sexta-feira, 16 de maio de 2014

O #NaoVaiTerCopa e a tradição de autoritarismo no Brasil

Impressionante como certas marcas da formação social e política do Brasil estão entranhadas como uma chaga e são quase que impossíveis de serem extraídas. 

O autoritarismo é parte integrante da vida mental dos Brasileiros. Sem nos darmos conta, valorizamos e reproduzimos este modelo. E não é só no governo. O autoritarismo permeia todas as instituições e está até mesmo no comportamento dos indivíduos.

O autoritarismo está na direita, na esquerda e até na traseira.

Os protestos contra a Copa, por exemplo. Estão carregados de autoritarismo. Não na ação política em sí, pois considero legítimo em determinadas circunstâncias ocupar os espaços públicos para os encontros e emprestar visibilidade à manifestação.

Porém, o #NãoVaiTerCopa, em sua frase de chamada, já propõe uma obstrução do evento em favor da pauta de um grupo de manifestantes. Ainda que se pretenda representar um conjunto da sociedade, o fato é que as manifestações são pequenas, as organizações são quase que anônimas e a estratégia para causar visibilidade e algum reconhecimento é atacar fogo no país, sabendo que embora a Copa não seja o verdadeiro "X" da questão, é a melhor ocasião para receber os olhares da mídia. Estivessem todos protestando na porta do Banco Central não apareceriam nem em flashes dos noticiários.

O direito de se manifestar é absolutamente legítimo. Ainda bem que tem uma galera encontrando novas formas de fazer política para além das tradicionais, dada a verdadeira incapacidade e desinteresse dos partidos políticos neste momento.

Porém, a realização da Copa do Mundo foi uma decisão política e administrativa de um governo eleito democraticamente pelas vias legais.

Protestar é um direito.

Mas obstruir pela força o evento, partindo do princípio de que estão todos ungidos por uma verdade superior às demais, nada mais é do que uma amostra bem nítida de que ainda somos um país de autoritários, incapazes de viver em igualdade com os demais, tentando todos garantir seus interesses na base da força.

Os protestos contra a Copa, além de serem superficiais, não oferecem nada de novo em termos de política. São oportunistas, porque tiram proveito da visibilidade do mundial e são autoritaristas, na medida em que o interesse de um grupo quer obstruir a todo custo a realização do evento de interesse mundial.

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