segunda-feira, 28 de julho de 2014

Simpósio Internacional de Resíduos Sólidos Urbanos ocorre no ABC




O ABC receberá nos dia 6 e 7 de agosto o Simpósio Internacional de Resíduos Sólidos Urbanos. Promovido pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, com apoio da Prefeitura de Mauá, a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e a Universidade Federal do ABC (UFABC), o evento tem o objetivo de avaliar o estágio atual da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos após quatro anos de sua publicação, discutindo especialmente a sua implantação nos municípios brasileiros, sobretudo na Região Metropolitana de São Paulo com ênfase no Grande ABC. O Simpósio Internacional de Resíduos Sólidos Urbanos ocorrerá no Teatro Municipal de Mauá, com abertura às 9h30.

No evento, serão apresentados oito painéis com exposições técnicas e debates com especialistas nacionais e internacionais, gestores públicos das três esferas de governo, de universidades e demais instituições. Além dos desafios e avanços da implantação das politicas públicas de manejo de resíduos sólidos nos municípios, temas como reciclagem, valorização de resíduos orgânicos, recuperação energética e inclusão social de catadores, permearão as discussões com base nas experiências vivenciadas pelos expositores convidados.

“A nova Política Nacional muda a maneira de fazer a gestão dos resíduos sólidos no país. O objetivo é diminuir o aterramento dos resíduos, investindo na valorização deles, trabalhando a reciclagem, o reaproveitamento de resíduos da construção civil, além de cuidar das cadeias de logística reversa”, explica José Afonso Pereira, secretário de Planejamento Urbano de Mauá e um dos coordenadores do evento.

No Simpósio, também serão discutidos os desafios da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos à luz das experiências internacionais, especialmente de países como Portugal e França. “Serão feitas reflexões acerca da Política fazendo uma leitura comparada da experiência brasileira com a portuguesa. Há mais de uma década, os portugueses implementaram um modelo que acabou com os lixões e já desenvolvem o terceiro plano de gestão de resíduos sólidos. O objetivo é aprofundar a discussão com experiências concretas”, finaliza Pereira.

As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas pelo site, http://simposioresiduosabc.com.br, até o dia 5 de agosto, às 15 horas.


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Estaria o Santander ameaçando um golpe especulativo patrocinado pelos bancos?


Estaria o Santander ameaçando um golpe especulativo patrocinado pelos bancos?

 

Como diria o velho poeta, perguntar não ofende.

O comunicado do Banco Santander aos seus clientes, desenhando um cenário de desastre econômico caso a candidatura à reeleição da presidenta Dilma tenha êxito permite sim que a sociedade faça esse tipo de questionamento.

Diziam ser somente discurso de militantes de esquerda, quando se afirmava que os bancos tramavam contra a república, patrocinavam grupos políticos e faziam lobby para manter um Estado de joelho que sirva apenas para garantir seus interesses e lucros vertiginosos, em prejuízo de todo setor produtivo nacional e os investimentos tão necessários para a promoção da justiça social. O documento do Banco Santander aos seus clientes deixa tudo muito nítido.

Claro que uma parcela da sociedade ficou delirante com a ameaça que tem pitadas sutis de chantagem, proferida pelo Santander. Para alguns, importante mesmo é tirar o PT do governo. Para isso, vale o empurrão do Santander, do governo genocida de Israel ou até mesmo do tinhoso.

Poderíamos elaborar uma lista extensa com os erros políticos e gerenciais do Governo Federal, desde a posse de Lula em 2003. Talvez o maior deles seja justamente manter a política de juros que garante os maiores lucros do planeta que aumenta a riqueza justamente de seus conspiradores.

É compreensível que depois de 13 anos de governo, os eleitores tenham seus motivos para desejarem uma renovação. Porém, aqueles que são motivados pelo ódio puro e simples ao PT deveriam perceber que seriam responsáveis por entregar a nação aos seus principais algozes.

São os bancos que tornam a vida da classe média um inferno. Os impostos pagos dolorosamente pelo setor produtivo nacional, ao contrário do que se imagina, não serve somente para custear os programas sociais. O programa Bolsa Família custa cerca de 20 bilhões por ano ao Governo Federal. Enquanto isso, o país gasta com pagamento de juros aos credores cerca de 250 bilhões de reais.

Claro que o país deve honrar suas dívidas contraídas ao longo dos anos. Mas lembre-se que é o próprio governo que estabelece a taxa básica de juros. Não precisaria pagar tanto.

Além de gastar a maior parte de sua riqueza com o pagamento de juros, o setor produtivo fica gravemente comprometido. Vale muito mais à pena, para os grandes rentistas, manter o dinheiro aplicado do que investir na produção que pode favorecer o desenvolvimento do Brasil.

O Brasil deixa ainda de investir 99 bilhões para cumprir as metas do superávit primário, que na prática é a economia que o país faz para garantir o pagamento da dívida com os banqueiros.

Desde as eleições de 2012, o PT já havia publicado um documento em que prometia cumprir os acordos financeiros e os pilares que sustentavam a economia.

As ameaças proferidas pelo Santander não são novidade. Depois de Lula ter sido eleito, o cenário foi justamente este da carta do banco aos clientes, com juros nas alturas, queda vertiginosa do IBOVESPA e desvalorização do câmbio, com a moeda americana batendo recordes.

