sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Do artigo de FHC ao pronunciamento de Dilma. A semana em que a presidenta entrou para a história.




Nos últimos dias, discutiu-se bastante o artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nos jornais "O Globo" e "Estado de São Paulo".

Em seu texto supostamente técnico, FHC tentou demonstrar que a presidenta Dilma havia recebido uma herança maldita do Governo Lula.

O ex-presidente começa falando da corrupção, um problema que destarte causa indignação e justa revolta em todos os brasileiros.

Mas logo depois, o ex-presidente procura desqualificar Governo Lula justamente no que ele apresenta de mais significativo, transformador e corajoso. Por conseguinte, não à toa, o que ele tem de mais distante da triste "Era FHC".
 
Fernando Henrique critica as medidas do governo para renacionalizar a economia brasileira. O tucano desdenha do esforço para fomentar os setores produtivos nacionais e recuperar o potencial brasileiro para o desenvolvimento.

Ate mesmo do aumento salarial do trabalhador brasileiro  FHC reclamou.

Tudo em nome da "austeridade fiscal".

Que o Fernando Henrique sempre se sentiu mais europeu que brasileiro a gente já sabia. Mas o ex-presidente parece se ressentir do fato de que não compartilhamos aqui no Brasil  a mesma crise e desemprego que os europeus vem sofrendo depois da quebradeira nas bolsas.

Receitar para o Brasil o mesmo remédio que impede a Europa de se recuperar é querer mergulhar o país na mesma crise que flagelou nossa nação nos tristes anos 1990, sob o comando do FH.


Mas que ninguém se engane. Por trás deste artigo desastroso, esconde-se o interesse pela intriga.

Desde o fim do último governo, FHC procura separar as qualidades da presidenta Dilma do legado do presidente Lula. 

O ex-presidente sabe que a única possibilidade de a direita almejar uma vitoria em 2014 é dividindo o lulismo. Com suas intrigas, FHC pretendia atrair a presidenta para o seu campo de influência.

Inicialmente, Dilma foi muito cordial com Fernando Henrique, parabenizando o ex-presidente em seu aniversario, mostrando sua virtude republicana.

Mas ao responder o ultimo artigo de FHC, a presidenta não hesitou em demonstrar repúdio e agiu com firmeza, pondo fim aos gracejos do tucano.

Segue abaixo a nota da presidenta:

"Nota Oficial
Citada de modo incorreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado neste domingo, nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, creio ser necessário recolocar os fatos em seus devidos lugares.
Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão.
Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes.
Recebi um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes.
Recebi um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista.
Não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a história. O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil"

Mais do que defender Lula, Dilma fez uma defesa da nova estratégia do Estado brasileiro e sua busca pelo desenvolvimento com justiça social e melhor distribuição de renda.

Mas não parou por aí.

Em seu pronunciamento em cadeia de radio e televisão, na ocasião dos festejos pela independência do Brasil, a presidente fez um discurso histórico.

Em contraste com o "Brasil do apagão" do período FHC, Dilma anunciou importantes reduções nas tarifas de energia elétrica para os consumidores residenciais e principalmente para a industria, tão carente de incentivos para aumentar a produtividade e competitividade.

Não é uma medida populista, já que o Brasil é um dos países com a energia mais cara do mundo, ainda que tenhamos uma das maiores matrizes energéticas.

A presidenta falou também sobre as concessões privadas no setor de transportes, em especial na recuperação da malha ferroviária. Ressaltou que este projeto em nada tem a ver com a privataria que desgraçou a nação na década de 1990, pois o projeto reforça o papel do Estado como regulador do sistema.

Ela ressaltou a queda das taxas de juros para os patamares mais baixos da história. Além disso cobrou os bancos privados a rebaixarem mais ainda seus índices, ofertando através dos bancos públicos taxas mais atraentes ao consumidor.

Esta foi uma grande semana para Dilma..

Pela primeira vez em décadas um presidente enfrenta interesses tão poderosos. Seja dos grandes bancos, dos especuladores, ou mesmo das empresas de telefonia que há tempos vem achacando o consumidor, mas somente agora estão sendo punidas.

