sexta-feira, 20 de maio de 2011

CQC acha seu humor anárquico, pois eu digo que é udenista!

CQC

Não vou dizer que o humorista (?) Rafinha Bastos fez piadas de mau gosto porque, sinceramente, jamais achei graça em nenhuma de suas pseudo- anedotas. Ou seja, não conheço as de bom gosto.
Aliás, cada vez que eu vejo as apresentações dessa geração stand up mais eu gosto do Costinha.
O humorista (?) zombou dos órfãos no dia das mães via twitter. Outro dia desses disse que as mulheres que reclamam de estupro são todas feias.
Quem me conhece sabe que eu não sou do tipo politicamente correto, mas vou aproveitar essa oportunidade para falar algumas coisas sobre o CQC. Aquele programa que recentemente ofereceu um palanque eletrônico para o Deputado Jair Bolsonaro fidelizar ainda mais o seu eleitorado tão afeito às declarações torpes do parlamentar. Tem gosto pra tudo. Aliás, o Rafinha Bastos tem mais de dois milhões de seguidores.


Existe um consenso estabelecido há tempos de que o brasileiro é um povo conformado e acomodado. Seria este um dos problemas do nosso “atraso”.
Mas nos transformarmos em um povo meramente reativo não é garantia nenhuma de sucesso e desenvolvimento para a nossa sociedade.
Um humorista (?) vestido de terno, gravata e óculos escuros em uma repartição pública, destilando arrogância e constrangendo um servidor, não é certamente um exemplo de maturidade institucional.
Este tipo de atitude não ajuda em nada o desenvolvimento e aprimoramento das nossas instituições. Ao contrário, reforçam a idéia de que a autoridade individual se sobrepõe à igualdade desejada nas relações entre os indivíduos e a sociedade.  
Quando um humorista (?) constrange um funcionário público ou um político obrigando que ele responda a sua pergunta, segundo seus próprios métodos, utilizando recursos de edição e fazendo valer sua autoridade de formador de opinião, está lançando mão do bom e velho “SABE COM QUEM VOCÊ ESTÁ FALANDO?”. É uma carteirada!
Da mesma forma, não é desejável para nossa sociedade que os indivíduos, ainda que justificadamente descontentes, entrem num hospital público e agridam os servidores e a equipe médica porque o serviço não é satisfatório. Até porque isso não resolve em nada o problema.
O que aparentemente seria o outro lado do conformismo brasileiro, na verdade é o outro lado do nosso subdesenvolvimento.
Construir instituições sólidas e democráticas em que os indivíduos saibam como se relacionar servindo-se de seus direitos e cumprindo seus deveres parece ser um caminho dos mais difíceis, no entanto é a única garantia de vivermos em uma sociedade equilibrada e mais justa.
Alguém vai dizer que a função do humor é justamente ser anárquico.
Pois eu digo que esse CQC não tem nada de anárquico. Ao contrário, sua função é a de reproduzir a ideologia do patrão que deseja justamente a manutenção do status quo.
Lembrem-se sempre que o bobo da corte não serve ao riso. Ele serve ao rei.


Nenhum comentário:

Postar um comentário