sexta-feira, 20 de maio de 2011

Violência e Exibicionismo (08-04-11)



Vou evitar atribuir mais adjetivos ao assassino do Realengo.
Até porque de ontem para hoje o estoque foi quase que totalmente gasto: genocida, maníaco, psicopata, louco, animal, cretino, etc.
O que o mundo todo tenta entender é o porquê deste tipo de crime. Ninguém até hoje conseguiu explicar. E não sou eu que teria tal pretensão.
Mas podemos refletir sobre alguns aspectos.
Quem comete um ato desta natureza está buscando reconhecimento. Talvez uma visibilidade que nunca lhe foi ofertada, ou mesmo que ele jamais percebeu.
Foi uma atitude exibicionista. Uma extravagância. Vinda de um indivíduo tímido e retraído que não lograva se posicionar. Certamente, uma pessoa que tinha dificuldade em lidar com sua imagem pública. Em como se é visto pelo outro.
E nos dias de hoje, em que as ações coletivas são diminuídas, os empreendimentos individuais ganham uma importância atormentadora.
Não se vive mais para o exército, para o clube, para o partido, para a família, para a pátria ou para a escola.  As pessoas vivem para si mesmas. Para seus corpos que devem ser esculpidos. Para o sexo em cada subcategoria de prática ou de orientação. Para suas carreiras. Até mesmo a prática religiosa está ligada a uma salvação individual. Reza-se por uma melhoria na própria condição de vida. Espera-se uma redenção pelos seus próprios pecados, cometidos ou não.  
A atitude individual e o exibicionismo são os canais por onde se busca a satisfação humana.  Mas, os projetos individuais e o consumo, não são suficientes para garantir a felicidade. As pessoas precisam de mais. A depressão já é uma epidemia.
 Existe uma pressão para que a personalidade seja elevada a um lugar de destaque.
Desde criança se aprende isso. Na escola já existem as categorias dos vencedores e dos perdedores. Dos aceitos e dos rejeitados. Dos fortes e dos fracos. Constroem-se estigmas que alguns convivem por toda sua vida. Desde pequeno se aprende a perseguir ou ser perseguido. A punir ou ser punido.
O homem queria punir, perseguir, se vingar. E principalmente, buscava o reconhecimento social. Queria exibir seu potencial ofensivo que (para ele) seria legítimo, por sua pureza e castidade. Puniu, sobretudo, as meninas.
Este não é um discurso contra o individualismo. Ao longo da história muitas loucuras também foram executadas em nome da coletividade. Mas podemos refletir sobre as transformações do nosso tempo que não são somente benfeitorias tecnológicas.
Por que este tipo de evento vem ocorrendo de uns tempos para cá? Ora, os indivíduos reproduzem os modelos que estão disponíveis na nossa sociedade. É o famoso “alguém deu a idéia”. Uma espécie de “holocausto, faça você mesmo”.
E o mais assustador é que não há ações preventivas para evitar este tipo de coisas.
Pelo menos, não no âmbito das políticas públicas de segurança.

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