Ao assumir a presidência e depois no seu segundo mandato, Lula cumpriu os acordos e o tripé econômico que “sustenta” nossa economia. Dilma também manteve, ainda que tenha feito uma tentativa nos primeiros anos de governo para redução dos juros.

Ainda que os bancos tenham garantido seus lucros, isso não foi o suficiente para acalmar a sede de sangue dos banqueiros. Eles não exigem outra coisa senão a submissão completa do Brasil.

A independência com que o Brasil vem conduzindo sua política externa e o tratamento que o país vem recebendo dos Estados Unidos da América nos dão uma boa pista de como as coisas estão se desenrolando.

A tentativa é “venezuelar” o Brasil!

E o comunicado do Santander confirma que estamos sob a ameaça de um golpe especulativo para desestabilizar um eventual segundo governo de Dilma.

Aos nostálgicos de 1964 vale à pena lembrar que nossa sociedade não é mais a mesma. A população não depende mais de intermediadores outrora chamados de “formadores de opinião”. Mesmo a imprensa brasileira tendo convertido suas publicações em folhetins de oposição não obtém mais a mesma inflexão sobre o comportamento do eleitorado.

Os golpistas de plantão partem de um princípio tolo de que eles teriam o monopólio da violência.

A democracia no Brasil, com todos os percalços, é um grande exemplo de sucesso. Melhoramos em todos os indicadores e índices em todos os aspectos, principalmente os sociais.

Este é efetivamente um país diferente. Mesmo em nossos problemas, pagamos um preço pela democracia. Talvez um preço alto demais. Transtornos e decepções. Mas a democracia é sim um valor que devemos preservar, principalmente denunciando as violações que presenciamos quotidianamente.

Nossas elites talvez não tenham entendido que decisivamente as velhas hierarquias já foram quebradas. Um povo que se acostumou a ser livre não mais aceitará ser subjugado.

Existem outros atores no jogo. Homens e mulheres que possuem uma força que os velhos magnatas ainda subestimam. Lembrem-se disso antes de lançar o Brasil numa guerra de irmãos contra irmãos.

Muito provavelmente o Santander prefira que tenhamos aqui um governo igual ao de sua matriz na Espanha. Um país sob intervenção dos bancos, com um mercado interno aniquilado e com quase um terço da população desempregada. Isso o Brasil não quer mais, pois experimentamos nos anos de FHC. Não à toa ele seja tão rejeitado pelo eleitorado brasileiro.

Da Espanha queremos seu Estado de proteção social, serviços públicos de qualidade, uma classe média ampla. Tudo aquilo que o povo espanhol conquistou às duras penas e vocês destruíram com sua política neoliberal.

Seria bom o Santander esclarecer quais os seus planos políticos para o Brasil. Quem sabe não seja a hora de nacionalizar este banco estrangeiro que trata tão mal os seus clientes.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Admitir o massacre contra a Palestina é admitir a barbárie

A questão não é contra o povo judeu, mas a relação entre Estados livres que devem colaborar para a paz e a coexistência. O que ocorre contra a população palestina é um verdadeiro massacre. São forças desproporcionais e muitos civis estão sendo exterminados.
Ainda que existam ataques por parte do Hamas, trata-se neste momento de interferir diplomaticamente justamente no lado mais forte. Aquele que pode por fim a este genocídio.
Fez muito bem a diplomacia brasileira em corajosamente assumir uma posição.
Agora prestem atenção. Dizer - como membros do governo de Israel disseram - que o Brasil é irrelevante (um anão diplomático) e não tem nada a dizer por ser supostamente mais fraco é assumir a barbárie como algo normal. Vejo muitos brasileiros comentando que nosso país não teria nada a dizer porque temos problemas sociais internos e porque somos uma força militar insignificante.
Veja, se assumirmos para nós mesmos, seja na relação entre Estados ou seja na relação entre indivíduos que os mais fortes devem mandar e os mais fracos acatarem. Que uma país militarmente mais forte tem autoridade e superioridade sobre os menos armados, Que os mais ricos tem predominância sobre os mais pobres, estamos admitindo enquanto seres humanos que a violência é a melhor maneira para a solução de conflitos.
Que estamos em guerra aberta de todos contra todos. Que o mundo se divide entre imperialistas e escravizados.
Ora, irão me dizer: "na prática a lógica é justamente esta".
Pois então, se "a lógica é esta" deveríamos rasgar de vez a declaração universal dos direitos humanos? Deveríamos parar com essa "baboseira" de defender a igualdade e a democracia? 
Quem defende esta lógica dos "atores insignificantes" não pode falar nada de movimentos armados como o Hamas.
Porque diante da opressão se escolhe a submissão ou o enfrentamento. Os palestinos estão escolhendo a segunda opção. Não se submeter é não aceitar a injustiça como regra. Reagir ao caos que é imposto justamente pelos mais ricos e mais fortes.

