sexta-feira, 26 de setembro de 2014

As candidaturas que falam pelos candidatos



Existem mudanças sensíveis em nossa sociedade. Podemos dizer que nestas eleições os candidatos têm ocupado menor importância que as candidaturas.

As redes sociais que já foram um fator determinante nas eleições de 2010, ocupam hoje importância fundamental no cenário político. Ao contrário do que se poderia imaginar inicialmente, as redes sociais não servem apenas como veículo para difusão de propaganda e propostas políticas. Pode até ser uma ferramenta de divulgação. Mas as peças publicitárias ou estratégias de comunicação são irrelevantes se comparados com o peso dos debates cotidianos e o compartilhamento de informações dos milhões de usuários eleitores. 

A propaganda oficial convence muito menos do que a manifestação de apoio ou a rejeição dos internautas, vistos como indivíduos livres que expõem sua imagem e seu nome em defesa de uma idéia, projeto ou candidatura.

Redes como o Facebook e o Twitter quase que obrigam o indivíduo a manifestar uma opinião, se posicionar ou a aderir a uma corrente de pensamento. Quando a internet surgiu com a promessa de revolucionar as comunicações e as relações entre os indivíduos, presumia-se que o anonimato seria um fantasma ameaçador. Mas o que se vê é que, muito embora o anonimato ainda exista, os indivíduos têm rebocado à sua imagem pessoal um conjunto de posicionamentos e opiniões. 

Sobretudo no Facebook, onde co-habitam familiares, contatos de trabalho, amizades, colegagem, amantes e tudo mais, as opiniões são reveladoras. Recorrentemente, são motivos de discórdia, separações e novos agrupamentos. Os usuários são cobrados por seus posicionamentos, quando não estigmatizados. Se antes as pessoas podiam facilmente escapar pela tangente das opiniões absurdas em festas e encontros de famílias e amigos, agora o confronto é iminente. Alguns revelam sua absoluta incapacidade de conviver com o contraditório e se veem atormentados com a diferença.

No âmbito das eleições isso pode ser decisivo. 

Os eleitores não escolhem somente o candidato, mas o que aquela candidatura representa. O Bunker dos partidos políticos e os marketeiros não tem mais pleno controle sobre a totalidade do programa e dos propósitos das candidaturas. Mais do que o plano de governo - que na verdade nunca foi levado muito a sério - e as peças de propaganda, a candidatura representa um conjunto de valores, esperanças, rejeições, temores e revanches.

Claro que as empresas de marketing trabalham com estes elementos. Porém a política não é somente a soma de todos os políticos. O produto a ser "vendido" não é somente o candidato. O mercado eleitoral não consome somente benefícios sociais diretos, como se poderia imaginar.

Os eleitores não votam somente no candidato, mas no que aquela candidatura representa. E, diante disso, votam também em seus conhecidos. Escolhem entre as opiniões que lhes parecem mais próximas e adequadas à sua visão.

Cada usuário das redes sociais é um candidato em potencial. Deste candidato é cobrado coerência, sinceridade, transparência de idéias e a capacidade de representar um conjunto de expectativas. Da mesma forma, este "candidato" pode ser rejeitado por suas contradições, preconceito, cinismo, violência e falta de domínio sobre os temas. 

Em alguns casos, o que se espera é justamente a capacidade destrutiva de se falar o que não poderia ser dito, maldizer, atacar, mas tal qual nas urnas, este comportamento mais perde voto do que ganha.

As recentes transformações sociais, a entrada de milhões de brasileiros no mercado de consumo e a conquista de direitos das minorias (negros, gays, mulheres), estremeceram os seguimentos mais conservadores, com muito mais dificuldade de assimilar as mudanças. Soma-se a isso a imensa dificuldade de reorganização da agenda da direita internacional depois que seus principais pilares do livre mercado ruíram com a crise de 2008.

A desorganização do pensamento conservador, o ressentimento social e a crise de representação política, sobretudo na classe média tradicional, parece ocasionar uma enxurrada de manifestações raivosas, quando não preconceituosas e violentas. Estas são as primeiras que emergem, pois dependem menos de coerência.

A ausência de uma força política que represente de fato os interesses da classe média, permite que ela seja presa fácil da mídia tradicional e seus interesses corporativos, as igrejas e líderes conservadores. No desespero de preservar sua posição social, agarra-se nos cães raivosos que se alimentam do medo do sentimento de perda.

