terça-feira, 20 de dezembro de 2011
O Legado de Andrés Sanchez
Andrés Sanchez cumpriu o seu mandato e está deixando esta semana a presidência do Corinthians.
Deveria ser uma notícia comum.
No entanto, o fato de um presidente de clube escolhido por meio de eleições diretas, ter cumprido o seu mandato e deixar seu cargo no prazo regimental, infelizmente, é uma exceção no futebol brasileiro.
A presidência de Andrés Sanchez foi a primeira gestão após uma década e meia da ditadura de Alberto Dualib.
A presidência de Dualib foi trágica para o Corinthians. Embora alguns argumentem que o time conquistou um número elevado de campeonatos durante este período, o mandato despótico de Dualib sufocou todas as instituições políticas do clube, cancelando as eleições e impedindo a participação da torcida corinthiana. O clube virou um balcão de negócios e os interesses econômicos do presidente prejudicaram a modernização e desenvolvimento do Corinthians. Neste período, o clube tinha dono. E nada é mais contrário à vocação corinthiana do que um clube privatizado.
Mas qual seria o grande legado da gestão de Andrés Sanchez como presidente do Corinthians?
Durante a presidência de Andrés, o Corinthians conquistou três títulos importantes. O Paulista e a Copa do Brasil em 2009, além do recente Campeonato Brasileiro de 2011.
A contratação de Ronaldo foi fundamental para o sucesso do projeto. As últimas equipes da “era Dualib” eram compostas por uma maioria de jogadores cafajestes totalmente desconectados das tradições corinthianas. O desrespeito à história e a representação do clube era visível. Alguns eram contratados e saudavam a “Sociedade Esportiva Corinthians” ou o “Corinthians Futebol Clube”. Terrível!
Não era pra menos. Se a própria diretoria do clube não respeitava suas instituições e se configuravam como uma confraria de malfeitores, não seriam os jogadores que valorizariam nossas tradições.
Mas o fato de um dos maiores jogadores da história do futebol mundial escolher o Corinthians para jogar, fazer sucesso e principalmente ganhar dinheiro abriu os olhos de outros jogadores mais incautos. O sucesso do projeto Ronaldo revelou a imbecilidade de outros jogadores de meia tigela que viraram as costas para o clube em nome de uns trocadinhos a mais.
A construção do Centro de Treinamentos, suporte fundamental para a infra-estrutura do futebol, também merece destaque.
A construção do estádio por si só seria motivo de glória para qualquer gestão na história do Corinthians, já que este tema atravessou mais de meio século no cotidiano do clube. Mas a viabilização de Itaquera tem um significado muito mais que especial.
O Corinthians caminha para a modernidade, mas fincado nas suas raízes históricas. Bem no meio da “corinthianada”. Sendo fertilizado pelo solo sagrado da zona leste paulistana.
Mas nenhuma conquista material ou esportiva pode se comparar com a recuperação institucional do clube.
O novo estatuto é a maior obra de Andrés.
Era muito triste ver o Parque São Jorge desabitado e entregue à obscuridade. Andar nas alamedas do clube era tarefa indigesta, já que o time do povo havia se transformado no quintal do Dualib.
O novo estatuto permite eleições transparentes. Temos chapa de situação e de oposição.
Minha posição quanto à gestão de Andrés sempre foi de um apoio crítico.
Não escondo que vou votar no candidato da situação.
Porém, não veria problema algum em ver a oposição vencer o pleito.
A eleição de uma chapa pela maioria dos associados não seria tragédia para ninguém, desde que seja garantida a alternância do cargo e o impedimento de reeleições subseqüentes. Esta é uma regra de ouro que jamais pode ser quebrada.
Havia prometido jamais votar no Andrés Sanchez caso ele modificasse o estatuto que ele mesmo ajudou a aprovar e viabilizasse um terceiro mandato.
Este seria um verdadeiro desastre para o Corinthians.
Logo, considero importante destacar a coerência do presidente em deixar o cargo e preservar as instituições do clube.
Não é difícil de supor, que depois das importantes conquistas do último período, Andrés Sanchez não teria dificuldades para se reeleger por mais um período. Mas esta prática abriria oportunidade para que qualquer outro aventureiro lançasse mão do mesmo expediente no futuro para se perpetuar no poder.
Andrés não é simpático para uma grande parcela da opinião pública. Demonstra impaciência nas entrevistas, comete erros grosseiros de português, provoca os adversários, expõe os seus vícios e não é nada polido.
Mas para o corinthiano ele entrará para a história como o presidente mais vitorioso e realizador, tudo isso sem deixar de resgatar as raízes históricas do corinthianismo.
