em seu útero.
O drama de Evita tocava milhões de argentinos e argentinas que faziam vigília por sua recuperação.
Mas não todos tinham compaixão por sua doença. A admiração por Eva, que se convertia em uma espécie de ideologia política própria, sem nenhuma estruturação litúrgica, porém decididamente muito ligada à identidade de classe possível na Argentina dos anos 50, era considerada pelas elites como coisa menor. Dizia-se (e se diz ainda), que era algo como “coisa de empregada doméstica”.
Nem a dor, nem a morte que se avizinhava. Nenhum drama inibiu quem colocava o ódio político e o ressentimento social acima de todas as coisas.
“Viva o Câncer!”. Esta foi a frase que apareceu escrita no muro de sua residência, pouco antes de sua morte.
Havia muita gente regozijando por seu padecimento. Festejando sua morte.
Não era pra menos. Pra quem levava a noção de hierarquia social como algo naturalizado e parte integrante de si mesmo, a figura de Evita era absolutamente insuportável.
Eva nascera fruto de uma relação extraconjugal de seus pais. Nunca foi totalmente reconhecida. No velório de seu pai, havia sido impedida de prestar seu último adeus. Quando se mudou para Buenos Aires, Evita passou a ser uma atriz de rádio. As radionovelas explodiam no país inteiro. O rádio passava a ser o principal veículo para integração do país e também para a comunicação com as massas de trabalhadores.
O rádio era solene. Não era minimalista como nos nossos dias. Era um aparelho grande a ser colocado no meio da sala. As famílias se reuniam em volta dele. Perón, como nenhum político de seu tempo soube tirar proveito desta nova ferramenta de comunicação. Da mesma forma, como ninguém até então, soube enxergar o trabalhador operário como um ator político relevante a ser mobilizado para a construção do trabalhismo na Argentina. Em bairros e cidades mais afastadas, o rádio era pendurado nos postes para que os mais pobres também pudessem ouví-lo.
Eva Duarte, como qualquer atriz de rádio ou de teatro não ocupava um lugar social muito distante das prostitutas.
Iniciou uma relação amorosa com Perón. Um homem mais velho e poderoso. Por virtude e por fortuna, Perón se converteu em presidente da Argentina, chegando ao poder nos braços do povo. “Cabecitas Negras” eram chamados seus eleitores. Viviam nos subúrbios de Buenos Aires, mas sequer podiam frequentar os luxuosos espaços da região central. Muitos passaram a conhecer o centro nas manifestações políticas do peronismo. Era um escândalo. A massa de descamisados e de pés descalços. Nadavam nos chafarizes, tomavam mate nas praças antes exclusivas dos grandes cavalheiros.
Evita, agora primeira-dama, passou a frequentar os salões da oligarquia argentina. Jamais foi aceita. Os interesses sazonais das elites econômica e política, obrigava os grandes negociantes a aturarem aquela “bastarda”.
Não eram raras as vezes em que, após a chegada de Evita, as damas da sociedade se retiravam de recintos como o famoso Teatro Colón. Chefes religiosos se recusavam a reconhecer sob a ótica da Santa Igreja a união de Juan Domingo e Eva.
O poder modifica a todos. É uma experiência definitiva. Alguns se afogam em meio a vaidades tolas. Sentem-se entorpecidos pelo luxo e pela adulação de gente falsa e mentirosa. Não são poucos aqueles que esquecem suas raízes. Que mudam de classe. O mundo está repleto de gente que com o poder perde a capacidade de olhar para si e próprio e também condição de enxergar o mundo a sua volta. Concentram-se apenas em pertencer e conservar o status adquirido.
Mas Evita não foi assim! Eva tinha uma personalidade controversa, mas soube como poucos na história fazer o bem. Falava como uma mulher do povo. Cometia erros gramaticais que eram jocosamente ridicularizados por alguns. Enfrentava a oligarquia. Fez o que pode para ajudar os necessitados. Recebia a todos em seu gabinete. Dava desde presentes de natal até máquina de costura, brinquedos, tratamento dentário e hospitalar. Fazia o que era possível. Não era uma primeira-dama tradicional. Mesmo com a saúde muito frágil, na frente de todos seus assessores perplexos beijava os leprosos e outros doentes na boca.
Alguns podem considerar isso como caridade barata. Coisa de político. Mas numa sociedade tão marcada pelo pensamento elitista, os gestos de Evita adquiriam um significado gigantesco.
Os órfãos, até aquele momento, eram obrigados a circular com um pijama escrito “Criança Órfã”. Evita acabou com aquilo. Acolhia as crianças órfãs em novas escolas de tempo integral que lembravam um parque de diversões temático. Defendia seu povo. Beijava homens e mulheres pela rua. Assim era Evita.
Morreu muito jovem. Não era uma marxista nem dispunha de conhecimento teórico organizado sobre qualquer ideologia política. Era peronista, como gostava de dizer. “Uma ponte entre o povo e Perón” Quem assim quisesse poderia “atravessá-la”, falou certa vez. De fato, Evita era o braço de Perón com a sociedade civil. Não por acaso, depois de seu desaparecimento, o peronismo perdeu muito de sua face mais humana. Perón nunca mais foi o mesmo líder.
Evita era a puta. A bastarda. A ralé. Era odiada no “high society”. Sim, havia gente comemorando o seu câncer. Sua presença ofendia. Sua existência era insuportável. Os pobres nunca mais foram os mesmos depois de Evita. Isso era desastroso para alguns.
Eva Perón nunca foi uma política de esquerda, porém seu surgimento já foi suficientemente ameaçador. Como tantas outras figuras da história, sua coragem revelava a covardia dos outros. Seu inconformismo denunciava a complacência geral diante das injustiças.
Cada um cumpre seu papel na história. Evita tem para sempre seu lugar. Os disseminadores de ódio não podem chegar a lugar nenhum. Não há espaço de glória para quem vive propagando o ressentimento e a mesquinharia.
Os odiadores talvez apareçam em figuras inanimadas atacando pedra na cruz, colocando fogo nas “bruxas” em fogueiras “santas”, comemorando o enforcamento de condenados, se explodindo em ataques suicidas, participando de linchamentos, apedrejando as mulheres “infiéis”, comemorando o holocausto. Os odiadores nada mais serão do que desenhos feios que contam os desastres mais violentos da história da humanidade.
Para nossa felicidade, há também aqueles que preferem amar. Que o Brasil encontre seu caminho de paz entre tantos odiadores que invadem velórios, atacam bombas, invadem sites, ameaçam de morte nos fóruns de internet, rompem amizades de anos por divergência política, rejeitam as diferenças.

Deus nos livre da violência, da intolerância, da intransigência e da histeria coletiva que só pode terminar em coisa ruim. Deus nos livre daqueles que são muito corajosos e decididos para julgar os outros, mas que se a gente olhar bem de perto, não valem sequer o pão que eles comem.