domingo, 14 de outubro de 2012

Campeonato Paulista de 1977. O maior acontecimento da história do futebol!










A conquista do Campeonato Paulista de 1977 continua emocionando a torcida do Corinthians que não se cansa de celebrar e reconhecer a grande conquista.

Vencemos a Libertadores. 

Enfim! Depois de tanto esperar. 

Por duas vezes, fomos campeões mundiais.

Foram acontecimentos históricos.

Porém, mesmo conquistando os campeonatos mais desejados pelos sul-americanos, os corinthianos continuam nutrindo um especial e inigualável amor pelo campeonato de 77.

Em tempos de globalização, as disputas continentais subordinam as conquistas nacionais em todas as partes do mundo.

A copa dos campeões da Europa tornou-se um evento acompanhado atentamente pelo mundo todo. A própria Libertadores da América, é transmitida nos bares dos principais países europeus que pouco a pouco passam a se interessar pelos jogos do Novo Mundo.

Mas nada pode superar o maior acontecimento da história do futebol mundial: A conquista do Campeonato Paulista de 1977 pelo Corinthians.

Para os jovens de hoje é difícil entender porque um campeonato regional poderia alcançar esta magnitude.

Mas há poucas  décadas o mundo não parecia tão pequeno quanto parece hoje. As fronteiras eram mais distantes.

Nos dias de hoje, quando algum paulistano visita o litoral do estado, sequer considera aquilo uma viagem. Ninguém mais diz: "fui viajar à Santos". Mesmo quando se vai o extremo do litoral norte, o paulistano já diz: "estou indo à praia".

Qualquer distancia menor do que mil quilômetros é muito fácil de encarar.

Viajar à Argentina tornou-se algo muito mais simples de uns tempos para cá.

Indiscutivelmente o mundo ficou menor.

Mas nos idos anos 70, em meio a Guerra Fria e em plena Ditadura Militar, as distancias eram mais longas e sabíamos muito pouco o que se passava no outro lado do mundo.

Aliás, existiam muitas coisas que, em verdade, éramos impedidos de saber.

Antes de 1977, o Corinthians havia ganhado o campeonato em 1954.

Imaginem só o processo histórico que estávamos vivendo...

Getúlio Vargas recém havia se suicidado. Seu gesto político foi o único possível para evitar o golpe da direita entreguista contra seu governo. Efetivamente, Vargas pagou com a vida, porém impediu durante anos que obscuras forças pilhassem nossas riquezas em favor do imperialismo estadunidense.

São Paulo era a cidade que mais crescia no planeta.

Um turbilhão de brasileiros, migrantes, imigrantes e retirantes chegavam à São Paulo e se equilibravam como podiam em bairros, vilas e favelas. Traziam seus parentes para trabalharem em fábricas nos intermináveis turnos da revolução industrial brasileira.

Nestes tempos tão sofridos, aquela gente pobre e trabalhadora encontrou logo um elemento de identificação social no processo histórico em que estavam inseridos.

Os indivíduos podiam não ter dimensão exata da grandeza épica daquele acontecimento, mas ao subir nas arquibancadas para assistir o Corinthians jogar, certamente sentiam pertencer a algo realmente grande. Participar de uma experiência coletiva fantástica.

Se o mundo era maior do que é hoje, os Corinthianos logo decidiram alcançar o mundo através do nosso Corinthians. O mundo era o Corinthians. Chegar a São Paulo e experimentar a cidade era deixar para trás o desterro, as privações, as guerras, a seca, o esquecimento. O Corinthians era a porta entrada desta nova vida, e deste novo mundo.

Vejam, o Corinthians não era o melhor dos times. O Santos, por exemplo, tinha Pelé. 

Nós acumulávamos algumas derrotas e decepções, mas sempre com momentos de êxtase e de magia. Vitórias tão fantásticas quanto simples. 

E este era o lance da identidade. O sofrimento e a simplicidade.

Não dava para torcer para outra equipe. O grande barato não era vencer. O que estava em jogo, no jogo do Corinthians, era o destino compartilhado daquela gente. O testemunhal histórico naquele mundo tão conturbado em que as experiências coletivas, inevitavelmente, eram ameaças ao sistema.