O Corinthians agora se destaca como a maior arrecadação dos clubes da América do Sul e está pronto para grandes desafios globais, porém, sem abrir mão da sua identidade.
Andrés foi para a CBF.
Sua estratégia é se viabilizar como uma alternativa conservadora para uma eventual e talvez inevitável saída de Ricardo Teixeira.
Não duvido que ele seja bem sucedido.
Andrés tem virtude política, algo decisivo e necessário para quem deseja exercer o poder.
E nenhum diploma poderia garantir esta habilidade muito particular.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Doutor Sócrates. Ficam seus lances e suas idéias.
O jogador de futebol deve estar relegado a um lugar social de submissão. Ele está condenado, para sempre, a ser um personagem folclórico. Esta forma de preconceito manifesta o desejo de reproduzir para a sociedade uma hierarquia mais ampla que permearia todas as esferas da vida social.
Embora os grandes futebolistas tenham uma importância destacada na nossa sociedade, cada vez que um atleta se arrisca em expressar sua opinião sobre algum tema que supere as quatro linhas do gramado é prontamente desqualificado e muitas vezes punido pelos órgãos dirigentes do futebol.
Mesmo quando um jogador de futebol conclui sua carreira com sucesso, salvando raríssimas exceções, exige-se que ele volte a ocupar um lugar subalterno na sociedade. O ex-jogador é chamado apenas para entrevistas que relembram seus momentos de glória e é desejável que ele fale principalmente de seus episódios engraçados e pitorescos, reforçando sua imagem de ignorante e boçal.
Nem mesmo Pelé, maior jogador de todos os tempos, pode expressar tranquilamente seus pensamentos sem que seja prontamente desqualificado por um jornalista qualquer.
Boa parte destes atletas incorpora este papel desejável para a elite. Sequer se dá conta que é conveniente aos poderosos que ele enriqueça. O jogador mergulha num mundo de fantasias, contentando-se com a satisfação de seus projetos individuais e renunciando ao seu potencial de comunicação com a sociedade.
O jogador Sócrates, sempre rebelde, contrariou este “lugar” desejado para os ídolos da bola. O status de doutor não foi adquirido com um simples apelido nos campos de futebol. Poderia até ser, dada sua genialidade, mas Sócrates se fez doutor através de seu mérito e de sua capacidade como homem.
Ao contrário dos milionariozinhos ruins de bola de hoje em dia, absolutamente indiferentes com a vida nacional (sequer se importam com o sentimento da torcida), Sócrates foi o grande mentor da Democracia Corinthiana que não somente transformou as práticas administrativas e hierárquicas dentro do Corinthians, mas foi um movimento que difundiu seus valores, a partir do “time do povo”, para toda a sociedade brasileira que vivia sob uma ditadura decadente, mas que ainda tentava manter-se e impedir o povo brasileiro de fazer suas escolhas.
Sócrates foi figura muito presente nas manifestações pelas eleições diretas para presidente do Brasil e nunca escondeu sua visão política de esquerda. Tampouco se fez valer de sua condição de ídolo para injuriar seus inimigos políticos, mas manteve a coerência e foi sincero consigo mesmo defendendo sempre seus pontos de vista como socialista.
Agora, o Brasil perde o Doutor Sócrates.
Mas nada pode apagar a sua reluzente biografia. Sua história e sua marca de genialidade.
Ainda que alguns queiram condená-lo a um lugar social dos bêbados insanos e ingênuos, como forma de desqualificar suas posições políticas de esquerda.
Os mais conservadores dirão que seus pontos de vista eram delírios de um bêbado.
A verdade é que para a elite, o jogador de futebol deve permanecer como um alienado, restringindo o seu campo de ação às esferas subalternas da sociedade.
Por isso, o Doutor Sócrates seguirá entre nós.
Permanecerá desestabilizando o status quo.
Assim como fez em vida, utilizará a genialidade dos seus lances para superar as quatro linhas do gramado e fazer do futebol uma representação das demais esferas da vida social.
Que os Brasileiros, como Sócrates, percebam que o futebol cumpre um propósito na sociedade brasileira muito maior do que uma diversão dominical.
Que a genialidade dos craques brasileiros sirva de recurso para desenvolvermos nossa sociedade e possamos construir um país com mais justiça e igualdade, sendo exemplos para o mundo na bola e na vida.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
O Anticorinthianismo Ressentido!
Nestes últimos dias de 2011, terríveis forças mobilizam seus corpos, mentes e espíritos contra a concreta possibilidade do quinto título brasileiro do Corinthians.
