sexta-feira, 22 de maio de 2015

Depois de um casamento feliz, tucanos e revoltados cibernéticos selam divórcio



Os recentes ataques recebidos pelo PSDB por parte dos grupos xaatos cibernéticos, autodenominados como Revoltados OnLine e outras siglas, são sintomáticos e nos dão algumas mostras das circunstâncias políticas que provocaram a metamorfose direitista dos tucanos nos últimos anos.
Após "abandonar", ainda que momentaneamente, a canoa do impeachment da presidenta Dilma, o PSDB foi chamado de "traidor" dos Revoltados e passou a ser também atacado e ofendido nos "memes" de protesto.
Na política, ninguém está jogando sozinho. Invariavelmente, as forças políticas navegam ao sabor das circunstâncias, ocupam os espaços mais férteis e se acomodam onde há mais possibilidade de prosperar.
Desde o início do Governo Lula, quando gradativamente o PT migrou para o centro da política e inclusive incorporando muitos pontos da agenda que "pertencia" ao PSDB, os tucanos foram pouco a pouco empurrados para a direita.
Ainda que a gestão de FHC possa ser considerada como um governo representante da direita liberal, ao menos no discurso os tucanos não se encaixavam nesse espaço político da direita raivosa, religiosa e ultra-conservadora, como vimos nas últimas eleições. Basta lembrar que era muito comum nos anos 90 o PSDB ser acusado por ter estabelecido aliança com o PFL, o que o teria distanciado de suas "raízes históricas", ligada à redemocratização do Brasil e à Constituição de 1988.
Na medida em que o lulismo foi bem sucedido ao abrigar diferentes correntes órfãs do projeto nacional desenvolvimentista, os tucanos foram se isolando. Na impossibilidade ou desinteresse de defender o "legado" de FHC, o PSDB passou a ficar "sem discurso".
Havia um espaço político fértil a ser ocupado, onde habitavam forças menos representativas, ainda insipientes e incapazes de estabelecer uma relação transversal com a sociedade civil.
Ali surfavam políticos representantes de igrejas evangélicas, adoradores da Rota e outros cães raivosos.
Se comunicavam com uma parcela da sociedade cada vez mais crescente que se sentia insegura ou atingida pelas transformações sociais. Não somente com as políticas públicas e econômicas do governo do PT, mas pelo conjunto de mudanças sociais e quebra de velhas hierarquias e valores (nem sempre operadas integralmente pelo governo) nos quais repousava esta sociedade e por onde muitas pessoas se acostumaram a ver a vida.
E lá o PSDB "foi ficando". Estava quentinho. Abreviava a comunicação com certa massa de eleitores que vive em pânico, com a televisão permanentemente ligada. Para um partido (mas não somente ele) que havia perdido a capacidade de estabelecer conexões políticas com as populações, essa terceirização do discurso político surgiu como uma boa oportunidade.
Nas eleições de 2010, durante o segundo-turno, José Serra tentou tirar proveito da onda de histeria em torno da discussão sobre o aborto. Foram dias tensos. Nas aparições públicas, Serra chegava a beijar um terço perante as câmeras. Acabou por obrigar a candidata Dilma a também ir à missa. Em 2012 nas eleições municipais, "importou" o pastor carioca Silas Malafaia que berrava aos quatro cantos contra a "cartilha gay" que Fernando Haddad teria distribuído para as crianças quando era Ministro da Educação.
Nas eleições de 2014, o PSDB institucionalizou o moralismo político como ferramenta. Aecio estava mal nas pesquisas, correndo sério risco de ficar fora do segundo-turno. O neto de Tancredo se despiu de todos os pudores e "foi à luta", numa campanha marcada pela histeria política. O que Aecio não podia falar no horário eleitoral ou nos debates da TV, os grupos Revoltados das redes sociais faziam por ele. Cabia de tudo. Tudo era possível. Não havia limites.
Agora, o PSDB é tratado como traidor. Talvez, estes grupos políticos que estabeleceram seu "ethos" através das redes sociais, entendam que o PSDB não tem serventia política se não for para cumprir a agenda fantasiada por eles. Mera ilusão. Ainda que o PSDB tenha sido atraído por esse calabouço ideológico, foram eles os usados para operar uma tarefa a qual os tucanos não tinham capacidade mobilizadora para realizar sozinhos. Não foi o contrário.
Inclusive, o PSDB paga um custo político por ter se alinhado com esta camada rasa da política que se alimenta do absurdo.
Pelo menos por hora, a política continua a ser operada pelas forças regulares e institucionalizadas. Estes grupos cibernéticos caminham rumo à história do folclore político. Nada mais são do que um efeito colateral da tragédia que é a despolitização da sociedade brasileira e subproduto da piromania da grande mídia.

2 comentários:

  1. O governo funerl da dilma diz um pais rico e um pais sem pobreza

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  2. Olha o comentário que o cara aceita, petralha, comuna de merda.

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