sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Arrogância e Violência de Barbosa preservam a biografia de José Genoino

  




O episódio do "mensalão" deve ainda ser muito analisado por esta e pelas futuras gerações com farto conteúdo para estudos sob o ponto de vista jurídico, político, sociológico, cultural, etc.

A ocasião que foi ganhando massa ao sabor dos próprios acontecimentos, desde o inicio se converteu em uma gigantesca oportunidade política para os opositores do governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores.

Se os setores políticos mais conservadores salivavam com o prato cheio que surgia à mesa, a própria esquerda - incluindo principalmente o PT - não soube na ocasião dimensionar a extensão do que acabava de ocorrer.

O debate merecia muita atenção, pois colocava em questão a fronteira ou convergência  entre corrupção, chantagem, construção de maioria politica, desvio de recursos públicos utilização de caixa dois, compra de apoio político, financiamento de campanha.
 
Tudo era discutido sem muito cuidado e quase ninguém se arriscou a refletir sobre onde começa a corrupção e onde ela desemboca. Pensar o histórico conflito na relação entre os privado e o publico no Brasil.

Existiam tarefas políticas em curso. Acreditava-se estar colocando a pá-de-cal no ainda recente Governo Lula que ainda não tivera tempo de cumprir a parte principal de seu legado político.

O fato é que no frigir do show midiático que cercou o evento, tanto a oposição como alguns setores que apoiavam o Governo fizeram cálculos políticos equivocados.

A oposição acreditava que Lula estava aniquilado politicamente e concentrou-se na guerra interna pela indicação do presidenciável do PSDB. Geraldo Alckmin fez valer a força do Palácio dos Bandeirantes para garantir sua candidatura.

Mas muitos quadros da esquerda também se precipitaram. Alguns se encolheram, outros abandonam o barco. Uma parte destes políticos se converteu em bobos da corte, incorporando o estereotipo de esquerdista arrependido nos cenários televisivos. Até hoje alguns deles permanecem fazendo papel de imbecis infantilóides como se não tivessem saído do transe dos anos sessenta e setenta.

Foram poucos os que tiveram coragem de defender suas posições políticas.

O espirito era de Inquisição. A imprensa cobrava inclusive o "silencio dos intelectuais". A ordem era aniquilar a esquerda.

Mais uma vez, entre tantas outras, o Presidente Lula foi subestimado. Imaginava-se que com a esquerda na parede, o governo estaria seqüestrado pelos setores mais conservadores,

O resto da história todo mundo conhece. Lula soube reconstruir sua base de apoio, aprofundou as bases do lulismo, aproveitou-se da incapacidade da direita em organizar seu discurso político para além do moralismo barato, venceu as eleições de 2006 mudando o mapa político do Brasil e elegendo posteriormente sua sucessora.

Muitos surfaram nas boas ondas da restauração econômica e pegaram jacaré na marolinha da crise mundial.

Os políticos mais inesperados juraram amor eterno ao presidente Lula no alto de sua popularidade de 80%.

Mas foram muito poucos, porém gloriosos, que arriscaram perder a popularidade pega de carona em defesa de quem ficou ferido em 2005. 

O episódio havia sido superado. Sua tarefa política havia sido cumprida, pelo menos até que novas demandas surgissem.

José Dirceu e José Genoino, duas das maiores figuras da esquerda brasileira, ainda que mantivessem o apoio e respeito de seus correligionários (e até mesmo de muitos detratores) estavam amaldiçoados.

Eram o prato predileto dos reacionários imberbes da televisão que não faziam questão nenhuma de superar sua ignorância histórica e preferiam - como bons yuppies - rebolarem a dança que fosse necessária para agradar o humor de seus patrões.

Mais do que qualquer senso de justiça, estava em jogo o ressentimento social. Era preciso se vingar das duas grandes figuras do petismo que ousaram instaurar uma república sindical no Brasil.

Mais do que a corrupção, incomodava a subversão de classes.

Dirceu é homem de guerra, com personalidade confrontativa e com reconhecida coragem pessoal. Sabia (e sabe) exatamente por que e por quem estava sendo julgado.

Igualmente corajoso, Genoino suportou o linchamento.

Elegeu-se novamente como Deputado chegando a quase cem mil votos de eleitores que escolheram seu nome, mesmo com a contra-informação e o constrangimento da velha mídia.

Sim, Genoino sofreu. Eu mesmo tive a oportunidade de conversar com ele em algumas ocasiões. Foi generoso em me contar muitas de suas experiências de vida. 

Genoino foi preso durante a ditadura. Foi torturado e ameaçado. Mas no fundo, sabia exatamente porque estava sendo preso. Não poderia se ressentir. Cumpria a consequência de suas escolhas históricas. Foi preso como guerrilheiro, porque efetivamente, durante dado momento, concordou em sê-lo.

Mas ser preso como corrupto era um castigo que ele não merecia. Porque efetivamente isso ele nunca foi.

Não é necessário que eu gaste muitas linhas para dizer o que muitas reportagens de blogs independentes e até mesmo da mídia tradicional vem dizendo a algum tempo.

Genoino é um homem sem posses. Com uma vida modesta, até mesmo abaixo do padrão salarial de um Deputado Federal. Trata-se de um grande brasileiro. Honesto, aguerrido e patriota.
Sim, eu disse patriota. Palavra fora de moda? Mas Genoino é um dos pouquíssimos políticos deste país e quase único parlamentar que se dedica a temática da segurança nacional.

