quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Niemeyer Morreu Jovem!


Oscar Niemeyer sempre testou os limites exatos da ciência.

Suas obras arquitetônicas parecem contrariar as leis da física. O concreto flutua e suas linhas percorrem as paisagens de maneira leve, graciosa e até mesmo improvável.

Em suas obras, captamos traços de sua ideologia.

Sentimo-nos pequenos diante do espaço coletivo. De imediato, podemos ter a falsa impressão de um estruturalismo  exacerbado.  Mas, ainda que aparentemente menores, somos parte necessária, consistente e imprescindível da concepção de sua arte.

Oscar Niemeyer, antes de tudo foi um rebelde. Um abusado. Sua ousadia e modernidade fizeram com que ele fosse permanentemente um jovem.  

Mesmo com 104 anos de idade, Niemeyer se manteve como um jovem comunista.

E nada mais controverso do que renunciar a própria morte.

A sua obra nos indica que este grande brasileiro jamais desaparecerá!

Tempos atrás ele caiu da escada. Foi ao médico, fez algumas cirurgias e seguiu firme.

Niemeyer resistiu a tudo. Não somente às enfermidades, tombos e velhice. O velho Oscar sobreviveu duramente em um século vinte de guerras, massacres e ditaduras violentas.

Cruzou a virada do milênio e sobreviveu também à desilusão do século XXI. Este nosso tempo em que a modernidade e o avanço estão restritos à quinquilharias eletrônicas e ao consumismo exagerado, disseminando entre todos uma vazia infelicidade. 

Ao contrário do que foi prometido aos idealistas e sonhadores, o ser humano desapareceu e tornou-se cada vez mais desnecessário frente à cifras e números.

Niemeyer é a vitória dos ousados! Os covardes começam a morrer no momento exato em que iniciam suas precauções. Escondem-se atrás de salas, ternos e empregos com medo do dia em que a morte se lembre de suas tímidas existências.

Mas a morte vem!  

Podemos resistir a velhice do corpo, se mantivermos a cabeça e o espírito jovens.

Podemos vencer a morte, se deixarmos obras firmes, íntegras e corajosas, porque estas sim serão eternas.

2 comentários:

  1. ESSE É O CARA!!!!

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  2. Lindo texto, linda homenagem. Sempre admirei a lucidez e a irreverencia do Niemeyer.

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