terça-feira, 15 de julho de 2014

O Brasil precisa de uma Política Nacional para o Futebol



A ressaca pós Copa parece ser o momento das acusações mútuas. Todos tentando encontrar um culpado para o desastre ocorrido no Mineirão contra a Alemanha e a confirmação da nossa falência frente à Holanda em Brasília.
Alguns divulgam teorias conspiratórias, talvez tentando se convencer (ou se enganar) de que não perdemos por absoluta insuficiência e defasagem.
Os dirigentes colocam a comissão técnica no paredão, que por sua vez culpa os jogadores e a imprensa que culpa todos os supostos envolvidos. Porém ninguém parece disposto a colocar o dedo na ferida ou pensar em uma solução duradoura que dê conta da degradação dentro e fora de campo do futebol brasileiro.
Podemos todos gastar dias e muitas folhas de papel para enumerar os sintomas de que nosso futebol vai de mal a pior. Começando pela condução nefasta dos nossos dirigentes, passando pela infantilização dos nossos jogadores e a elitização do nosso futebol, desaguando na influência danosa da maior empresa de comunicação do Brasil que sequestrou o nosso futebol e impõe obstáculos às mudanças estruturais e políticas, temendo perder o monopólio que lhe é tão favorável.
Ficaremos enxugando gelo em medidas paliativas se não entendermos, antes de tudo, o que significa o futebol para este país e que ele atende a propósitos que vão muito além do jogo de bola.
O Estado brasileiro deveria se apropriar deste patrimônio que é a mais rica expressão daquilo que somos. Nosso futebol é o maior embaixador do Brasil, mais eficiente do que qualquer diplomata. É também o nosso museu mais rico e interessante, nossa mais bonita bandeira, nosso hino, nossa cara, nosso cartão postal. O futebol brasileiro se configura como uma riqueza tão importante quanto nossos demais produtos de exportação.
Destarte, o Governo Federal deveria declarar o futebol como patrimônio histórico, social e cultural do povo brasileiro.
Para organizar e impulsionar o conjunto de reformas que pode salvar o esporte mais popular do Brasil, o governo deveria aprovar, com força de lei, uma Política Nacional para o Futebol. Com diretrizes e regras, com metas de curto, médio e longo prazo para a reorganização do futebol brasileiro.
A imensa maioria dos grandes clubes brasileiros possuem dívidas fiscais e previdenciárias. Devem, sobretudo, para o governo.
Do jeito que estão falidos estes clubes que são expressões genuínas de diferentes regiões do país, tornam-se presas fáceis para oportunistas e aventureiros. Quebrados eles não servem de nada e só atendem a interesses escusos e empresários gananciosos.
Muito melhor seria que pudessem negociar suas dívidas, porém atendendo a parâmetros rígidos e aderindo a compromissos comuns a todos os demais clubes.
Não há problema que o governo renegocie os débitos dos grandes clubes, mas estes deveriam reformar seus estatutos, de acordo com a Política Nacional para o Futebol. Tal política deveria impedir a reeleição prolongada de dirigentes que se tornaram verdadeiros posseiros em seus clubes de origem. Devem cumprir metas de responsabilidade administrativa e fiscal, com auditorias periódicas que venham a impedir novos endividamentos.
Também não há problema que os bancos públicos financiem a modernização das categorias de base dos clubes. Mas antes de tudo, estes clubes devem se tornar parceiros apoiando a formação educacional de seus atletas e prestando contrapartidas sociais em suas cidades. O Brasil pode, através do esporte, melhorar seus índices de desenvolvimento educacional e de desenvolvimento humano. Os clubes podem sim se converterem em parceiros importantes, desde que cumpram diretrizes e indicadores de desempenho. Na prática, sem cumprir as metas de tais indicadores seriam restringidos os créditos e potenciais parcerias.
Os campeonatos deveriam também estar passíveis de auditoria, garantindo o respeito ao torcedor e ao consumidor.
Os estádios que receberam recursos financeiros sejam como incentivos fiscais ou mesmo como crédito de bancos públicos deveriam garantir o uso social de seus equipamentos. Os espaços podem ser utilizados como infraestrutura educacional e de saúde. O sambódromo do Rio, quando idealizado pelo antropólogo Darcy Ribeiro, passou a abrigar para além do carnaval o CIEP, que funciona na prática como um complexo educacional de tempo integral. O mesmo pode ocorrer com os estádios da Copa do Mundo, principalmente nas cidades onde o futebol ainda carece de campeonatos competitivos com grandes clubes locais.
A transferência de atletas para o exterior deveria também receber melhor atenção. Sobretudo no caso de crianças e jovens que muitas vezes se aventuram em empreitadas suspeitas e perigosas. Os atletas não podem ser reféns de empresários que agem livremente e sem fiscalização.  A formação educacional e profissional de novos atletas deveria ser prioridade e um bom elemento para garantir o desenvolvimento humano dos nossos futuros craques.

Por fim, porém não menos importante. O Governo Federal não deveria temer intervir em federações estaduais e inclusive na CBF. Garantindo o interesse nacional, histórico, cultural e social pelo futebol, as medidas de reestruturação e reorganização do nosso esporte são urgentes. Ainda que estejamos passíveis de punição pela FIFA por conta de intervenção nas federações, melhor seria ficar fora de uma Copa do Mundo, mas garantir futuras gerações de técnicos e jogadores que honrem nossas tradições e voltem a orgulhar os torcedores brasileiros.

domingo, 13 de julho de 2014

O fim do terrorismo moral em torno da Copa do Mundo


Embora muito feliz por ter presenciado essa Copa tão linda, confesso que estou aliviado por ter acabado este verdadeiro terrorismo moral dos últimos anos em torno do Mundial. 


