domingo, 15 de março de 2015

15/03/2015 - 30 anos do fim da ditadura militar no Brasil. A história e suas ironias.

A história e suas ironias. Hoje faz 30 anos do fim da ditadura militar no Brasil. Numa conjuntura traumática, com Tancredo Neves internado e caminhando para seu fim, José Sarney assumiu a presidência, quando as circunstâncias da doença de Tancredo animavam um ou outro general que enxergava a possibilidade de prolongar por mais algum tempo a permanência dos milicos no poder.
Nós brasileiros, ainda temos a necessidade infantil de identificarmos grandes heróis, nos quais pudéssemos projetar virtudes paternas, mais oriundas da necessidade de recompor nossas carências do que de reproduzir nossas referências.
O fato é que mesmo aos trancos e barrancos, a redemocratização do Brasil é uma experiência de sucesso e um exemplo para o mundo.
Isso não absolve nossa classe política que muitas vezes se comporta como despachante de interesses corporativos e abre mão de seu potencial transformador em troca de benefícios no varejo.
Mesmo assim, com todos os percalços, nossa democracia é uma vitória do povo brasileiro.
Melhoramos o país com índices relevantes em todos os indicadores econômicos e sociais, como mortalidade infantil, analfabetismo, acesso à universidade, exclusão social, distribuição de renda, miséria, segurança alimentar, produto interno bruto e estabilidade da moeda.
O Brasil não é um grande pedaço de terra perdido no mundo e, queiram ou não, ocupa sim importante protagonismo nas relações internacionais, sem intimidar nenhuma outra nação com as armas e defendendo sempre a paz e o respeito entre as nações.
Nossa dificuldade em garantir um crescimento econômico regular e estável nas últimas décadas é preocupante, mas não deixa de ser um dos reflexos das escolhas democrática que fizemos. Um país democratico, com instituições funcionando coloca para si obstáculos e controles internos que um governo autoritário não tem.
Quem despreza a democracia demonstra incapacidade de exercer sua cidadania e carece de espírito público.
Jogar fora as conquistas democráticas é tudo o que essa nação não precisa e não quer.
Ressentidos histéricos defendendo o retorno dos militares são os irmãos que o Brasil não precisa. Pessoas que, além de tudo, demonstram desconhecimento histórico.
A Ditadura Militar deixou o Brasil em frangalhos.
A inflação era de 226% ao ano e a renda per capta dos brasileiros havia caído 19%.
Tudo isso num governo que intimidava seus inimigos e não precisava negociar, como ocorre hoje, suas decisões de gestão.
Com toda a turbulência das últimas três décadas, construímos um país mais eficiente, mais justo, mais humano e sem um aparelho repressor de Estado que amedronte seus filhos e desrespeite os direitos civis.
Se podemos sair às ruas para protestar às sextas ou aos domingos, isso é privilégio de uma nação democrática.
Se há muito o que melhorar e temos muito pelo que lutar, é importante dizer a democracia é o melhor dos instrumentos e o mais nobre dos fins.
Viva a liberdade!

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