O que Getúlio impediu em 1954 (ano do campeonato do IV Centenário) com seu gesto de grandeza histórica, décadas depois ocorreu.  Um Golpe Militar levou ao poder generais ridículos que impediam o povo de escolher seu próprio destino.

Ser Corinthiano tornou-se muito mais difícil. Na bola e na vida. O clube mais brasileiro sofreu, porque o povo trabalhador também sofria. Ser corinthiano, além de tudo, trazia para o indivíduo uma aura subversiva e impertinente.

E como sofríamos. Não ganhávamos um campeonato. A roda da história foi girando e o tempo foi passando. A ditadura já era decadente e permanecíamos sem campeonato algum.


Mas a paixão só aumentava. A torcida só crescia. Milhões e milhões de brasileiros escolhiam o Corinthians. O lado negro e branco da força.

Naquela multidão toda, aconteciam encontros proibidos. Os perseguidos se reuniam e se perdiam em meio à multidão. Surgiu uma torcida organizada para exigir democracia e cobrar os poderosos. Os Gaviões estavam atentos. Olhando tudo o que acontecia. Tudo era pura subversão.

Quando aquela bola do Basílio afundou as redes do Morumbi, um grito de libertação saiu da garganta daquela gente. Era a redenção de um povo que fez a difícil escolha de ser corinthiano, mesmo quando todo racionalismo eunuco parecia obrigar uma decisão menos ameaçadora.

Nenhum momento do futebol poderá superar aquela grande vitoria.

Só quem é corinthiano entende.

Não há corinthiano que não chore revendo aquele gol.

Mesmo os mais jovens, que sequer haviam nascido naquele 13 de outubro de 1977 choram quando se deparam com aquele gol do Basílio.

Foi fantástico vencer a liberadores. Foi igualmente incrível vencer o segundo mundial em dezembro. Mas aquele jogo em que o Corinthians venceu vestindo aquele manto negro com listras brancas verticais será para sempre o maior momento da nossa história!

10 comentários:

  1. Rafa,
    Texto brilhante e emocionante.
    Vai Corinthians!

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  2. 77 estará eternamente em nossos corações!

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  3. Excelente!
    Perfeito no paralelo entre a realidade política e a importância do Corinthianismo na evolução do nosso processo democrático.
    Saudações Corinthianas!

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  4. Caro Rafael, uma vez mais você marca um gol de placa com o nosso Corinthians lambendo parte da nossa história. Naquele ano de 1977 os nossos corações explodiram e as gotículas dos nossos sangues se espalharam pelo espaço, marcaram o tempo que nunca mais se apagará.
    Saudações Corinthianas!
    Francisco Dantas

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  5. Caro Rafael, uma vez mais você marca um gol de placa com o nosso Corinthians lambendo parte da nossa história. Naquele ano de 1977 os nossos corações explodiram e as gotículas dos nossos sangues se espalharam pelo espaço, marcaram o tempo que nunca mais se apagará.
    Saudações Corinthianas!
    Francisco Dantas

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  6. Caro Rafael, uma vez mais você marca um gol de placa com o nosso Corinthians lambendo parte da nossa história. Naquele ano de 1977 os nossos corações explodiram e as gotículas dos nossos sangues se espalharam pelo espaço, marcaram o tempo que nunca mais se apagará.
    Saudações Corinthianas!
    Francisco Dantas

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  7. Você sim é o Mago e não o Paulo Coelho, Fez a magia de de nos fazer reviver a emoção e o sentimento de uma vitória, que mais que um título esportivo foi o grito de um povo sofrido e lutador, um abrir das comportas represadas pela opressão, foi um lenitivo que reabasteceu esse mesmo povo migrante para no futuro colocar um dos seus como seu legítimo representante e mandante. E que até hoje a direita derrotada não engoliu...

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  8. Treze de outubro de 1977 Data Magica.

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  9. Grande Rafa!!
    Parabens pelo blog!
    Estarei por aqui para prestigiar.
    Abracos,
    Pedrinho

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