Foi duro agüentar os anos de resmungo e comentários jocosos. 


O hipotético desastre na realização dos jogos e a tão esperada vergonha mundial felizmente não se configuraram. 


Ao contrário, foi tudo muito lindo e pudemos mostrar o melhor do Brasil. A seleção campeã terminou dançando como os pataxó e estampando um agradecimento ao Brasil na camiseta.


O "imagina na Copa" e o "não vai ter Copa" também ficam como legado, porém para estudos históricos e sociológicos das gerações futuras


Dirão muito sobre o Brasil dos nossos tempos. Vale documentar o tratamento dado ao mundial antes, durante e depois da Copa. Aliás, saem de cena agora os oportunistas de plantão, mais preocupados com o calendário eleitoral e também os complexados ressentidos. 


Agora é o momento dos estudos sérios e responsáveis para que façamos as análises necessárias para avaliar os benefícios (ou não) dos jogos realizados aqui e tirarmos o melhor proveito possível das lições para pensar num futuro melhor e que esteja acima dos interesses sazonais.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Carta a los Argentinos

Tradução - Michele Vargas

Queridos amigos argentinos!
Contestando la canción de está hinchada tan vibrante que a nosotros pregunta: "decime que se siente?" les digo:
No me siento bien, me siento re mal, horrible y muy triste.
Pero, al revés de lo que ustedes piensan, lo que me duele no és el exito de ustedes.
No creo que ustedes sean nuestros papás en el futbol. La música és muy divertida y creativa, pero realmente no estamos llorando desde Italia hasta hoy.
En verdad, en estas ultimas décadas festejamos otros dos mundiales (igual a ustedes en toda la história) que nos suman cinco títulos.
Podríamos cantar otros tantos exitos sobre ustedes.
Sin embargo, nuestro momento és de quedarnos en silencio. De mirar la fiesta de ustedes. Ahora és la hora de la resignación.
Incluso, no den mucha importancia a los brasileros que los estan insultando en los estadios. En realidad ellos insultan a todos sobre todo su próprio equipo. Esa gente representa solamente una parte de nuestra nación.
No les voy a decir que la alegria de ustedes és la mia, que me dejá contento y entusiasmado. Sin mentiras en ese momento.
Sin embargo, como dije al principio, el exito de ustedes no me lastima.
La verdad, es que los admiramos mucho boludos.
Perdoname que diga, pero puede que ustedes sean hasta arrogantes, estúpidos, brutos y creídos. Me entienden no? Sienten como se fueran el centro del universo. Se creen mas de lo que son.
Tengo suficientes amigos argentinos para saber que se cagan de risa de ser así, incluso es motivo de chiste entre ustedes.
Pero son autenticos. Excelentes amigos. Espontáneos y sinceros.
Inteligentes. Afetuosos.
Ustedes tienen una calidad que nos hace falta. Se quieren mucho unos a los otros. La puta madre como se quieren.
Muchas veces, en Brasil parece que nos odiamos.
Ustedes disfrutan unos de los otros y cantan todos juntos.
Sí, nosotros también nos llevamos biens con nuestros amigos pero, hay una parte de la sociedad que se cre mas que los demás y no les sale cantar la misma canción en el mismo ritmo.
Felicitaciones por el dia de la independencia.
Felicitaciones por estaren en la final del mundial en Brasil que sé muy bien que les encanta.
Ustedes tienen huevos como les gusta decir. No se puede caretear nuestra admiración. Vayan! Disfruten la fiesta. El momento és de ustedes. Los deseo suerte!
Pero no piensen que quiero ser argentino. Por Dios que no. Soy muy feliz por ser brasilero.
Para alegria de ustedes, les cuento que en ese momento me siento muy mal. No por Argentina. Ustedes no me son tan importantes así pelotudos, jeje. Pero me siento mal por los cretinos que destruyeran nuestro futbol no les importando justamente aquello que tenemos de mejor.
Que disfrutem.

Carta aos argentinos


Queridos amigos argentinos.

Em resposta ao grito desta torcida tão empolgante que nos pergunta: "decime que se siente?" Gostaria de dizer:

Nada bem, muito mal, péssimo, terrível e triste.

Porém, ao contrario do que vocês podem supor, o que me dói não é o sucesso de vocês.

Não considero que vocês sejam os nossos "papás" no futebol. A música que vocês cantam é muito bacana e criativa, mas não estamos chorando desde a Itália até hoje.

Na verdade, nestas ultimas décadas comemoramos outros dois mundiais (igual a vocês em toda a história) que nos totalizam cinco conquistas.

Poderíamos cantar outras tantas vitórias sobre vocês.

Mas o nosso momento é de ficar em silêncio. De ver a festa de vocês. Agora é a hora da resignação.

Aliás, nem dêem importância aos brasileiros que vivem xingando vocês no estádio. Na verdade eles xingam todo mundo e principalmente o nosso próprio time. Representam apenas uma fração do que é o nosso povo.

Não vou dizer que a alegria de vocês me deixa eufórico e feliz. Sem mentiras neste momento.

Porém como eu disse no começo, o sucesso de vocês não me agride.

A verdade é que admiramos pra caramba esses boludos.

