Cresci vendo e ouvindo o Joelmir Beting.
Desde criança, prestava muita atenção em seus comentários.
E desde sempre, me impressionava a construção de seus textos, com frases conexas e coerentes.
Eu ficava estático ouvindo seus comentários. Obviamente, não podia entender tudo, mas fui tomando gosto.
Considerava muito elegantes aquelas crônicas sobre economia política. Embora esse assunto fosse menos atrativo se comparado a tantas coisas da vida que um cronista pode narrar. Ou seja, não é nada romântico falar de economia. Nunca foi.
Mas por conta do Joelmir eu queria ser economista quando crescesse. Depois jornalista. Acabei sociólogo.
Com o tempo, a gente vai construindo o nosso próprio leque de idéias e, por vezes, discordei das posições do Joelmir.
A esta altura, ele já não era uma figura encantada. Mas ganhei um outro tipo de respeito por ele.
E é sobre isso que eu gostaria de falar.
A honestidade deste jornalista.
Uma figura do universo político - e os jornalistas fazem parte deste universo - não pode ser considerada "boa" apenas se compartilhar conosco as mesmas posições políticas.
Um comentarista não pode ser "ruim" quando defende um ponto de vista distinto do nosso e imediatamente passar a ser "bom" quando estivermos do mesmo lado.
Mas, justiça seja feita, independentemente das posições defendidas pelo Joelmir, ele jamais o fez para panfletar suas idéias. Tampouco fez alarde para gerar instabilidade a qualquer governo, aceitando encomendas dos barões da mídia constantemente interessados em conspirar.
Sinceramente, não sei se falo bobagem, mas o Joelmir sempre me pareceu um conservador.
E, sinceramente, não vejo problema nenhum que um indivíduo seja conservador. Na verdade, todos nós somos conservadores em alguma proporção.
A questão é que hoje em dia temos uma leva de comentaristas conservadores que vulgarizaram este conceito.
As televisões e jornais estão repletos de cronistas histéricos que não escondem sua nostalgia dos tempos em que a hierarquia social estava muito bem definida e acomodada.
O pensamento político conservador se organizou nas ultimas décadas sobre dois pilares. O primeiro era o combate ao comunismo. O segundo, foi a defesa do "livre mercado". Pois bem, o comunismo deixou de ser uma "ameaça" há mais de vinte anos. E os paradigmas do livre mercado ruíram junto com as bolsas de valores e as economias dos países ricos.
Portanto, o pensamento político conservador ficou desorganizado, "liberando" todo tipo de manifestações preconceituosas e até mesmo fascistas.
Com todo respeito à classe jornalística, nós sabemos que um comentarista estudioso e preparado como Joelmir Beting é a absoluta minoria.
Existe uma leva de subordinados que rezam obedientemente à cartilha neoliberal sem interesse na análise crítica, papagaiando conceitos vazios e decadentes.
Por tudo isso, o Joelmir sempre foi diferenciado.
A preocupação central de seu discurso sempre foi o desenvolvimento do Brasil.
Enquanto Joelmir acreditava na superação do subdesenvolvimento, os jabores e mainardis espalhados por aí não se cansam de burlar nosso potencial histórico, agachando-se gostosamente perante aos poderosos e tentando nos convencer de nossa inferioridade.
Esta sociedade esta dividida entre os "conservadores" - irritados com a insubordinação dos pobres, o desconforto gerado pelo barulho das transformações sociais e a perda dos nossos "valores" - e os "progressistas" - que acreditam estar ao lado dos pobres, fazendo toda sorte de concessões ideológicas em nome da governabilidade e eufóricos com os vôos de galinha da nossa economia.
Sejamos todos menos maniqueístas.
Pensemos menos nas próximas eleições e mais no desenvolvimento do Brasil. Com justiça social e distribuição de renda, é lógico.
Quando a Globo o demitiu ele não ficou nem meia hora desempregado. O cara era muito fera!
ResponderExcluirVc devia ter ouvido com mais afinco as colocaçoes que ele fazia sobre o Palmeiras, talvez você não carregasse essa sina de ser corinthiano com vc!
ResponderExcluirExistem dois tipos de homens, o verdadeiro e o que faz de conta.
ResponderExcluirO verdadeiro não se preocupa em agradar, o outro tem necessidades
de ser "amado", não importa os meios.
Acredito que pessoas mais próximas tenham Joelmir como este primeiro homem. Conheço-o como a grande maioria e, com sinceridade não o coloco como aquele que precisou agradar para ser amado.
Parafraseando o Chico "sinto pena".
Juarez Lopes