sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Meu Primeiro Show do Metallica

Meu primeiro show do Metallica

Chega a dar vergonha de dizer, mas fui num show do Metallica em 1993.
20 anos, é isso?
Nessa época o Mano Menezes nem era o vocalista da banda.
O show foi no estádio do Palmeiras e era véspera de uma Greve Nacional dos Estudantes, organizada naquele ano.
Este era o primeiro grande movimento depois do Impeachment de Collor em 1992. Era um teste de fogo para medir nosso real poder de mobilização, posto que em poucos meses os estudantes se tornaram inimigos indesejáveis para a grande imprensa, depois de uma mentirosa simpatia dissimulada.
O movimento tinha lideranças brilhantes.
Eu era apenas um pentelho de 17 anos.
Apareceu na sede da Rua Vergueiro, um Trio Elétrico gigante, mas todo preto. Horripilante. Tosco na verdade. Pareceria que ia desabar, mas acho que foi o que deu pra pagar na ocasião. Ele serviria para fazer a chamada "mobilização" da estudantada.
Juntamos a molecada que fazia um tempo por lá e dissemos: "vamos colar na porta do Show do Metállica?"
Eu já estava preparado para o show e vestia uma camiseta do Sepultura toda preta e com uma caveira na frente.
Não sei ao certo se a galera do show realmente estava tão simpática a causa, mas a idéia foi muito boa.
Pra quem esperava horas na fila, aquele carro de som todo preto tocando heavy metal no último volume era pura diversão e quebrava o marasmo ao qual eles estavam submetidos.
Eu lá no microfone falando grosso e incorporando o astro do rock. A molecada do movimento toda delirando e aproveitando pra paquerar as gatinhas que davam bola.
Daí, algum filho da puta dos meus amigos desceu pra pegar o telefone, ou coisa assim, deixando o tampão que dá acesso à parte de cima do Trio.
Pra quem nunca subiu num troço desses, você sobe por uma escada improvisada e existe um buraco no chão da parte de cima, que deve ser devidamente tampado para que não haja nenhum acidente.
Lembre-se, tratava-se do Trio Elétrico mais tosco do mundo.
Estou eu falando no microfone e ridiculamente me sentindo um astro do rock ou uma grande liderança popular. Que mico.
Mas até que a galera estava gostando.
Foi quando eu disse:
- É isso aí galera! Até amanhã na Avenida Paulista. Amanhã não tem aula! Greve dos Estudantes! Tchaaaaaaauuuuu
Dei um passo atrás e cai no calabouço.
A galera lá fora gritava eufórica.
Pra quem via debaixo, aquilo parecia um efeito especial.
Rolei escada abaixo.
Alguém gritou "devolve o microfone".
Minhas costas doem até hoje.

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