quarta-feira, 20 de março de 2013

A Magia da Camisa Preta com Listras Brancas





Nove em cada dez corinthianos fanáticos idolatram a camisa preta com listras brancas.

É só olhar ao redor.

Ainda que seja igualmente fantástico assistir o Corinthians num lindo dia de sol no Pacaembu vestindo a camisa branca com calções pretos e meias pretas.

Mas a camisa preta com listras brancas é única. Só o Corinthians se veste daquele jeito.

É só bater o olho na tevê, deparar-se com o uniforme e qualquer fã do esporte sabe que se trata do alvinegro do Parque São Jorge.

Não sei quem foi o gênio do marketing que sacrificou a camisa preferida dos corinthianos para fazer laboratório de novas experiências em peças publicitárias.

Mesmo depois de anos suspensa, a camisa preta com listras brancas permaneceu vendendo muito mais do que suas derivações.

Quem ganhou dinheiro com isso, ao invés da fornecedora oficial de material esportivo do Corinthians, foi a empresa que produz as réplicas históricas das camisas consagradas.

A impressão que se tem é que a fornecedora oficial coloca seus estagiários da Malásia para produzir a camisa do Corinthians. Não é possível.

Abrir mão da camisa mais linda do universo é no mínimo uma estupidez, ou mesmo obra de quem está completamente desconectado da realidade e do cotidiano do Corinthians.




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À Camisa Preta com Listras Brancas.

Como é lindo ver o Corinthians jogar com essa camisa. Foram tantos momentos épicos. O maior deles no dia 13 de Outubro de 1977. O gol mais fantástico da história do futebol mundial. A Páscoa de todo Corinthiano.

A camisa do Corinthians é pura magia.

Talvez magia negra, mas com listras brancas.

É a constatação empírica de que existe um lado ainda oculto na existência humana. Aquilo que foge ao nosso entendimento. Que não se pode racionalizar nem explicar. Melhor mesmo é viver.

Certas coisas simplesmente existem. Permeiam a natureza e não são materiais. Por isso mesmo não são palpáveis. O Corinthians é uma delas.

A camisa preta com listras brancas é meta-física.



O futebol mundial está repleto de camisas interessantes. Algumas bonitas e elegantes. Outras são feias e desajustadas. Existem camisas espalhafatosas, outras discretas e opacas. Existem camisas poderosas. Camisas caras. Outras são muito simples e até mesmo engraçadas.

Mas a camisa preta com listras brancas tem alma. Rola alguma coisa na atmosfera daquela camisa que o mundo gira diferente.

A camisa é enigmática.

Tem um montão de camisas dos grandes clubes do planeta que seus fãs usam casualmente, muitas vezes para passear, vestindo algo mais informal.

Mas quem veste a camisa preta com listras brancas não pode ser casual. Ninguém usa esta camisa de maneira despretensiosa. O impacto é inevitável. Para muitos a camisa é até mesmo ameaçadora.

A camisa preta com listras brancas é subversiva.



O amor dos torcedores dos outros clubes por suas camisas é evidente. Não se pode desrespeitar este sentimento verdadeiro do indivíduo pelas cores do seu time.

Os outros torcedores até beijam o seu distintivo.

Mas com a camisa preta de listras brancas a paixão é muito mais enlouquecida. Quem veste essa camisa não dá apenas um beijinho respeitoso. Ama com ardor. Oferece beijos pornográficos. Entrega a própria alma. Respira o mesmo ar. Olha fundo no olho de quem se ama e não sente vergonha de nada. Porque não existe fronteira entre o amor carnal, afetivo ou espiritual. Porque o Corinthians não está descolado dos outros amores da vida da gente. É tudo a mesma coisa. Tudo misturado.

Quem veste a camisa preta com listras brancas não ama o trabalho em horário comercial, a família aos fins de semana e o clube de futebol às quartas e domingos em dias de decisão.

Aqui é Corinthians!  E não existe amor burocrático. É tudo intenso e desmedido.

Um brinde à irracionalidade. Às paixões patológicas.

A camisa preta de listras brancas tem energia.

Quero mesmo ver o meu coringão vestindo aquela velha camisa preta com listras brancas. Sem invenções. Sem rabiscos oblíquos.

Pelo amor de Deus, que não mexam mais nesta camisa sagrada.

Registrem em nosso estatuto, a fim de que esta camisa para sempre seja louvada e jamais corrompida. Proponho que sejam inclusive obrigatórias as medidas exatas das listras brancas para que não haja outras deformações.

Que seja eternizada a camisa de 1977 e ela seja o padrão obrigatório para as outras camisas que virão.


9 comentários:

  1. Não profanem nosso templo sagrado, essa camisa imortalizada por Sócrates, Basílio, Luizinho, Idário e tantos outros monstros sagrados do nosso Timão.

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  2. Mandou muito bem Rafel! A camisa de 77 é sagrada! Mas também gosto muito da camisa do bicampeonato de 54.

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  3. Mandou muito bem Rafael! A camisa alvinegra de 77 é sagrada! Mas também gosto muito do manto do bicampeonato de 54!

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  4. Essa camisa é mistica. Texto maravilhoso

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  5. Rafael, por mais que você nao goste, por mais que você nao queira, por mais que você ame e idolatre a camisa número 2 do Corinthians, a camisa do timao sempre seguirá sendo a branca. O corinthians é um time predominantemente branco, porque assim diz a tradiçao. E vou além. As camisas de número 2 nao deveriam ter tanta importância quando as principais. Fico sem entender como podemos deixar de idolatras a nossa camisa principal para dar margem à camisa alternativa, que pode mudar bem como quiser...seja toda preta, preta com listras brancas, ou até de outra cor qualquer.

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