Dilma consegue enfrentar duros interesses porque é muito séria e transparente.

A população confia em sua presidenta. No seu senso de justiça. Em sua firmeza diante de questões que afetam diretamente a vida do povo brasileiro.

Do infeliz artigo de FHC, passando pela firme nota de resposta e concluindo com o pronunciamento do sete de setembro, a presidenta Dilma deixou claro que entrará para a história do Brasil como uma grande líder desta nação.

A confiança em Dilma nos dá a certeza de que reformas estruturais estão sendo realizadas para a retomada do desenvolvimento e o cumprimento do destino manifesto do Brasil em ser uma grande nação com papel de liderança internacional. 

E mais do que nunca: país rico é país sem miséria!


9 comentários:

  1. Sábias palavras, Rafael!
    Apesar de eu ser 'anti-petista', tiro o chapéu para a senhora Presidenta.
    Até porque, 'nunca antes na história desse país' se viu tanta firmeza numa liderança presidencial.


    Abços.


    http://facebook.com/WilsonADM

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  2. Até os tucanos (que sabem voar)acham que o FHC exagerou no seu último artigo político. FHC tentou atingir o PT e terminou atingindo as últimas penas dos tucanos que não sabem voar. A resposta da presidenta Dilma foi tão contundente que, até agora, tem penas caindo no fundo do poço ora habitado pelo DEM, eterno aliado tucano.

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  3. Como se diz aqui no Chile, ela "rayó la cancha". Se o FHC quiser se aproximar dela de novo, terá que se retratar dos seus ataques ao Governo Lula, o que é muito difícil que aconteça, porque o ressentimento que atormenta a alma dele pelo sucesso do Lula é imenso e inesgotável.

    Tenho lá minhas ressalvas quanto ao tema das concessões, não sou muito a favor mesmo nessa modalidade, que sim é bem diferente do que fizeram os tucanos, mas ainda fico com um pé atrás.

    E algo que já se observou há bastante tempo, mas que nessa semana ficou ainda mais claro, é que aqueles que chamavam Dilma de "poste do Lula" estão tendo que engolir a seco a metáfora. Diferente do Kassab, que não vai nem no banheiro sem pedir autorização ao Serra, a Dilma tem autonomia, um caráter forte e poder de decisão.

    E o mais importante, ela deixa claro de que lado ele está da "cancha".

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  4. Acho um tanto exagerado falar que há um "esforço para fomentar os setores produtivos nacionais e recuperar o potencial brasileiro para o desenvolvimento". O que se vê é a adoção de um sem número de medidas protecionistas completamente dissociadas de ações efetivas de fomento à indústria, da concessão de benefícios, melhoria nos portos, rodovias e ferrovias ou da redução da carga tributária. Medidas paliativas, muitas vezes são necessárias, mas não se sustentam por muito tempo.

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  5. Se bem que há algumas coisas ocultas pela senhora presidenta...
    http://www.youtube.com/watch?v=DfMqjEaYS2g&feature=youtu.be

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    1. Perfeito, Wilson. Cadê o Aecio, ou outro postulante da oposição pra puxar o coro Da oposição? Você não acha que estas lideranças políticas diminuíram de tamanho na hora H e reduziram sua plataforma ao moralismo político?

      Abraço e volte sempre.

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  6. Cara, o FHC não teve uma era triste. O que Lula deixou para a Dilma foi plantado por FHC, mas a árvore não cresceu tanto quanto deveria. O país não está investindo em desenvolvimento, mas em bolhas creditícias e imobiliárias. Quem procura entender a industrialização no Brasil sabe que ela está diminuindo, pois as industrias que crescem aqui diminuem o PNB atraves dos Royalties. A longo prazo vamos dar de cara com a "era triste" e será pior por sabermos que poderiamos ter evitado.

    Enfim, LULA não foi um bom presidente. Os estudos e o tempo confirmarão isso. FHC foi no mínimo competente com o país que recebeu de Sarney, Collor, Itamar, e nos levou a um outro patamar econômico. Nos resta pensar pra frente e não sermos ingratos. Grande abraço. Alexandre.

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