Voltando ao cenário eleitoral. A violência que se vê das manifestações conservadoras permite a unificação das correntes progressistas.

Em que se pese o desgaste do atual governo, depois de mais de uma década no poder e a insatisfação de uma camada da população que hoje espera e deseja muito mais do que podia imaginar no passado, a oposição não consegue se consolidar como alternativa. 

Quando os eleitores de Aécio se colocam como supostamente mais civilizados e esclarecidos do que os eleitores de Dilma que seriam ignorantes e beneficiários dos programas sociais, eles criam uma espécie de "camarote VIP eleitoral", com seguranças mal encarados prestes a torcer o seu braço e te expulsar da festa. 

Convencer um candidato a votar, sobretudo na oposição, é acolher, não afastar.

A candidatura de Marina parece não conseguir estancar a sangria de intenções de voto, sobretudo do eleitorado de esquerda que antes a via como uma alternativa progressista, mas hoje a vê decisivamente atrelada à grupos políticos e pensamentos conservadores.

Não por acaso as candidaturas de Eduardo Jorge e Luciana Genro tem angariado tanta simpatia, pela coragem para se manifestarem sobre questões tão importantes que estão sequestradas pelo discurso obscurantista e conservador.

O xadrez político favorece a candidatura de Dilma. A direita vil e raivosa é hoje o maior cabo eleitoral da esquerda. Ainda que o PT lidere uma coalizão de centro, permanece como alternativa eleitoral para abrigar as correntes progressistas.

Particularmente, não vejo problema nenhum em que existam pessoas conservadoras. Considero até que elas sejam importantes. Não muitas, mas algumas. Porém o que se vê não é simplesmente a insatisfação com os resultados de um governo e o desejo de mudança, mas o desejo de restauração de velhos privilégios e da hierarquia social. Tudo isso embalado num discurso preconceituoso e atrasado numa Guerra Fria tardia e requentada.

As eleições devem ser decididas nos detalhes. A votação em segundo-turno promete ser apertada. O comportamento dos eleitores conservadores nas redes sociais e os yuppies reacionários na televisão e na internet que vivem da verborragia inconsequente, podem ajudar a decidir o pleito. Porém, ao contrário do que eles imaginam, seria unificando os setores progressistas que não assinam embaixo este manifesto em defesa da barbárie. 



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O Planeta das Certezas.


Não aborte.
Mas se você for pobre, não saia fazendo filho por aí para que eles dependam de esmola do governo.
Então previna-se, mas não seja vagabunda de levar camisinha na bolsa. Não dê no primeiro encontro. Não use roupas apertadas e não provoque desejo indiscriminado nos homens. Não dance funk. Não queira merecer um estupro.
Mas, caso seja estuprada, ainda sim não aborte.
Não aborte, não tenha filhos por aí, não seja vagabunda, não dê, não provoque desejo. Se possível não exista.

Vá trabalhar, vagabundo.
Trabalhe, mas não proteste. Não saia por aí querendo direitos.
Não seja ingrato e aceite tudo de bom grado.
Se você quer ganhar mais, tem que ser estudado.
Se você é só estudante é vagabundo. Quem só estuda é filhinho de papai.
Filhinho de papai é vagabundo.
Se você só trabalha é trabalhador. Mas se não estuda não quer o melhor pra você, então é vagabundo.
Não seja um vagabundo. Não seja só trabalhador. Não seja só estudante. Não seja um pobre. Não seja um filhinho de papai. Se possível não exista.

Não ande de skate, não ande de bicicleta, não vista-se como gnomo. Não seja mais um alternativo. Aliás, nem são necessárias tantas alternativas.
Abaixe o som, desocupe as ruas, penteie este cabelo, emagreça, envelheça, cale a boca.
Não use tóxico, não seja viado, não dê a bunda, não use máscaras.
Não seja politicamente correto, coma a porra da banana, na Paulista não! Carnaval não! Na Pompeia não! Na Vila Madalena não! Metrô não! Ciclovia não! Faixa de Ônibus não! Exista não!

Agradeço pelas surras que meu pai me deu. Quem não fez merda não foi torturado. Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. Ele é preto de alma branca. Ele sabe se colocar no seu lugar. Quem mandou ela querer ter direitos iguais. Deu nisso. Não morreu nenhum santo. Ela bem que mereceu. Você me conhece. A mãe chora agora. Hoje em dia a gente sai é não sabe se volta. Eu pago os meus impostos. Queremos Barrabás. Tudo o que eu penso eu falo na cara. Não adianta dar o peixe. Sabe com quem você está falando? Então por que não tem cota pra ruivo? Então porque você tem um IPhone? Deus castiga. Sua casa tem senha no WiFi. Ta com dó, leva pra casa. O Chico Buarque nunca trabalhou na vida. Eu sou assim e não vou mudar. Está é a minha opinião.



