quinta-feira, 2 de junho de 2011

Neymar, o subersivo


O Neymar, meus amigos, é fantástico.
Ele tem enfrentado alguma resistência da opinião pública porque é ousado e tem personalidade. Para falar o português claro: ele é enjoado mesmo.
No Brasil, em geral, gostamos dos personagens humildes e que mantenham uma espécie de ingenuidade não ameaçadora.
Quando um ídolo coloca as mangas de fora e ergue os punhos, as pessoas começam a se incomodar com suas vitórias e sentenciam que o craque está mascarado.
Gostamos mesmo é de ver o ídolo chorar como um bebê em cima do pódio, olhando a bandeira brasileira como se estivesse pensando: “Deus, como é que eu, um brasileirinho pobre, pude chegar entre os grandes”.
Pelé, o maior atleta de todos os tempos, freqüentemente é avacalhado por querer manifestar uma opinião ou outra. Ainda que ele se equivoque eventualmente, por que ele não teria autoridade para se manifestar? É como se dissessem: “neguinho, seu lugar era no campo, fazendo peripécias. Não venha disputar conosco o espaço nas esferas de decisão”.
Manter o jogador de futebol num lugar social de submissão, condenando-o a ser, para sempre, um personagem folclórico é uma maneira de reproduzir para a sociedade uma hierarquia mais ampla que permearia todas as esferas da vida social.
Existem os eleitos. Jogadores que tem um “nível melhor” e tais quais os funcionários padrão, vez por outra são chamados a freqüentar as festas do patrão.
Por isso o Neymar irrita e incomoda. Quando ele não pede bênção para os “mais velhos”, vai pra cima dos zagueiros e incorpora a aura de vencedor, ele se torna uma espécie de subversivo.
 O goleiro Rogério Ceni é considerado intragável por boa parte dos torcedores brasileiros (inclusive por mim). Freqüentemente, ele tem que se submeter às comparações com o Marcos, que é querido por todas as torcidas. Mas já pensaram porque um é mais querido que o outro? O Marcos incorpora a figura do “simprão”. O Rogério é pretensioso e tem ambições maiores.

Um dos meus maiores orgulhos como torcedor é a Democracia Corinthiana. Em meio à agonia da ditadura militar, jogadores como Sócrates, Casagrande, Vladimir, Biro-Biro e Zenon, marcaram posição e assumiram as rédeas de sua vida profissional e esportiva. Eram politizados. São até hoje, exemplos para o Brasil. É bem verdade que assumiram riscos, foram perseguidos e criticados, mas deram um exemplo pedagógico para toda a sociedade a partir do futebol. Exemplo que permanece até hoje.
Sonho com o dia em que os jogadores brasileiros renunciem à figura de folclóricos ou coitados, vitimados pela própria origem.
Desejo também que eles percebam que podem ser muito mais do que milionários bon vivants. Tenham a sanha e o desejo pela vitória.
Da mesma forma, a nossa gente está amadurecendo. Passou do tempo de nos sentirmos inferiores às outras potências e assumir o estereótipo do coitadinho no mundo e desacreditar de nossas próprias vitórias.
Temos que ser ousados, ardilosos, interessados e também poderosos, por que não?
O Brasil é foda!
  
  

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