quarta-feira, 17 de abril de 2013

Silvio Santos falando sobre o "jornalismo investigativo".

Ocasionalmente encontrei este vídeo no You Tube.

Não sei como editar, mas vale a pena assistir principalmente os primeiros cinco minutos.

Muitas pessoas - e me incluo neste número - não gostam da maior parte da programação do SBT. Mas verdade seja dita, Silvio Santos nunca entrou neste jogo de chantagens e conspirações do jornalismo da grande mídia, onde noticia e opinião se misturam de maneira confusa e o telespectador não sabe onde começa uma e termina outra.

Houve um momento em que Boris Casoy apresentava um telejornal em que ao final das notícias transmitia suas opiniões. Mas ao que me parece, SS simplesmente conferiu ao Boris esta tarefa. Seus editoriais - ainda que estapafúrdios - não estavam a serviço dos interesses corporativos da emissora.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

O VELÓRIO ESTATAL DE MARGARETH TCHATCHER



O VELÓRIO ESTATAL DA SRA. MARGARETH TCHATCHER IRÁ CUSTAR R$ 24 MILHÕES AOS COFRES PÚBLICOS DO REINO UNIDO. 

Esses neoliberais são uma piada! 

Fazem aquele discurso de austeridade fiscal. 

Condenam os programas sociais, dizendo que o Estado não deve auxiliar os vagabundos. 

Quebram as garantias trabalhistas e as regras da previdência. 

Cortam investimentos públicos em infraestrutura. 

Condenam os gastos públicos. Freiam a demanda interna. Acabam com o poder de compra do trabalhador.

Acontece que os neoliberais privatizam os lucros, mas socializam os prejuizos. 

Quando as bolsas de valores explodiram em 2008, graças à farra dos especuladores, quem cobriu o rombo dos grandes magnatas foram os Estados. 

Agora, com os países endividados, fazendo-se valer da grande mídia internacional, eles querem transformar a crise dos especuladores em uma "crise de endividamento dos Estados". Como se os países tivessem quebrado por conta dos investimentos públicos e gastos sociais.

Exigem "cortes de austeridade", fazendo com que as populações paguem a conta. 

Quando um Chefe de Estado faz uma visita oficial, os jornais querem saber até mesmo o valor da conta no restaurante. Tudo bem. Mas pagar o velório da Madrinha dos Neoliberais com dinheiro público - em meio à mais grave crise financeira dos últimos anos - é no mínimo um escândalo! 

Os jornais apenas cochicham.


quarta-feira, 3 de abril de 2013

O Drama do Lotação - todo mundo sabe o seu lugar.

Certa vez peguei um ônibus no ponto aqui perto de casa.

Foi difícil pagar a tarifa ao cobrador porque o motorista acelerava com força e fazia viradas bruscas.

Com alguma força física consegui ultrapassar a catraca e encontrar um lugar para sentar, equilibrando nos ombros a mochila que eu carregava.

As ruas da Zona Norte de São Paulo são íngremes e sinuosas, com grandes aclives e declives subseqüentes.

Normalmente, gosto de abrir um livro enquanto transito até o destino final. A verdade é que muitas vezes eu prefiro ir ao trabalho de ônibus e metrô para atualizar minha leitura.

Mas naquela manhã foi impossível ler uma linha sequer. O ônibus sacudia violentamente e o motorista parecia gostar de assombrar a todos com a velocidade incompatível com o tipo de transporte e a estrutura daquelas ruas.

De longe eu olhava para o chofer e ameacei reclamar. Mas pensei bem e decidi me conter. Não queria gastar minha energia reservada para aquele dia tenso e cheio de obrigações.

Não queria que nada me aborrecesse para além dos aporrinhações ordinárias reservadas no meu cotidiano.

Foi quando uma senhora de idade entrou no ônibus. Com dificuldade subiu as escadas enquanto procurava um lugar para acomodar-se.

Sem a mesma capacidade física para suportar a condução violenta do motorista, ela chamou a atenção e pediu educadamente para que o chofer dirigisse com mais cuidado.

A resposta do motorista foi imediata. Sem nenhum pudor, pediu que a idosa "não lhe enchesse o saco".

Não acreditei no que ouvi. Quando decidi prestar mais atenção na reação do motorista para ter certeza do que ouvia, o cidadão remendou: "vai cuidar da sua vida que eu cuido da minha".

Fiquei assombrado. A senhora protestou dizendo que ele era muito mal educado. O motorista continuou e soltou mais dois ou três xingamentos despudorados.

Não pude mais ficar em silêncio. Me dirigi ao cidadão e comecei dizendo que ele não tinha o direito de falar com ela dessa maneira.

Foi o suficiente para iniciar um diálogo irracional e violento.

Ele perguntou "o que eu tinha com a história".

Sinceramente, não estava nervoso. Tentei manter a coerência e argumentei que a atividade dele, por ser uma área de concessão pública, exigia uma série de obrigações, e se caso ele não tivesse noções mínimas de respeito humano pelos mais velhos, deveria ao menos cumprir suas funções com responsabilidade.

Mas o bicho estava absolutamente fora de si. Me ofendeu e propôs resolver a situação no braço.

Àquela altura não me importava mais parecer elegante. Aceitei o desafio e estava muito disposto a dar uma sova naquele animal. Até porque ele permanecia dirigindo de maneira insana e ofendendo a idosa com todo repertório de baixarias.

A "velha" colocou os braços pela janela e uma viatura da policia parou ao lado do ônibus.

Fiquei surpreso com o fato de que os demais passageiros simplesmente baixaram suas cabeças e preferiam evitar o conflito com o motorista, talvez dependessem da "boa vontade" do homem nos outros dias da semana.

Todos desceram do ônibus, mas nem a presença do policial intimidou o "motora" que permaneceu xingando com veemência e gritando alto. O cara estava fora de si. Totalmente ensandecido.

Quando ele levantou o dedo na minha cara, não me contive e torci o pulso e o braço do demente. Ainda que na frente de um policial, dei uma gravata, imobilizando o cidadão.

Obviamente o policial me impediu e logo em seguida procurei me livrar daquele barraco louco que havia me metido nem sabia o porquê.

Não queria de forma nenhuma passar o dia na delegacia. A própria idosa estava com medo e queria sair daquela situação de qualquer forma.

Por que o motorista se comportava daquela maneira? Seria estresse? Muitas coisas me passavam pela cabeça, mas não conseguia entender como as coisas haviam chegado naquele nível.

Antes de ir embora, o motorista facínora me deu algumas pistas para entender aquele feito, ainda que parcialmente. Gritava ele:

- vocês são pobres! Não venham se fazer de importantes aqui, porque se vocês tivessem dinheiro andariam de carro e não de ônibus.

Pensei muito a respeito.

Toda questão está ligada ao ressentimento social.

Em seu cotidiano, o motorista poderia até tolerar ser subjugado por seus patrões e superiores. Certamente aceita (ou aceitaria) toda sorte de humilhações. No entanto, torna-se particularmente insuportável servir às pessoas que fazem parte de sua própria classe social.

Neste pais que tem horror à igualdade, os espaços públicos e coletivos são locais de tensão e desespero.

Tudo é uma questão de hierarquia.

Passageiros são atirados para fora dos ônibus, ciclistas esquartejados, pedestres atropelados.

Sim, porque no Brasil todos devem saber o seu lugar na sociedade.