O vídeo que se tornou publico, com a entrevista de José Serra para o jornalista Boris Casoy, deixa explicito algo muito maior do que o enorme constrangimento do ex-governador ao errar o nome do nosso país.
Ao confundir o nome da nossa Republica Federativa, invocando os Estados Unidos do Brasil, Serra, em aparente ato falho, demonstra que esta em péssima fase.
Representante máximo da direita brasileira, Serra deixou nostálgicos seus correligionários que automaticamente lembraram da velha máxima em períodos de Guerra Fria: "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil".
Freud explica...
Casoy ainda deu uma chance dizendo que o nome do Brasil não era mais Estados Unidos (a mais de três décadas).
Mas Serra ainda perguntou ao amigo jornalista: "mudou"?
Serra esta sob pressão. Desconcentrado. Jogando suas cartas finais. Talvez blefando.
A verdade é que nas eleições presidenciais de 2010, José Serra, alem de derrotado, saiu muito menor do que entrou. Sua biografia política foi decisivamente abalada.
Serra constrangeu sua coalizão para impor seu nome e suas regras ao partido. Imaginava que num inevitável enfrentamento com Dilma, desfilaria sua erudição e deixaria claro para todos que seria muito mais preparado que a atual presidenta.
O fato é que Serra não somente perdeu para a candidata do Lula, como perdeu para a própria Dilma enquanto política. Incorporou uma agenda apelativa da direitona, jogando sujo na campanha com uma agenda de baixo nível. Sua postura favoreceu a unificação dos setores progressistas de centro e de esquerda.
Ao ser derrotado, Serra poderia abrir espaço para a renovação de seu partido e apoiar seu grupo político como uma figura respeitada e de envergadura histórica.
Mas no discurso que fez imediatamente posterior aos resultados do segundo turno ele disse tal qual um vilão de desenho animado de aventura: "eu voltarei".
Até mesmo quem nao entende nada de política, já percebeu que o único projeto importante para Serra é a presidência.
Mas por que novamente ele decidiu concorrer a prefeitura?
Serra entendeu que sua liderança política no PSDB estava muito comprometida.
O próprio FHC já o colocava Serra como figura secundária no projeto nacional dos tucanos.
Caso Serra não se movimentasse em direção da candidatura para prefeito, sofreria as seguintes consequências:
1 - veria Alckmin, seu principal adversário local, atrair todos tucanos para debaixo de suas asas. Abrigaria os serristas órfãos, perdoaria alguns rebeldes e se livraria de outros. Serra perderia sua condição de grão líder da coalizão demo-tucana no principal estado da nação.
2 - sem um candidato de peso para sua sucessão na prefeitura de São Paulo, Kassab teria sua sobrevivência política apenas possível através da viabilização de seu partido nacionalmente. Necessariamente, deveria se aproximar do governo federal e subordinar seus correligionários ao petismo, como forma de garantir acomodações aos antigos pefelistas, transtornados com tanto tempo longe do poder e cada dia mais derrotados em suas bases. Serra veria logo em seguida, sua antiga base dividindo-se entre alckmistas e lulistas, além de Dilmistas, é claro.
3 - Serra colecionou muitos inimigos ao longo de sua carreira. Inimigos fortes e com desejo de reparação. O livro Privataria Tucana atingiu em cheio as defesas de Serra e ele estaria muito vulnerável, caso deixasse de ser figura fundamental no jogo político.
Serra se sentiu obrigado a entrar na disputa. Vai trabalhar em condições adversas. Não tem pleno controle da situação e sabe que corre sérios riscos de perder essa eleição. Na verdade, ele nem gostaria de estar ali, na linha de tiro, nesta altura do campeonato.
Fica evidente seu descontrole. Serão todos contra Serra e talvez ele nao tenha mais o mesmo vigor e o mesmo reflexo de outros tempos.
São muitas guerras, muitas marcas, muitos inimigos e muitas intrigas.
Perfeito
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