Se esta mobilização estivesse limitada à urucubaca e olho gordo dos frustrados e ressentidos, bastaria invocarmos a espada de São Jorge para nos proteger do fogo do dragão.
Mas o que está em jogo é algo muito maior do que o futebol.
Desde sua fundação, na primeira década do século passado, o Corinthians provoca absoluto incômodo no establishment da sociedade paulistana.
Quando o futebol era somente um esporte da elite, o surgimento do primeiro clube assumidamente proletário desencadeou uma série de reações adversas dos mais notáveis cavalheiros da aristocracia paulista.
Para o Corinthians se estabelecer, teve de enfrentar as mais perversas forças escravocratas que tentaram de toda forma deixar o time do povo de fora da panela futebolística.
Nenhuma característica é mais marcante no time do Parque São Jorge do que a superação das adversidades. Embora nossa tarefa tenha sido árdua, nos multiplicamos e nos tornamos a maior torcida do país.
Quando o futebol virou um negócio e seu principal ativo se tornou o mercado consumidor, a fiel torcida pôde realizar o que tentou desde o início dos dias corinthianos, sustentar o seu clube e torná-lo grande.
A emancipação do Corinthians, a partir do potencial de consumo da sua torcida, possibilita dois objetivos aparentemente antagônicos: Elevar o Corinthians ao patamar dos grandes clubes de futebol do mundo, mas ao mesmo tempo não distanciá-lo da realidade dos milhões de maloqueiros. Por isso, a construção do nosso estádio justamente em Itaquera foi uma grande conquista. Teremos um dos estádios mais modernos do mundo, mas vamos permanecer no seio da Zona Leste operária. No meio da “corinthianada”.
Enquanto o Corinthians era uma espécie de “coitadinho” do futebol brasileiro (Marginal Tietê s/n), provocava apenas o escárnio dos adversários.
Mas agora, com a República Popular do Corinthians prestes a comemorar seu quinto título brasileiro e com as infinitas possibilidades futuras que se abrem para a nossa nação, o desprezo dos rivais se transformou rapidamente em ódio irracional e preconceito.
A realidade de que o Corinthians é o maior clube do Brasil é absolutamente insuportável para algumas pessoas. Como este crescimento é inaceitável, a ordem é desqualificar as vitórias corinthianas. Os rivais mais odiosos querem corromper a história e desmentir os grandes feitos alvinegros. Qualquer grande título corinthiano tornou-se objeto de difamação e boçalidade.
Os ressentidos se unem agora para evitar a insuportável nova conquista do Corinthians.
Pobres incautos!
Mal sabem vocês que a natureza do nosso poder e da nossa razão de existir está completamente desvinculada da ostentação de troféus alegóricos.
Somos uma república. Temos uma identidade social forjada no sofrimento e na superação.
O Corinthians será campeão no domingo. Vamos enfrentar esta peleja com muita honra e muita garra.
Mas ainda que não aconteça, não seria isso que desintegraria o que temos de mais valioso que é a nossa identidade.
Enquanto os falsos moralistas editam vídeos com supostos “favorecimentos” ao Corinthians, tentando fraudar a realidade e macular nossas vitórias, nossa gente sabe quantos roubos tivemos de enfrentar neste campeonato por conta da pressão que os anticorinthianos exerceram sobre árbitros.
Mas não somos do tipo que reclama da sorte chorando pelos cantos.
Nós vamos sempre à luta e vencemos nosso inimigo usando como único recurso a força dessa gente guerreira.
“Vocês” adotaram este discursinho anticorinthiano ressentido?
Invocam uma razoabilidade servil e oportunista para desqualificar o Corinthians?
Retorcem seus complexos de vira-latas que habitam em suas vísceras ao assistirem a glória do time do povo?
Pois nós não precisamos dessa frescura!
Nós vamos pra cima e enfrentamos a todos com as roupas e as armas de Jorge!
Aqui é Corinthians!
terça-feira, 22 de novembro de 2011
O que está em jogo em Belo Monte?
Estou anexando um video publicado na internet que desconheço a autoria, no entanto propõe discussões importantes sobre o debate em torno da construção da Usina de Belo Monte.
Desde o início me manifesto a favor da construção da usina. Isso não é novidade.
Mas acredito que podemos aproveitar todos os canais disponíveis para debater a questão.
Seja qual for sua posição como brasileiro, o mais importante é que o debate não passe em branco.
Até porque fora do Brasil tem um montão de gente discutindo o futuro da nossa Amazônia.
Desde o início me manifesto a favor da construção da usina. Isso não é novidade.