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O Reaça Pobre e a Síndrome de Dona Florinda




O reaça rico a gente até entende. 

Compreensível ele ser conservador, defendendo a manutenção do status quo, sua posição e privilégios nesta sociedade tão hierarquizada como a brasileira.

Agora, o Reaça Pobre é de f... Vive esmagado, frustrado, explorado, sob risco permanente, mas ainda diz sentir medo do "inimigo vermelho". Até hoje acredita em bicho papão. 

Precisa convencer a si mesmo que é um cara muito importante e diferente da "gentalha". Padece da síndrome de Dona Florinda. 

Vive destilando preconceito contra os vagabundos, contra os negros, contra os baianos e paraíbas. TUDO ISSO EM CAIXA ALTA NO FÓRUM DE DEBATES DO UOL DEIXANDO EVIDENTE A SUA CARÊNCIA, JÁ QUE NO COTIDIANO NINGUÉM TEM PACIÊNCIA DE FICAR OUVINDO SUAS BOBAGENS, ENTÃO NA INTERNET ELE FICA NERVOSINHO, CORAJOSO E CRUEL. 

Se o reaça rico já não parece ser muito atraente, como disse certa vez aquele filósofo Pondé, o Reaça Pobre então, vive num desconsolo só. 

Sobrevive porque é desinteressante até mesmo para ser perseguido. 

É uma espécie de animal "incomível" da cadeia alimentar. 

Se a chamada "Esquerda Caviar" causa irritação nos "esquerdófobos", por ser uma suposta contradição, o Reaça Pobre então, coitado... É uma aberração. Quando o cara aparece numa festa todo mundo olha para o chão e diz: "Patcha que pariu... la vem..."

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

DANNEMANN - Excelência nos charutos e no atendimento ao consumidor.


Quem me conhece pessoalmente sabe do meu gosto pelos charutos.
Seja em minhas viagens ou pela colaboração dos amigos, desde muito tempo tive acesso aos charutos cubanos e tive a sorte de experimentar e conhecer algumas das melhores marcas.
Na minha ultima viagem de trabalho à Salvador, fui a uma tabacaria que já havia visitado algumas vezes. Queria comprar alguns charutos baianos. A Bahia também tem alguns dos melhores charutos do mundo, mas não conhecia com profundidade quais as melhores marcas e pedi a ajuda do dono da loja.
Ele me recomendou o Dannemann. Disse que a empresa trata de seu tabaco desde a semente em fazenda própria, na cidade de São Félix. A manufatura é realizada de maneira artesanal e o produto da região da Mata Fina é exportado para o mundo todo.
Comprei alguns charutos para agregar ao meu estoque pessoal. Cada vez valorizo mais estes momentos em casa. Alguns podem considerar um hábito caro, porém se a questão é dinheiro, posso garantir que fazer um belo jantar em casa e apreciar um charuto da melhor qualidade sai muito mais barato do que um restaurante médio na Cidade de São Paulo.
Vou explicar o ocorrido.
O Dannemann Especial capa Mata Fina vem enrolado em uma capinha de madeira, muito bonita. Ao abrir um dos charutos para fumar, notei que ele estava danificado. Havia buracos em sua superfície. Tive que descartá-lo. 
Entrei no site da empresa e comuniquei o ocorrido. Em anexo, mandei algumas fotos que havia tirado ao abrir o produto.
Em pouco tempo fui contactado pelo departamento de atendimento ao cliente.
Muito educadamente eles pediram desculpas pelo ocorrido. Fui informado que os charutos poderiam ter sido afetados por alguma praga, provavelmente no interior da loja. Orientaram a descartar os produtos que havia comprado e afastar dos meus outros charutos para evitar proliferação.
Em poucos dias, receberia pelo correio uma nova caixa para compensar a minha perda.
Confesso que fui surpreendido. Percebi da melhor forma que estava lidando com uma empresa de primeira linha e com excelência naquilo que faz.
Ao abrir a encomenda que chegou no prazo acordado, recebi uma carta assinada pelo Gerente Geral, Sr. Geraldo de Menezes, com um pedido de desculpas. Recebi uma caixa de Dannemann Especial capa Mata Fina e como presente mais uma caixa do melhor charuto da empresa, o Dannemann Artist Line Reserva.
Por si só a atitude da empresa já seria louvável. Não se preocuparam somente em justificar que não eram os responsáveis diretos pelo charuto ruim que havia comprado, mas decidiram preservar o cliente e repará-lo pelo inconveniente.
Mas a surpresa não parou por aí. Uma linda cortesia me deu mostras da qualidade da empresa no relacionamento com seu consumidor.
Em cada uma das caixas de madeira, o meu nome estava gravado. Um souvenir para ser guardado durante anos.
Quando abri a caixa de Dannemann Especial, percebi que as capas de proteção vinham com meu nome impresso em cada um dos charutos. Honestamente, um presente muito emocionante.
Algumas empresas investem fábulas em ações de marketing, mas quando tem alguma situação de crise com seu consumidor, mostram os dentes e as garras, sendo que muitas vezes a situação termina na justiça. Quando muito melhor seria preservar sua relação com seu cliente e garantir a satisfação do consumidor que já possui.
A internet se tornou uma importante ferramenta para que o consumidor possa manifestar seu descontentamento e denunciar possíveis abusos.
Mas as melhores práticas também devem ser destacadas. 
Até para que as boas e más empresas não estejam na vala comum.
Parabéns à Dannemann. Por mais que eu saiba que esta tenha sido uma reparação pelo inconveniente, agradeço pela atenção e pelo lindo presente.
Em tempo, seus charutos são realmente incríveis. Uma experiência muito agradável.