Me perdoem dizer, mas vocês podem até ser um pouco arrogantes, estúpidos (no sentido brasileiro da palavra), embrutecidos e metidos. Vocês entendem o que eu quero dizer. Sentem-se o centro do universo. Se acham mais do que são.

Tenho um número suficiente de amigos argentinos para saber que acham graça deste jeito de ser e isso tudo é motivo de piada entre vocês.

Mas são autênticos. Ótimos amigos. Espontâneos e sinceros.

Malas sem alça, como dizemos aqui. Mas quem conhece vocês a fundo sabe como são inteligentes e afetuosos.

Vocês tem uma qualidade que nos falta. Vocês gostam muito de si próprios. Puta que pariu, como se amam.

Muitas vezes, parece que aqui no Brasil a gente se odeia.

Vocês curtem estar uns com os outros, cantando todos juntos.

Sim, nós também gostamos dos nossos camaradinhas. Mas tem uma parte da nossa sociedade que "se siente" melhor do que os outros e não consegue cantar a mesma canção no mesmo ritmo.

Parabéns pelo dia da Independência de vocês.

Por estarem na final do mundial realizado aqui neste país que eu bem sei que vocês amam demais.

Vocês tem "huevos" como gostam de dizer. Não da pra disfarçar nossa admiração. 

Vão lá. Curtam a festa. Aproveitem esse momento. A hora é de vocês. Desejo sorte.

Mas não pensem que eu quero ser argentino. Deus me livre. Sou feliz por ser brasileiro.

Para a alegria de vocês, te digo que me sinto muito mal nesse momento. Não pela Argentina. Vocês não me são tão importantes assim, pelotudos. Mas pelos cretinos que destruíram nosso futebol desprezando justamente aquilo que temos de melhor.

Que desfrutem.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Onde o Brasil se perdeu? Onde devemos nos encontrar


Se fosse uma derrota apenas do futebol estaria tudo bem. Passaríamos alguns dias de tristeza, mas logo tocaríamos a bola pra frente. 

Mas o que ocorreu no Mineirão foi muito mais do que coisa do futebol.

A Seleção Brasileira é muito mais do que um time. O futebol é parte fundamental da nossa identidade. É uma expressão de quem somos. Quando um brasileiro viaja ao exterior percebe que nosso futebol é algo que carregamos conosco ainda que não gostemos do esporte. É tão genuíno como nossa bandeira, nossa música, nossas paisagens. Talvez até mais do que isso. O encantamento, a curiosidade, o interesse que provocamos em comparação com outras nacionalidades está diretamente ligado à memória afetiva da nossa seleção. Somos Pelé, somos Zico, Sócrates, Falcão, Romário e Ronaldo.

Nossa política externa tira proveito deste encantamento para a construção de um "Soft Power" que tem contribuído para construção de uma espécie de liderança alternativa e apoiado nossa diplomacia.

O desastre do jogo contra a Alemanha foi fruto de questões relacionadas ao nosso futebol e também de cunho sociológico.
 
Serve para desmascarar falsas verdades que passaram a habitar o cotidiano do esporte principalmente a partir da derrota para a Itália em 1982, aí sim coisa tipicamente do futebol.

Passamos a negar aquilo que somos. A tentar imitar fórmulas "civilizadas" de futebol. A formar mais volantes do que atacantes, a copiar esquemas táticos que transformaram nosso futebol ano após ano em uma aberração esquizofrênica.

Fruto de entendimentos históricos equivocados, passamos a cultivar falsas virtudes. 

Que o futebol brasileiro deveria ter apenas os grandes clubes e estes não deveriam mais jogar no interior do Brasil. Destruímos o nosso celeiro de craques.

Com o pretexto de "libertarmos os jogadores", tiramos a autoridade dos clubes de futebol e entregamos nossos jovens (para não dizer crianças) jogadores aos especuladores do futebol. Empresários cada vez mais ricos que colocaram os clubes brasileiros de joelhos e passaram a revelar apenas os jogadores que lhes fossem mais convenientes. Os maiores craques sequer despontam nos nossos campeonatos, surgindo ao nosso conhecimento em um grande clube da Europa.

Passamos a copiar as fórmulas dos campeonatos Europeus. Na maioria dos países daquele continente, apenas dois ou três clubes possuem chance de se sagrarem campeões. Mesmo o Brasil sendo um país com dimensões continentais e com pelo menos dez times favoritos a cada início de campeonato, jogamos um torneio modorrento e desinteressante para o torcedor.

Começamos também imitar o jeito "civilizado" de torcer. Acabaram com as gerais, com as arquibancadas. Agora, o futebol é coisa de classe média alta. Perdemos dia-a-dia a cultura de estádio. O povo fica de fora da festa. Em nome da modernidade e de uma estratégia de negócio estúpida, preterimos um público consumidor de quase duzentos milhões de pessoas para manter os privilégios de uma minoria que consome o futebol somente ao sabor das conveniências temporárias.

Hoje, um clube não disputa mais o Campeonato Brasileiro. Nosso maior certame se converteu em mera porta de acesso para a Libertadores e para o Mundial, quando aí sim, jogando com um time europeu poderíamos ser reconhecidos. Os campeonatos regionais morreram. Grandes clubes do interior do Brasil que revelaram historicamente grandes craques hoje estão falidos.