Mas acredito que podemos aproveitar todos os canais disponíveis para debater a questão.
Seja qual for sua posição como brasileiro, o mais importante é que o debate não passe em branco.
Até porque fora do Brasil tem um montão de gente discutindo o futuro da nossa Amazônia.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
O Corinthians é um destino compartilhado
Quando tudo parecia perdido Liedson apareceu livre na área para cabecear consciente e empatar a partida dificílima contra o Atlético-MG.
Minutos depois uma bola rebatida na defesa corinthiana armou o contra-ataque. Uma oportunidade única durante toda a partida. Faltavam dois minutos para o término do tempo regulamentar.
Emerson arrancou e serviu Adriano. O atacante decadente foi ungido por forças extraordinárias que emanavam das vibrações da nossa gente e colocou a bola no canto esquerdo do goleiro. Foi gol! Puta que pariu foi GOL!!!
Quando digo que o “imperador” é decadente não quero ofender. Longe disso. Qualquer decadência carrega consigo uma poesia. Uma memória boa guardada num lugar chamado história. A decadência é movimento. A decadência é uma estrada rumo à eternidade.
Um imperador sobre-humano, de sangue azul e parcimonioso, coberto de adornos e glórias estaria muito distante da realidade da gente corinthiana.
Já o imperador decadente, festejando como um plebeu, tirando a camisa e deixando suas banhas saltarem alegremente parece muito mais humano. Muito mais verdadeiro. Uma sinergia perfeita com o time do povo.
O que se viu a seguir foi uma catarse coletiva. Pela tevê passavam imagens da fiel se abraçando, chorando, se confraternizando.
Os anti-corinthianos não podiam acreditar no que havia acabado de ocorrer.
Impossível que eles entendam esta solidariedade tão particular.
Vou tentar ajudar. É mais ou menos assim: o corinthiano não torce pelo Corinthians. Ele vive o Corinthians.
E o abraço representa justamente a solidariedade. Um corinthiano sozinho não é ninguém. Ele compartilha com os seus iguais esta experiência existencial.
O Corinthians é uma experiência coletiva. Um destino compartilhado.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Globo viaja no avião da Chevron para defender privataria!
O Jornal Nacional da Rede Globo destacou duas principais reportagens na noite do dia 17 de novembro.
A primeira expunha o constrangimento do Ministro do Trabalho Carlos Lupi sendo obrigado a assumir que viajara no avião particular de uma ONG prestadora de serviços do ministério.
A situação seria imoral e incompatível com o interesse público, já que este tipo de “gentileza” poderia interferir em possíveis decisões do ministro que viessem a favorecer esta ONG de “propriedade” de um empresário.
Outra notícia de destaque foi o sobrevôo da Bacia de Campos pela reportagem do JN para “tranqüilizar” a população quanto às dimensões do vazamento de óleo na costa brasileira. Seria uma fatalidade acidental muito inferior ao desastre ocorrido na costa norte-americana meses atrás.
Ao final da matéria, meio envergonhada, Fátima Bernardes admite que para realização da reportagem “tranqüilizadora” a TV Globo utilizou um jatinho oferecido pela própria empresa Chevron, responsável pelo desastre na Bacia de Campos.
Empresas deste porte contratam escritórios de comunicação especializados em gerenciamento de crises. A tarefa destes profissionais é negociar com os meios de comunicação e oferecer explicações que convençam a sociedade sobre a idoneidade da corporação.
Obviamente, a relação comercial entre as partes é um segredo empresarial. Tudo muito protegido em nome da liberdade de imprensa.
Mas a Chevron pode dormir tranqüila quanto ao comportamento da imprensa neste caso do vazamento de óleo na Bacia de Campos. Para defender a privataria e garantir a entrega das riquezas brasileiras para as multinacionais a TV Globo e seus colegas da velha mídia topam qualquer coisa e prometem matérias tênues e silenciosas quanto ao desastre natural que se avizinha.
As privatizações no Brasil ocorreram principalmente na década de 90 e foram defendidas com voracidade pela velha mídia.
A promessa era que o Brasil deixaria de gastar bilhões com empresas estatais deficitárias e sobraria muito dinheiro para o Estado concentrar suas ações e resolver a situação da Saúde e da Educação no país.
Outra promessa era a eficiência. Empresas estatais seriam elefantes brancos e incapazes de gerenciar grandes negócios. Sendo assim, as empresas privadas seriam muito mais eficientes em seus empreendimentos e trariam benefícios para toda a sociedade.
