segunda-feira, 11 de março de 2013

Em São Paulo, os canibais se alimentam de ciclistas, pedestres e outros subordinados.

Um jovem de 23 anos, voltando da noitada, sente-se no direito de dirigir perigosamente em ziguezague na Avenida Paulista. Se diverte derrubando os cones colocados no asfalto para estabelecer uma faixa de trânsito reservada aos ciclistas.

Mas não há limites para o deleite individual do jovem facínora que só pôde aprender na vida a lição de elevar ao máximo seus desejos e estímulos mais instantâneos, desconsiderando os limites da convivência social e coletiva.

Aliás, viver coletivamente, respeitando normas e regras de convivência, certamente não é lição que se aprende, nem nas escolas dos pobres, muito menos nas escolas dos ricos, onde desde muito cedo se ensina ao aluno, quero dizer, ao cliente, a ser dono de tudo.

Contrariando a superação do egocentrismo, no processo de socialização do indivíduo, reforça-se a potencialidade destrutiva e a idéia de que todo ambiente que permeia a existência individual está disponível e servindo ao propósito de seus gostos pessoais.

Como não poderia deixar de ser, a relação com o professor é decisiva neste aprendizado. Porém, não são as aulas que ensinam. É uma estranha pedagogia em que o aluno desde criança aprende que seu mestre, ainda que seja autoridade na sala de aula, está subordinado a ele na hierarquia social. Afinal de contas "é ele que paga o salário de professor!".

Em situações de conflito com seus alunos clientes, a maioria das escolas particulares prefere arrancar o braço, ou seja, demitir o professor à causar alguma indisposição ou embaraço com seus pequenos faraós.

Voltando para a Avenida Paulista, um infeliz ciclista - também jovem - estava no caminho da diversão do motorista e, tal qual em um desses jogos de vídeo game, foi atropelado e seu braço decepado instantaneamente por seu algoz.

Sujou! Logicamente o menino fugiu de suas responsabilidades e deu no pé. Ao se deparar com o braço da vítima no interior de seu veículo, decidiu se livrar daquele pedaço de gente e jogou o "objeto" em um dos tantos córregos poluídos da infeliz Cidade de São Paulo.

Não conheço a biografia deste psicopata, mas quem vive em SP sabe que os absurdos se tornaram cenas do cotidiano.

Mais de 10 milhões de pessoas vivendo amontoadas, mas cada uma delas exigindo que a cidade seja só sua. A gente escapa de tragédias diárias pela sorte ou pela benção divina, porque todo mundo esta submetido à crueldade sádica de motoristas, motociclistas, caminhoneiros, motoristas de ônibus, lotação, skatistas, ciclistas, pedestres, etc.

Não importa qual meio de transporte. As pessoas simplesmente desconsideram que além de direitos possuem obrigações. Que o respeito ao coletivo é parte fundamental da vida em sociedade.

Mas quem está preocupado com coletivo e sociedade? Vivemos em uma sociedade hedonista que reconhece apenas o gozo instantâneo. A ideologia e a religião dos nossos tempos é o culto ao individualismo.

Seja pobre, ou seja rico, a competição de personalidades extravagantes é um recurso contra o desaparecimento. Numa sociedade tão hierarquizada como a nossa os subordinados são facilmente esmagados.

Violência!

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