Alguns dos emissários destas falsas virtudes que desorientaram o futebol brasileiro foram os técnicos. Em sua imensa maioria, são muito ruins. Vestindo a máscara de "professores" e "estratégistas", ganham rios de dinheiro para proferirem bobagens e absurdos. Controlam todos os departamentos de futebol dos grandes clubes e apresentam fórmulas mágicas em que o jogador de futebol se tornou mero coadjuvante infantilizado. Nossos craques devem estar subjugados à sapiência supostamente erudita de retranqueiros sem criatividade. A Copa do Mundo no Brasil mostrou novos comportamentos táticos ofensivos, muito diferente do estilo das nossas grandes "estrelas" ultrapassadas que copiaram justamente o que a Europa tem de pior, não de melhor.

Para além nas quatro linhas, o nosso futebol mudou e a nossa sociedade também. 

Os meninos que outrora brincavam nas ruas e nos campinhos foram afastados da bola. As periferias das grandes cidades espremidas pela especulação imobiliária não oferecem mais espaços para a molecada bater a sua bolinha. Não é à toa que cada dia revelamos mais jogadores de classe media para cima. Os campos que outrora foram de "várzea", hoje estão cercados e controlados. O acesso aos espaços para a prática do futebol, tornaram-se moeda política e eleitoral. Todo campo tem um "dono" e quem não paga não joga. 

Cada vez a criançada gosta menos de futebol. Ao invés de brincar com bola ou outros jogos e atividades coletivas, a molecada passa a ter mais interesse nos jogos eletrônicos e nos aparelhos celulares. Perdem o gosto de brincar e estão entregues a uma espécie de erotização precoce, consequentemente muito confusa. A vaidade ocupa uma dimensão exagerada e indesejável para a idade. Ao invés da camisa do time de coração, as crianças querem as de marcas conhecidas. 

O fetiche da mercadoria hipnotiza inclusive os meninos que viram jogadores de futebol. Fruto do nosso tempo histórico e do triunfo do individualismo, estes jogadores preocupam-se com o próprio  patrimônio, deixando de lado o gosto pelos grandes empreendimentos coletivos. O sabor pela vitória torna-se, portanto, dispensável e muito rapidamente, os atletas perdem o desejo pelas disputas, sem perceber que para o sistema é muito conveniente que eles enriqueçam e abram mão de seu potencial de comunicação com o conjunto da sociedade.

A vitória do jogo coletivo da Alemanha nos deixa certos recados. Tanto dentro quanto fora de campo estamos restritos às explosões individuais e perdidos em disputas de personalidade, numa sociedade que não pode ser coletiva, simplesmente porque não quer e não sabe ser igual. 

O país do Pelé, da praia e do carnaval não compartilha mais os espaços públicos e coletivos. No futebol como na vida da gente, persegue-se o acesso aos espaços privados. 

Nossa sociedade mudou. Mas, pelo menos por hora, o que mais se vê é a resistência ao acesso universal dos indivíduos às instituições, à justiça, às garantias sociais, ao consumo, aos espaços de privilégio.

Temos décadas para absorver o golpe deste jogo contra a Alemanha. O importante é tirarmos lições dentro e fora do campo. 

O Brasil ganhou onde imaginava perder. A Copa foi um sucesso. O temor do vexame frente aos estrangeiros que atormentou tanto alguns setores da sociedade não se configurou. Ao contrário, voltam quase todos satisfeitos e surpreendidos positivamente. Nós perdemos justamente onde imaginávamos ganhar. O vexame veio justamente do que antes nos dava orgulho.

O Brasil precisa fazer as pazes consigo mesmo. Pra jogar bola é preciso se encontrar. É preciso compartilhar os mesmos espaços. É preciso aprender com os outros, mas também fazer do nosso jeito, acreditar nas nossas potencialidades.

Não adianta avacalhar os jogadores que estavam em campo contra a Alemanha. Eles jogaram com vontade, dentro de suas limitações. O que mais nos atormenta é que estava em campo o que tínhamos de melhor. O resultado elástico foi fruto de uma intercorrência tática e técnica. Se a perda da Copa de 1982 nos tirou do caminho, que esta derrota vexatória sirva como um novo momento fundador do nosso futebol.

Podemos nos encontrar, mas para sempre teremos de conviver com essa cicatriz bem no meio da cara.

Uma cicatriz bem no meio da cara.

Antes de escrever qualquer coisa, porque alguns amigos me pedem...


Todo mundo no fundo estava até preparado pra perder a Copa. Aliás, no momento em que se perde uma Copa do Mundo se pensa... "É vida que segue", "porra, na outra Copa terei xis anos", ou "o jeito é voltar à realidade".


Mas o problema é que a realidade agora é diferente. Dentro de campo o Brasil sai menor do que entrou. Sai menor do que realmente é. 


A camisa da seleção é tão grande e importante quanto a qualquer outra expressão da nossa nacionalidade. 


Claro que no futuro podemos nos recuperar. Mas para sempre teremos uma cicatriz bem no meio da cara. Uma ferida que estará sempre aberta. Parte do que somos morreu hoje.


Reflexo de um futebol jogado que vem morrendo há tempos. 


E os antiquados como eu, chamados de ingênuos e que não entendem esse tal "futebol moderno", que só faz imitar muito mal e porcamente justamente o que se fazia de pior na Europa (não o melhor), tem sido ridicularizados. Falamos ao vento e ficamos com um triste ar de "eu avisei".


