sábado, 1 de setembro de 2012

Os últimos dias da carreira política de Serra




A possibilidade que o ex-governador José Serra sequer esteja presente no segundo turno das eleições municipais é cada vez maior.

Caso esta hipótese se configure seria um triste fim para a carreira política de Serra.

Desde os tempos de líder estudantil até alcançar o posto de comandante da patrulha de choque do neoliberalismo brasileiro, Serra foi um líder político ousado, ambicioso e agressivo.

Após seus dois mandatos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se recolheu do cotidiano político e preferiu aceitar, com alguma satisfação, sua condição de gurú da direita brasileira.

Serra assumiu a chefia das "tropas" e fez um calculo político em que alcançar a 
presidência seria uma questão de tempo.

Não mediu esforços para desbancar seus adversários internos e ganhou o apoio de setores poderosos e importantes, como os grandes veículos de imprensa e o mercado financeiro.

Mas o sucesso dos mandatos de Lula  e sua capacidade de aglutinar os grandes capitalistas, liderando um governo de centro e atendendo os setores desenvolvimentistas, ressentidos de representação política após a devastação neoliberal, aniquilou a estratégia de Serra em se qualificar como única alternativa viável para o capitalismo brasileiro.

Serra foi empurrado para a direita. Lá ficou, prensado e esmagado. Diminuiu seu tamanho político e sequer teve a capacidade de defender o projeto político que foi partícipe, como um dos maiores articuladores das privatizações e dilapidação da infra-estrutura nacional.

A derrota para Dilma foi humilhante. Não por ser derrotado pela candidata do presidente Lula, no alto de seus 80% de aprovação. Mas por ter cumprido um papel muito menor do que o esperado. Foi constrangedor.

O estilo truculento de Serra e a opção por destruir seus oponentes, em detrimento da possibilidade de construir alianças, desgastou sua figura e o tornou uma figura abjeta no meio político.
Pouco a pouco esta imagem que Serra cultivou nos bastidores da política passou a ser conhecida pelo eleitorado.

A imposição de seus projetos políticos pessoais aos interesses de seu partido e a insistência em ser candidato em tantas quantas eleições lhe fossem convenientes ficou visível aos eleitores, contrastando com a figura doce e serena vendida em suas propagandas eleitorais.

Existe um esgotamento do eleitorado com a figura política de Serra. Nas ruas, o que mais se ouve por parte de seus antigos eleitores é que "não da mais para votar no Serra" ou que "não agüentam mais olhar a cara do Serra".

Nas últimas eleições para prefeito, em 2008, o candidato Paulo Maluf recebeu apenas 5% dos votos. Claro que o espaço representativo do malufismo na capital paulista é muito maior. Mas o candidato Maluf deixou de ser alternativa política e estava desgastado, mesmo para o eleitorado malufista.

A tendência é que Serra não vá ao segundo turno.

Fernando Haddad ocupará o espaço representativo do PT e talvez termine o primeiro turno na frente de todos os outros candidatos. Ele já está no segundo turno.

A disputa é pela outra vaga.

Hoje, Russomano tem grande possibilidades, pois conseguiu catalisar mais rapidamente as intenções de voto que desembarcaram da candidatura Serra. Principalmente por ser o candidato mais conhecido no processo eleitoral  (depois de Serra).

Agora, Serra deve readequar sua estratégia.

Ele deverá mirar sua artilharia contra Russomano.

Para chegar ao segundo turno, Serra tentará sensibilizar seu potencial eleitor que: 

1- é o melhor candidato para enfrentar o PT no segundo turno e evitar uma vitoria de Lula em São Paulo.
2- constranger ao máximo o voto do "eleitorado conservador" em Russomano, explorando sua inexperiência administrativa, seu controverso arco de alianças políticas e seus compromissos com os evangélicos.

Mas isso não é garantia de sucesso. Até porque existe outra chapa que pode angariar os votos dissuadidos da candidatura Russomano.

Gabriel Chalita já recebe o apoio de muitos tucanos dissidentes, insatisfeitos, ou perseguidos por Serra.

Ele pode ser o maior beneficiário de um eventual "sucesso" da nova estratégia que Serra deverá adotar.

Caso a coordenação da candidatura de Serra não perceba logo que Haddad já está no segundo turno e mude o seu foco nesta campanha, o ex-governador estará eliminado.

 O que está em jogo é um novo arranjo do eleitorado conservador paulistano. 

A eventual derrota de Serra decretará o fim de sua liderança política.

Rapidamente, o governador Alckmin acolherá os serristas remanescentes e poderá se consolidar como grande chefe do PSDB paulistano. Serra estará descartado.

Serra não queria ser candidato. Mas se sentiu obrigado, já que o mandato de prefeito poderia garantir seu patrimônio político e protegê-lo dos inúmeros inimigos que colecionou durante sua carreira.

Entrou na campanha pressionado pela derrota nas eleições presidenciais e pelas denúncias do livro "Privataria Tucana".

Serra está sendo condenado pelo conjunto de sua obra como político. 

Estes são os últimos dias da carreira política de Serra.


Um comentário:

  1. Por favor qual é o partido do Russomano, eu pensei que ele fosse do 11 PP, mas eu sou de Osasco voto aqui me simpatiso com ele e o numero da legenda dele é 10 mas não vi a sigla, e outra coisa não acompanho horário eleitoral estou trabalhando.

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