Oscar Niemeyer sempre testou os limites exatos da ciência.
Suas obras arquitetônicas parecem contrariar as leis da física. O concreto flutua e suas linhas percorrem as paisagens de maneira leve, graciosa e até mesmo improvável.
Em suas obras, captamos traços de sua ideologia.
Sentimo-nos pequenos diante do espaço coletivo. De imediato, podemos ter a falsa impressão de um estruturalismo exacerbado. Mas, ainda que aparentemente menores, somos parte necessária, consistente e imprescindível da concepção de sua arte.
Oscar Niemeyer, antes de tudo foi um rebelde. Um abusado. Sua ousadia e modernidade fizeram com que ele fosse permanentemente um jovem.
Mesmo com 104 anos de idade, Niemeyer se manteve como um jovem comunista.
E nada mais controverso do que renunciar a própria morte.
A sua obra nos indica que este grande brasileiro jamais desaparecerá!
Tempos atrás ele caiu da escada. Foi ao médico, fez algumas cirurgias e seguiu firme.
Niemeyer resistiu a tudo. Não somente às enfermidades, tombos e velhice. O velho Oscar sobreviveu duramente em um século vinte de guerras, massacres e ditaduras violentas.
Cruzou a virada do milênio e sobreviveu também à desilusão do século XXI. Este nosso tempo em que a modernidade e o avanço estão restritos à quinquilharias eletrônicas e ao consumismo exagerado, disseminando entre todos uma vazia infelicidade.
Ao contrário do que foi prometido aos idealistas e sonhadores, o ser humano desapareceu e tornou-se cada vez mais desnecessário frente à cifras e números.
Niemeyer é a vitória dos ousados! Os covardes começam a morrer no momento exato em que iniciam suas precauções. Escondem-se atrás de salas, ternos e empregos com medo do dia em que a morte se lembre de suas tímidas existências.
Mas a morte vem!
Podemos resistir a velhice do corpo, se mantivermos a cabeça e o espírito jovens.
Podemos vencer a morte, se deixarmos obras firmes, íntegras e corajosas, porque estas sim serão eternas.
ESSE É O CARA!!!!
ResponderExcluirLindo texto, linda homenagem. Sempre admirei a lucidez e a irreverencia do Niemeyer.
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