Espero que a infecção não seja fatal e definitiva.


Mas está na cara que para nos recuperarmos, teremos de resgatar o que somos no futebol e como povo. Ao invés de nos tornamos essa aberração esquizofrênica de quem em algum momento se perdeu e resolveu negar a própria origem em nome de uma pseudo modernidade que ninguém sabe realmente o que é.


Amanhã eu escrevo com calma. Confesso que chorei. Preciso pensar.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

O fim do Orkut e o preconceito social na internet





O fim do site de relacionamentos Orkut poderia ser analisado tão somente como um fenômeno do mercado da internet e da tecnologia. Seria possível pensarmos em como é efêmero o sucesso nesta sociedade de consumo e a velocidade com que as modas passam no mercado digital.

Mas existem outras questões que colaboraram decisivamente para o ocaso instantâneo do Orkut e seu inevitável fim.

Eu que não sou nada atento às tendências da internet, ainda que tenha um blog muito prosaico há quase quatro anos, certa vez cometi uma gafe que não pensava ser tão grave. Ao ver duas amigas posando para uma foto com uma belíssima paisagem ao fundo, exclamei:

- Olha só! Foto para Orkut, heim?

A resposta foi seca e amarga:

- Facebook, por favor...

Fiquei intrigado em tentar saber o porquê de o Orkut, outrora tão badalado, causava agora constrangimento e embaraço.

Não sou do tipo que se atualiza rápido. Demoro em perceber certas novidades cotidianas. Parecia-me muito curioso me dar conta que as mesmas pessoas que até outro dia se divertiam e se esbaldavam no Orkut, agora se mudavam rapidamente para o Facebook. Uma debandada instantânea que parecia dizer: “o último que sair é o mais brega”.

Na ocasião me ocorreu dizer que o Orkut era a Praia Grande dos sites de relacionamento. Todo mundo havia se divertido aos montes por lá. Mas agora, algumas pessoas sentiam vergonha de dizer.

Entre outras coisas, o Orkut morreu porque as classes pobres que recém descobriam a internet passaram a frequentar a rede social. Rapidamente, o site ficou identificado como “coisa de pobre” na internet.

No Facebook estaríamos mais protegidos dessa “gente de mau gosto”.

Imediatamente à migração coletiva, muitos comentários na nova rede reclamavam de uma suposta “orkutização” do Facebook.

O Brasil é o país dos camarotes Vips. Seja nas baladas, nos estádios de futebol, no carnaval, nos hospitais, nas escolas e universidades. Não seria diferente na internet.

O grande pavor que redundou no fim do Orkut é a igualdade social. A desigualdade já faz parte da vida mental dos brasileiros. Estar no mesmo “status” ou “comunidade” de gente considerada “abaixo” nas classes sociais, faz com que as pessoas ameaçadoramente pareçam iguais. E o brasileiro sente horror à igualdade.

Na internet circulavam, e de alguma maneira ainda circulam, as chamadas pérolas do Orkut. São fotografias com pessoas se divertindo de maneira supostamente ridícula. Coisa de pobre, diriam uns e outros.

A recente mobilidade social, ainda que tímida, permitiu com que boa parte da população pudesse desfrutar certos bens de consumo e frequentarem espaços onde antes sequer poderiam entrar.

É absolutamente compreensível que ao aspirar pertencer ao que se entende por classe média, as pessoas incorporem certos códigos socialmente identificados com o sucesso econômico.

A foto de uma pessoa tomando uísque junto à piscina de plástico pode parecer ridícula para quem está acostumado a frequentar locais de veraneio. Do mesmo modo que para um estrangeiro pode parecer curioso um brasileiro de classe média voltando de viagem com uma dezena de malas cheias de mercadorias de lojas que para eles são tão comuns.

O desejo de consumo das classes pobres causa espanto em quem se acostumou a desfrutar uma posição relativamente privilegiada na pirâmide social. Melhor seria se os pobres dessem atenção às suas necessidades consideradas básicas como educação e moradia. Porém, na prática não é assim que funciona. Neste país o prestígio está diretamente ligado ao poder de compra. À aquisição de bens de consumo e de certos códigos de riqueza, que na prática funcionam como crachás de distinção social.

Qual o triunfo mais visível do neoliberalismo senão a construção de uma sociedade individualista onde o desejo de consumo orienta, motiva e movimenta as populações. Criamos uma sociedade em que você vale o que você tem. Se assim funciona em todas as esferas, por que então a população pobre desejaria coisas diferentes do que é valorizado no conjunto da sociedade?

É bem verdade que pode parecer esquisito uma pessoa ainda não acostumada a desfrutar de certos bens de consumo ostentando isso na internet. Porém, mais sofrível que isso é quando a indústria cultural se apropria de certas expressões culturais das classes pobres brasileiras, resignificando e colocando em nova embalagem para a classe média consumir.

Daí surgem aberrações como o Baile Funk para “Patricinhas” e “Mauricinhos”, além do Forró ou o Sertanejo “Universitários”. Apropriam-se de expressões culturais originais, subtraindo um sentimento genuíno que aparentemente é inconveniente do ponto de vista estético e transformam num movimento que embora se chame “universitário”, não tem nada de inteligente. Ao contrário, serve como expressão de exclusão e preconceito.

