sexta-feira, 20 de maio de 2011

Palocci e seus clientes

Palocci e seus clientes

As denúncias sobre o aumento do patrimônio de Antônio Palocci abrem discussão sobre as atividades empresariais relacionadas à experiência governamental e os limites éticos para a execução de tais atividades.
O grande patrimônio de uma empresa de consultoria é a informação. O negócio não é tão difícil de entender.
Uma empresa, pertencente a determinado político ou técnico que detém informações privilegiadas, cobra serviço de consultoria para orientar investimentos e “apresentar cenários favoráveis” aos seus clientes.
Quando o negócio está relacionado meramente ao conhecimento adquirido, com vistas às projeções futuras, ele  é lícito.
Mas quando um “serviço de consultoria” recebe aspas e começa a trabalhar com informações presentes e, pior, desenhar cenários e políticas públicas ao sabor de interesses privados isso se torna algo muito pior do que corrupção. É crime contra o interesse nacional.

Por isso não vou aqui ficar falando dos apartamentos do Palocci, porque sinceramente, não sei se foram conquistados de forma lícita. Espero que sejam.
Mas quero falar um pouquinho – e não precisa muito – sobre a presença de Antônio Palocci na recente vida nacional.
Palocci colocou em risco o sucesso do governo Lula. Pior do que isso colocou em risco a retomada do desenvolvimento econômico no Brasil. Se o governo de Lula tivesse naufragado, seria muito difícil que novamente fosse eleito para a presidência um político que não fosse membro das elites econômicas. E mais, tal fracasso abriria as portas para um longo ciclo de governos neoliberais no Brasil, e por conseqüência inevitável, na América Latina.
Quando alguém ouve na rua aquela história de que o governo Lula deu certo porque manteve as bases da política econômica de FHC, a culpa é de Palocci. Na verdade, o governo Lula somente deslanchou depois da renúncia do modelo econômico de FHC, tal ruptura se deu depois da saída de Palocci.
Para quem ainda acha que os modelos são iguais, basta comparar o comportamento do governo Lula no pós crise de 2008, apoiando a produção e o consumo, com o comportamento de FHC na crise do final dos anos 90, elevando os juros, freando o consumo, boicotando a economia nacional e esperando em troca alguma migalha do FMI e dos especuladores.
É claro que o assunto é mais complexo e merece uma discussão extensa, mas no início do governo Lula foi necessário recuar e adquirir condições políticas para avanços posteriores. O governo Dilma não precisa retroceder.
Mas Palocci, que ganhou peso no governo justamente por essa relação promíscua com o “mercado”, o credenciando como uma espécie de diplomata para acalmar os “investidores”, agora esta pondo em risco o futuro do governo Dilma. Na Casa Civil, o neoliberal Palocci colocou os principais projetos de desenvolvimento do Brasil em baixo do braço e quer continuar sendo o “consultor do mercado” dentro do Palácio do Planalto.
O sucesso da empresa de Palocci é sua gigantesca eficiência para com seus clientes. E os clientes do ministro são os bancos e grandes corporações financeiras desinteressadas no desenvolvimento do Brasil para permanecerem sugando o sangue da nação.
Dilma deve aproveitar esse momento e se livrar do Corvo Palocci.

Um comentário:

  1. Ótimo post, gostei muito do seu ponto de vista. Realmente o custo Palocci está alto demais. Mas para mim governo da Dilma está sim sofrendo um retrocesso por conta deste "custo". Sinto que ela está se setindo precionanda pela direita estérica udenista e está cedendo. Quanto mais teremos que pagar por essa maldita governabilidade? Pq ela nao mostra a que veio?
    Na América Latina todos os governos de esquerda ou centro-esquerda abriram suas concessoes, mas no Brasil o PT exagerou!

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