Nacionalismo pode ser coisa de direita na Europa ou nos EUA. Mas aqui na América Latina, onde nossas elites perversas se dedicaram à tarefa histórica de entregar todas as nossas riquezas aos colonizadores e imperialistas, o nacionalismo é sim uma bandeira da esquerda. Pra direita brasileira, nem é necessária a discussão sobre segurança nacional. Precisa de um Deputado como Genoino pra iluminar esta questão tão obscura em nossa história.

Se muitos políticos, inclusive alguns da esquerda, não foram devidamente eloqüentes em defender Genoino até sua condenação, após o abuso e arrogância do Presidente do STF Joaquim Barbosa, diversos setores da sociedade se manifestaram em defesa de Genoino que há poucos meses escapou da morte, ficando internado durante um mês.

A postura revanchista e hipócrita da direita nacional, tentando vender a imagem de que se construía um Brasil mais justo com a prisão de Dirceu e de Genoino, mobilizou e unificou os setores mais progressistas.

Intelectuais, blogueiros, políticos, militantes, jornalistas.

São muitos os que se manifestam em defesa também de Dirceu, mas solidários com a situação de Genoino que corre sério risco de vida.

A arrogância, violência e oportunismo de Joaquim Barbosa só fez por restaurar a biografia política de José Genoino.

Se antes a confusão estabelecida pelo circo insano do processo do "mensalão" havia causado danos ao velho Genoino, a voracidade dos chacais direitistas resgatou o papel histórico deste grande brasileiro.

Isso também serve para José Dirceu. A cada dia de injustiça sua figura política só aumenta de importância.

Neste post me concentrei mais na figura de Genoino principalmente pelo momento delicado que ele atravessa e pela oportunidade que tive de conhecer este político espetacular.

Sociólogos, marqueteiros, publicitários, cientistas políticos, jornalistas, psicólogos, etc. Todos tentam entender de alguma forma a maneira muito particular que o povo tem de interpretar a realidade. Todos eles colecionam insucessos em maior ou menor grau.

Mas é possível dizer que estas prisões do "mensalão" podem ter o efeito contrário do esperado.

A prisão de Genoino não transmite a sensação de um pais mais justo, ao contrario, reforça a injustiça histórica em que só estão vulneráveis à punição os pobres desse pais.

Com tantos fraudadores, especuladores, golpistas, sonegadores, estelionatários, corruptos e charlatões. Todos eles muito ricos. Prenderam justamente o político pobre que estava na rota de colisão da elite nacional.
Mas é bom que se diga: abriram a caixa de Pandora.

Não é à toa que muitos órgãos de imprensa agora tiram o pé.

Amanhã há de ser outro dia e pela mesma porta que foram presos o Genoino e o Dirceu podem e devem entrar os verdadeiros e gigantes corruptos do Brasil.


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

De Blasio e a "última tendência de Nova Iorque".






Nova Iorque elege Bill de Blásio, político acusado de socialista pela direita Estadunidense.


Ele condena a concentração de renda nos Estados Unidos, é a favor do aumento de impostos para os mais ricos em favor de programas sociais e serviços públicos para os mais pobres.


Defende modificar a ação da policia contra a população negra e latina em NY. É casado com uma mulher negra e orgulha-se dos filhos frutos da sua relação interracial.

Os conservadores brasileiros não vivem dizendo que "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil"?


Não voltam de suas viagens encantados com as novidades de New York?


Então talvez esta seja uma ótima oportunidade pra perceber que justiça social e distribuição de renda não são somente coisa de comunista.


Se os americanos gostam, tá liberado pra vocês gostarem também.


Quem sabe essa eleição de Nova Iorque não agregue valor para o nosso eleitorado conservador local?

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O Brasil Escravocrata é o País dos Camarotes Vip's






Surpresa nenhuma com o tal Rei Tardado.


O Brasil é efetivamente o país dos camarotes Vip's.


Bom seria se os camarotes fossem restritos às baladas.


Dessa forma, nada mais aconteceria que não as patéticas confrarias de babacas inseguros em busca de reconhecimento e afirmação.


Triste mesmo é saber que os Camarotes Vip's estão nas Universidades, nos Hospitais, nos serviços públicos, nas Igrejas, no acesso à Justiça, nas cadeias, nas praias e até nas redes sociais, na atitude daqueles que fogem da "orkutização" e querem apenas se ver cercados de "gente bonita".


Este país detesta a igualdade, mas também odeia as diferenças. 


Tal qual na obra do Professor Roberto da Matta, permanecemos o país do "sabe com quem está falando?" e a convivência nos espaços públicos são marcadas pela tensão na negociação entre os iguais e os desiguais. 


Os espaços públicos, sendo o local de todos, configuram-se como um território de ninguém. Torna-se preciso privatizar os espaços. Hierarquizá-los tais quais as nossas experiências mais íntimas. E aí sim, no ambiente privado, o "dono" pode ser gentil e amistoso, tratando os seus com reverência e consideração. 



Continuamos sendo uma nação de escravocratas. A desigualdade já compõe a vida mental dos brasileiros. 


Tá "todo mundo" disposto a abrir as pernas no banheiro da "balada social" em troca de uma pulseirinha VIP. 


Pra ficar cercado no camarote da sociedade e sorrindo com escárnio diante da exclusão.