A reorganização do campo conservador é o efeito mais imediato e visível da derrota de José Serra nas eleições de 2010.
A princípio pensava-se que somente o DEM se esfacelaria como pena por dezesseis anos na garupa tucana, abrindo mão da construção de um programa partidário próprio. Hoje vemos que inclusive o PSDB sofre (e continuará sofrendo) baixas sensíveis.
Mas para entendermos esta decomposição temos de entender como se compôs este campo político que agora parece ter finalizado seu ciclo.
A chegada do PSDB ao poder em 1994 foi um acidente histórico. O partido nunca foi o representante da social democracia brasileira. Este papel coube posteriormente ao PT. Os tucanos, por ocasião histórica, tiveram que se preparar para serem os representantes do liberalismo e organizar a direita nacional.
No raiar da década de 90, os países latino-americanos deveriam cumprir uma agenda internacional de liberalização econômica. Deveriam “desregular” seus Estados e flexibilizar suas legislações, privatizando e abrindo suas economias para o “investimento” estrangeiro.
Este papel caberia inicialmente a Fernando Collor de Melo que conseguiu viabilizar sua eleição – mesmo sem respaldo partidário – se qualificando como o adversário mais potente contra a ameaça chamada Leonel Brizola, conquistando o apoio da grande mídia.
Acontece que Collor fez tudo errado. Apropriou-se do aparelho governamental e cometendo uma série de erros políticos, unificou seus oponentes que (cada um com sua cota de contribuição) foram responsáveis por sua queda. Nas últimas semanas de Collor, o PSDB foi convidado a participar do governo. Alguns desejavam aderir, mas a escolha final foi a de depor o presidente.
Fernando Henrique Cardoso, até então era senador por São Paulo. Havia sido eleito graças ao Plano Cruzado e a expressiva votação de Mario Covas que ficou em primeiro lugar na disputa. FHC até então não era um político destacado. Sequer teria peso para se eleger prefeito ou governador de São Paulo. Há alguns anos, havia perdido a disputa na capital para Jânio Quadros.
Pois bem, o PSDB participou do governo Itamar.
Em 1993 o PMDB enfrentou uma grave crise com denúncias de corrupção no orçamento do congresso nacional.
Depois de ser Ministro das Relações Exteriores, FHC foi chamado para comandar a economia. Itamar havia percebido que a estabilização financeira só seria possível com apoio político e FHC era um bom articulador.
Em 1993 o PMDB enfrentou uma grave crise com denúncias de corrupção no orçamento do congresso nacional.
Depois de ser Ministro das Relações Exteriores, FHC foi chamado para comandar a economia. Itamar havia percebido que a estabilização financeira só seria possível com apoio político e FHC era um bom articulador.
O sucesso do Plano Real qualificou FHC para se eleger em turno único nas eleições de 1994. Mario Covas também se elegeu governador.
O PSDB incorporou a agenda econômica da direita, chamou para a aliança o PFL de ACM e atraiu a direita do PMDB. Com a cumplicidade total da grande mídia, açambarcou o patrimônio nacional. Seu modelo econômico tinha prazo de validade. FHC se reelegeu presidente primeiro através da demagogia cambial (somente desvalorizou o real após as eleições de 1998), depois comprando o PMDB que não lançou candidato a presidente e destruindo as pretensões de Maluf que naquele ano tinha potencial para abocanhar quase metade da votação paulista e desistiu da disputa federal.
O segundo mandato de FHC foi um dos períodos mais tristes de nossa história, com recessão e desemprego. O PSDB saiu do governo sem deixar saudades.
No psicológico tucano, habitava a idéia (como continua habitando) de que são eles os iluminados numa terra de silvícolas. Passaram oito anos esperando o fracasso político de Lula. Não digeriram a idéia de que o novo presidente foi superior em todos os aspectos: político, econômico e social. Inclusive no que eles achavam que faziam de melhor, como as relações internacionais e a articulação com o “deus mercado”.
A derrota de Serra foi acachapante. Foi uma derrota eleitoral, mas também programática e ideológica.
A crise de 2008 gerou uma crise no pensamento político conservador internacional.
Quem conhece a história do Brasil sabe que não existe uma tradição do pensamento liberal no nosso país. Existe sim, uma obsessão pelo desenvolvimento e pela modernidade.
Ou seja, o PSDB não fracassou somente como alternativa de governo para o Brasil. O PSDB fracassou também como alternativa para a direita brasileira que terá que se reorganizar.
Estes últimos episódios de crise são pequenos tremores que antecedem um grande terremoto que ainda está por vir.
Agradeça ao PSDB o fim da inflação e o sucesso da democracia no Brasil, palhaço!!!
ResponderExcluirObrigado PSDB
ResponderExcluirAss Rafael Castilho
Tive uma idéia! Q tal reunir um jornalista e um escritor da história nacional partidários do PT e outros do PSDB?! Assim, quem sabe, a oito mãos, teríamos a história do Brasil contada de maneira completa! E vivas à cegueira parcial!
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