Mais de uma década depois, vemos que o déficit do Brasil com a saúde e a educação permanece grande e o Brasil perdeu a capacidade de orientar os investimentos das estatais privatizadas em benefício da infra-estrutura econômica nacional. Um exemplo disso foi o comportamento da Vale do Rio Doce logo após a crise de 2008. A empresa demitiu milhares de trabalhadores e se negou a investir em produtos de maior benefício para a cadeia produtiva do setor de minérios no Brasil.
A eficiência também não foi o forte destas empresas privatizadas. As empresas de telecomunicações submetem seus clientes à panes quase que diárias nos serviços de internet e as tarifas de telefonia celular estão entre as mais caras do mundo. As empresas de eletricidade obrigam a população a conviver com freqüentes apagões. A precariedade nos investimentos é tanta que no Rio de Janeiro os bueiros explodem sobre a cabeça das pessoas.
Mais de cinqüenta anos depois da campanha do “petróleo é nosso”, os liberais continuam defendendo a entrega do Pré-Sal para os oligopólios privados.
O desastre na Bacia de Campos só vem reforçar para a população a incompetência e a negligência destas empresas que visam apenas o lucro imediato e pouco investem em segurança e tecnologia, marcas da nossa PETROBRAS.
Ao invés disso, a empresa texana Chevron parece preferir investir em cortejar a TV Globo para evitar danos a sua marca já manchada de petróleo e sangue das guerras no Oriente Médio.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Se o Bush fosse paulista, seria eleito governador vitalício!
Sob o silêncio sorridente de São Paulo, a patrulha de choque enfim voltou a ocupar o campus da USP.
Nostálgicos fascistas e servis ressentidos riem satisfeitos ao verem aqueles estudantes vagabundos sendo colocados em seu devido lugar: a cadeia!
Sim, porque na memória desta gente estúpida, acostumada com a chibata, quem é estudante (somente estudante) é à toa e vagabundo.
As gentes de São Paulo foram forjadas no sofrimento das roças, fábricas e na desolação do pau de arara. Nada é mais valorizado nesta cidade triste e infeliz do que os projetos individuais.
Qualquer atitude de mobilização coletiva e de solidariedade ideológica é vista como uma ameaça ao “paulista way of life”.
Há anos, São Paulo é dirigida por uma “velhocracia” infeliz que odeia a vida, por isso odeia também a cultura, o conhecimento, a arte, o ócio e a democracia.
São Paulo odeia as diferenças. Mas também odeia a igualdade.
Se o Bush fosse paulista seria eleito governador vitalício!
A população de São Paulo deve estar orgulhosa de sua Polícia Militar corajosa. Seiscentos valentes policiais prenderam sessenta estudantes desarmados.
Filhinhos de papai maconheiros, dirão os Datenas e Afanasios.
Mas se o nosso glorioso governo do estado decidiu ser rigoroso contra o consumo de entorpecentes, porque não “invade” também a cracolândia para oferecer algum tipo de alternativa para aqueles zumbis mortos vivos que agonizam em via pública.
Enquanto a polícia vive o seu “Dia D” para ocupar a Cidade Universitária, centenas de bairros vivem reféns da violência urbana, sem direito a policiamento ostensivo.
E não são somente os bairros pobres que vivem com medo da violência. O Morumbi, mais rico de todos, tem sua população seqüestrada por bandidos de verdade. Os moradores se manifestam, mas a polícia de São Paulo, no seu glorioso dia 08 de Novembro de 2011 decidiu enviar um contingente de guerra para defender a ordem pública destes moleques subversivos.
Ouvi diferentes argumentos, contra e a favor da ocupação da reitoria da USP. Confesso que a maioria dos que eu ouvi eram contra. Mas não importa. Estes garotos e garotas hoje se tornam heróis nesta cidade dos forrozeiros universitários, sertanejos universitários que se entretém fazendo “rodeios de gordas” e outros estúpidos preconceituosos que sequer conseguem olhar além de seus inundados umbigos.
Quem comemora a ocupação da USP pela polícia de certo não compreende o constrangimento que foi a presença do aparato repressivo do Estado nos anos de Ditadura Militar, perseguindo e torturando estudantes e professores que ameaçassem o regime com sua produção intelectual.
E quer saber? Eu acho que a ditadura foi bem sucedida em sua missão. Os militares conseguiram emburrecer ainda mais o Brasil. Estamos cada dia mais estúpidos e bestas.
A presença da Polícia Militar na USP não vai ajudar em nada o problema da violência. Simplesmente porque ela é incapaz de resolver a questão em parte alguma desta cidade carente e mal amada.
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