A São Paulo que assistiu o memorável show de Gil no Ibirapuera

Gilberto Gil fez um show histórico no Parque do Ibirapuera. 

Em tempos de pouca água ele lavou a alma dos paulistanos que puderam curtir um pôr do sol bacana no parque. 

As galeras fizeram seus piqueniques, depois sentiram uma brisa gostosa que levemente lambia o rosto da multidão. 

Um clima delicioso meio incomum nesta São Paulo carrancuda. 

Aliás, ao contrário do que se poderia supor, SP está cada dia menos carrancuda e conservadora. As transformações sociais são como a maré, vão mudando lentamente, sem que a gente perceba. Mas quando nos damos conta, o que era submerso agora se apresenta como uma nova paisagem. 

Aquela cidade neurótica, abrigo dos azares e dos traumas de tanta gente fugida da guerra ou retirante da seca talvez esteja ficando para trás. 

Permanece ainda nos velhos broncos e no preconceito inabalável dos coxinhas que perambulam por aí. Mas percebe-se a cada momento uma galera bacana, disposta a compartilhar senão o pão, mas ao menos os espaços públicos cada vez mais ocupados. 

Essa nova geração, livre dos traumas e fantasmas das rupturas políticas, regimes ditatoriais, híper-inflação, miséria generalizada e desemprego crônico não parece mais obcecar a "Cidade do Progresso", mas a São Paulo do bem-estar social. Uma nova geração de "baby bummers tupiniquins" um pouco inconseqüentes, porém livres do medo crônico do caos iminente. 

Quanta coisa para se ver num show, não é? Mas as coisas estão aí. Os bons observadores irão perceber.

O Gil estava fantástico, desfilando sua vitalidade surpreendente. Controla e conhece o público como ninguém. Fez um espetáculo memorável.



sábado, 13 de setembro de 2014

Pra conversar com Aécio Neves.

A minha amiga Juliana Fratini liderou uma iniciativa muito interessante. Reuniu outros cientistas políticos muito competentes para formularem em vídeo perguntas para o candidato Aécio Neves.

O candidato, desde o começo do ano, conclamou o eleitorado a conversar e debater idéias.

A iniciativa da Juliana foi excelente, pois propõe um debate de alto nível, sem cinismo e sem a violência dos programas televisivos que parecem estar permanentemente imbuídos da tarefa de constranger os candidatos.

Seria bom saber se o candidato tucano poderá dedicar alguns minutos de seu tempo para conversar com a sociedade e responder as questões formuladas.