A menina que tira foto de biquíni, tomando sol na laje de uma casa na periferia brasileira pode parecer ridículo. Ora, o que falar então do filhinho de papai que sai cantando por aí que “o Morro do Dendê é ruim de invadir”?

O fim do Orkut nos mostra que a inclusão daqueles que estavam “em baixo” na sociedade, automaticamente exerce uma pressão para os que outrora estavam “em cima” subam mais ainda. A simples promessa de igualdade com quem antes estava abaixo na escala social, faz com que alguns automaticamente se sintam mais pobres. Isso vai muito além das redes sociais. É algo que se sente nas grandes cidades brasileiras. Não é à toa que vivemos uma crise de percepção de felicidade nas classes médias urbanas e que exista uma insatisfação crônica em certos setores. Muitos sentem-se mais pobres ou com a necessidade de se tornarem mais ricos.

A classe média sente pavor da pobreza. Até porque a classe média brasileira ainda é muito recente. Na vida das pessoas ainda é muito viva a memória de pobreza. São muito raras as famílias que têm três gerações de abastados. Em geral, as lembranças ainda são de um passado em que os avós eram retirantes ou imigrantes esfomeados. Esta é uma lembrança que atormenta.

As “pérolas do Orkut” causavam pavor porque as pessoas se viam naquelas condições. Só achavam graça porque conhecem muito bem aquela realidade.

A classe média se alia politicamente e incorpora como seus os interesses da elite. Tudo isso num enorme esforço de pertencimento.

Da mesma forma que usam grifes de roupas caras costuradas por algum trabalhador escravizado em alguma oficina clandestina escondida por aí. Incorporam novos códigos para pertencer.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Qual o problema com a lágrima dos jogadores da seleção?



Agora a mídia esportiva se mostra perplexa e incomodada com a emotividade dos jogadores da Seleção Brasileira.

Ora, quando os jogadores de outras copas aparentavam tranquilidade e indiferença eram acusados por "não estarem nem aí" e de pensarem somente no dinheiro.

Mesmo a hoje beatificada seleção de 82 foi acusada na ocasião por "fazer um samba" antes e depois da derrota para a Itália.

Particularmente, prefiro muito mais uma Seleção com jogadores que demonstram suas emoções e aparentam sentir o jogo em carne viva do que aquela em que um certo jogador com nome de cantor decide ajeitar o meião num lance de gol do time adversário.

Não precisamos de um time indiferente.

A única coisa que sinto falta é de um ou dois jogadores maloqueiros pra dar uma equilibrada nas coisas.


Tem muito jogador "bão". Tá faltando um ou outro "marvado".

terça-feira, 1 de julho de 2014

O maior legado da Copa


O maior legado da Copa é o seguinte: Não fique repetindo como papagaio certas "verdades" dos "formadores de opinião". Imaginando estar antenado, você pode acabar embarcando numa canoa furada e fazendo papel de bobão.


Mantenho profundo respeito a alguns dos meus grandes amigos que desde o inicio discordaram de mim e foram contra a realização do mundial, com motivos razoáveis e respeitáveis, e coerentemente mantém sua posição política à respeito. Aqueles que sem ódio ou viralatismo expressaram sua opinião. Creio que cometeram um erro político. Porém foram e continuam sendo honestos com suas convicções.


Mas eu quero me referir aos odiosos e derrotistas que apostavam no caos para vender no camelódromo político um Brasil derrotado, inferior e incapaz. Um país que não acredita em si mesmo e que viesse a escolher o caminho do entreguismo e subordinação ao invés de apostar no próprio sucesso. Um país desacreditado que prefira as decisões fáceis de manutenção dos privilégios históricos do que este Brasil que suporta os incômodos e transtornos próprios dos processos de transformação social. Um país que caminha aos trancos e barrancos, mas que não é o lixo que tentaram fazer que a gente acreditasse.


O legado da Copa é fazer com que as pessoas percebam o ridículo que é ficar destilando ódio nos fóruns de internet proferindo injúrias e imbecilidades. 


O legado da Copa é mostrar de maneira nítida que o melhor do Brasil não é aquela gente metida a besta que se sente superior aos demais. Que xinga a presidenta, que xinga o centroavante, que xinga o treinador e que vaia o hino nacional do país vizinho e amigo. Essa gente que pode pagar as melhores escolas, mas não demonstra a menor educação.


O legado da Copa é mostrar que somos muito mais do que esses almofadinhas.


Ainda que não tenhamos conseguido ingressos para os melhores jogos e não tenhamos sido convidados para nenhum camarote VIP dentro dos estádios, somos a melhor parte deste brasilzão querido. Somos aquele que sabe torcer, sabe receber bem, sabe sambar, sabe batucar e que faz um amor gostoso cheio de desejo e bons sentimentos. Generosidade e compaixão. Que neste coração verde e amarelo existe muito mais amor do que ódio.


Cada um vota em quem quiser. Ou se não quiser votar também anula.


Mas talvez, o grande legado da Copa é mostrar para todo mundo que embora ainda não sejamos o país que gostaríamos de ser, podemos chegar lá. Ou pelo menos já descobrimos o Brasil que não gostamos e não queremos ser.