terça-feira, 20 de maio de 2014

Não foi protesto; Foi ato terrorista!



O que ocorreu com os ônibus aqui em São Paulo não foi um simples protesto.
Na verdade, trata-se de um ato terrorista contra a população.
É muito mais que uma greve em que  uma categoria decide paralisar as atividades.
Estacionar os ônibus em fila no meio das avenidas, interrompendo o trânsito na cidade e impedindo milhões de pessoas de voltarem a suas casas é uma violência sem tamanho.
Não foram passeatas que ocorreram. A greve é um direito legítimo dos trabalhadores. No entanto, o que presenciamos é um atitude de vilania escancarada operada por um grupo que não parece agir com reprovação de suas empresas.
Aliás, os ônibus desde o primeiro período da manhã estavam disponíveis e não parece que, diante da greve, as empresas tenham recolhido suas propriedades para dentro das garagens.
O sindicato de motoristas e cobradores havia aceitado o reajuste proposto para sua categoria.
Mas o que está em jogo é muito mais do que o salário dos trabalhadores e seus benefícios. Grandes interesses corporativos dos tubarões do transporte público parecem estar ameaçados.
Não quero aqui aliviar as coisas para a classe política. Quem sou eu. Mas através de incidentes como os de hoje, nos damos conta que a cafajestagem não é privilegio do setor público.
Atrás das supostas causas trabalhistas, escondem-se grandes interesses ocultos. Dinheiro acima de tudo. Conspiração.
Do setor público, espera-se correção, honestidade e ética. Mas existe uma ideologia silenciosa que permeia toda a nossa vida social que confere a quem está em qualquer atividade do setor privado maximizar seus interesses a todo custo e garantir o lucro da maneira que for possível.
Governantes são políticos. Políticos disputam eleições. Os votos dependem da opinião pública. Fazer um governante "sangrar" é a estratégia para conseguir qualquer benefício. Ainda que seja através da chantagem.
Até porque, há tempos os políticos evitam a todo custo discutir com transparência, e se preciso for, enfrentar o descontentamento da opinião pública. A política está entregue ao fisiologismo e ao aplauso fácil. Questões sensíveis e polêmicas fazem com que os políticos fujam como o vampiro faz com a cruz. Não à toa, o judiciário vem se politizando e ocupando funções que seriam do legislativo e do executivo, todos eles reféns de bispos, pastores, mídia, doadores de campanha, etc.
Com a política de joelhos, fica muito fácil para que os aventureiros de plantão invistam contra o poder público.
Se a criminalização da política, no plano macro permite ao Mercado seqüestrar os Estados para apropriação privada dos recursos sociais, no plano regional possibilita também que grupos mafiosos promovam uma verdadeira extorsão em praça pública contra o poder estabelecido.
Não será possível corrigir as distorções e melhorar a qualidade do transporte público em São Paulo sem contrariar interesses muito poderosos.
Mais do que o protesto pelo direito dos trabalhadores, o que se fez hoje em São Paulo foi colocar uma "faca no pescoço" do prefeito. A estratégia é provocar o caos e inviabilizar as reformas no transporte coletivo, mantendo os velhos privilégios.
O prefeito Fernando Haddad, deveria fazer o que em verdade ele faz muito mal: Comunicar-se com a sociedade e colocar as cartas na mesa.
Por sua vez, os paulistanos deveriam saber que ao cobrar unicamente a prefeitura, de maneira despolitizada e irracional, ao sabor dos ressentimentos políticos, estarão criando as condições para que atos terroristas como os de hoje voltem sempre a ocorrer.    
Por fim, a população deveria se unir contra estes abusos violentos de quem só quer fatias maiores  dos recursos públicos, que como o nome diz, são de todos nós.
Dar o que os chantagistas querem seria uma violência histórica.
Bom mesmo seria se o prefeito aproveitasse este momento para fazer o que há anos deveria ter sido feito: estatizar o transporte público, garantindo a qualidade que a população exige e merece, além de acabar com esta perversa teia de interesses que envolve empresários, sindicatos, vereadores, doações de campanha, e subsídios públicos.

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