No atual momento em que Aécio coleciona traições dentro do próprio partido e uma debandada da sua candidatura em favor de Marina Silva, seria uma boa oportunidade para aproximar o candidato do eleitorado.



terça-feira, 9 de setembro de 2014

O Facebook e a pangeia social


O Facebook, mais do que qualquer outra rede social, evidencia as diferenças entre pessoas muito próximas.
Preferencialmente, ela aproxima amigos e parentes, mas ocorre que poucas pessoas estão preparadas para o contraditório.
Nas festas de família ou nos churrascos entre amigos é possível se esquivar em marcar posição sobre determinados temas. Principalmente quando sua opinião é diferente da predominante naquele espaço.
As maiorias são "corajosas". Acreditam cegamente em si mesmas e não suportam serem contrariadas.
E para falar a verdade, quem quer passar o tempo todo discutindo e debatendo? A gente ouve os absurdos e fica em silêncio. Muito melhor assim.
Mas aqui no FB não dá. De algum modo este ambiente favorece a tomada de posição. Aí que ferra tudo.
Os donos da verdade ficam cegos de ódio. Babam de raiva. São intolerantes consigo mesmo, como poderiam tolerar as diferenças dos outros?
Amizades se afastam. Pessoas que antes eram suas amigas adquirem uma antipatia insuportável.
Nas grandes cidades, cada vez mais os espaços de convivência estão divididos. Você olha na cara das pessoas. Da pra ver se determinado bar ou restaurante é de gente cult, gay, reaça, yuppie, racista, vermelho, coxinha, alienado, machista, feminista, motoqueiro, BlackBlock.
Há tempos existem os circuitos e as tribos, mas nunca estivemos tão divididos. Você vai num lugar com um "tipo de gente" diferente de você e no seu íntimo sente vontade de exterminar a todos.
Rapidamente estamos todos indo para um gueto que é social, mas também pessoal, íntimo e afetivo.
Estamos nos dividindo (mais do que o necessário), mas por outro lado também estamos nos aproximando. Sobretudo, de gente que concorda conosco.
Talvez, o brasileiro esteja mudando. Talvez, em algum momento, a conciliação não seja mais a nossa opção principal nos momentos difíceis. Talvez caminhemos ou estejamos preparados para certos conflitos.
Desejo que as minhas e as suas amizades sobrevivam até o final da eleição.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Feliz Aniversário, Corinthians. Nosso espírito imortal.



Feliz Aniversário, Corinthians.

Um momento meio esquisitão da nossa história.

Porque para a nossa gente, o Corinthians não pode ser o Corinthians sem que a gente consiga se reconhecer nele.

Tantas coisas mudaram de maneira tão rápida.

Ainda nos sentimos meio sem jeito na nova casa rica, ainda meio gelada.

Dá um pouco de saudade do nosso cafofo. Onde fazíamos amor em sua plenitude. Comíamos arroz, feijão e fome, mas éramos muito felizes.

Sim, estamos gratos à Deus pela casa nova tão bonita.

Foi muito bom ganhar estes campeonatos incríveis. Viajar até o Japão para quem não tinha passaporte, mas sempre teve identidade, foi inesquecível.

Acontece que essa atmosfera de "novo rico" não combina conosco.

Desde sempre aprendemos a não dar o passo maior do que a perna. Quem sempre foi pobre, descobre muito rápido que não pode ser inconsequente.

Valorizamos a simplicidade. O olho no olho, o abraço apertado e não precisamos de muito para ser felizes.

Na boa, nem sabemos como ser esnobe. Somos meio caipiras e desajeitados. Somos todos um pouco Adoniran Barbosa.

Mas eu sei que este estranhamento logo vai passar.

Neste momento, percebe-se de maneira tão evidente que o Corinthians não está em seus edifícios, em seus troféus, em seus jogadores, nem no nome de ninguém. O Corinthians está no espírito do nosso povo. O nosso coringão paira no ar.

O Corinthians é energia coletiva. É palpável e ao mesmo tempo sensível. Tem gosto, tem cheiro. É uma coleção de quadros e imagens pregadas em tudo quanto é canto da nossa memória.

O Corinthians está na alma e corre nas veias da nossa gente.

E dá uma alegria danada perceber que este povo, de uma maneira muito especial, já fez a sua escolha. Quer um Corinthians popular. Não quer um clube que escape aos nossos dedos. Que deixe de representar aquilo que somos.


Vai tudo ficar bem. Já está bem. Logo passará este estranhamento.

Esta nova realidade não subiu na cabeça de nenhum corinthiano. Este é o primeiro passo para vencer sempre na bola e na vida. É isso que nós somos e não vamos mudar. A casa é bonita, mas queremos os nossos camaradas juntos de nós, curtindo este samba e comendo na mesma mesa.

O Corinthians é o nosso espírito imortal.


Parabéns, Corinthians que aprendemos a amar.