sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A história não mais se repete. Nem como farsa!



Em 18 Brumário de Luiz Bonaparte, Karl Marx ironiza as pretensões imperiais do sobrinho de Napoleão na França do Século XIX.
Ficou célebre a frase “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
Ricardo Alfonsín, filho de Raul Alfonsín (presidente da Argentina 1983-1988) vestiu-se convenientemente como o representante das classes médias urbanas contra o “totalitarismo” kirchnerista. O oportunismo  de Alfonsín que tentava apanhar o rabo do cometa da grande mídia local custou caro ao candidato.
Para compor a aliança anti-kirchnerismo, Ricardo Alfonsín percebeu tardiamente que estava no colo da direita reacionária e num vácuo ideológico irreparável.
O pensamento político conservador na América Latina historicamente “importou” a agenda política internacional. A partir do século XX, a direita internacional se organizou em torno de duas plataformas. A primeira era combater o comunismo. A segunda foi a de estender o livre mercado e flexibilizar as legislações para criar um “ambiente de negócios” favoráveis para os investidores globais.
Com o fim da Guerra Fria, o comunismo deixou de ser uma ameaça para o status quo ocidental.
Todas as energias de guerra foram concentradas em exportar a democracia – entenda-se, livrar o mundo de governos que não respeitam as “regras globais” do livre mercado.
Mas não é que em 2008 uma crise global sem precedentes coloca em cheque toda a matriz do pensamento neoliberal e rapidamente as pessoas percebem a grande mentira contada de um mercado que se auto-regula?
A direita latino-americana não tem mais um inimigo pra chamar de seu. O medo do comunismo plantado nos corações e mentes das pessoas virou um mero pastiche.
E o neoliberalismo, vendido mentirosamente como promessa de superação do nosso atraso no desenvolvimento, apresenta sua face trágica.
A crise neoliberal que quase destruiu as economias da América Latina nos anos 90, agora promete  deteriorar o “primeiro mundo”.
A recuperação econômica do nosso continente se deu quando o campo político liberal foi derrotado nas urnas e os Estados puderam aumentar sua participação na economia, visando a retomada do desenvolvimento econômico, combatendo o desemprego e diminuindo as desigualdades sociais.
Não foi a toa, portanto, que Alfonsín se viu encolhido na direita, saindo da eleição com um tamanho político bem menor do que antes.
O filho de Raul Alfonsín não confundiu o eleitorado com um discurso conciliador ao gosto do patrão.
Serve de aviso para o neto do grande Tancredo Neves. Se Aécio quiser mesmo ser presidente do Brasil deverá apresentar um projeto nacional. Se aliar a setores progressistas e não ser magnetizado para a direitona.
Caso insista na demagogia moralizadora inquisitória terá o mesmo fim de Alfonsín.
A história não mais se repete. Nem como farsa.

3 comentários:

  1. Será que o neto de Tancredo, consegue assimilar a lição ?

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  2. Depende menos da vontade dele e mais da capacidade em se adequar ao atual momento político. Particularmente, duvido muito.

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  3. Já li muita baboseira escrita por aí, mas estas me fazem rir

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