Quem nunca usou a expressão “uma vida de princesa”, ou idealizou alguém como um “príncipe encantado”?
Nós, mestiços, vivemos sob o signo da impureza. Nossa cor mesclada denota uma espécie de “pulada de cerca” original.
Somos essencialmente pecaminosos e talvez por isso incorporamos uma aura sensual e atraente.
Para muitos de nós, esta latinidade é algo muito difícil de conviver.
As pessoas, inevitavelmente se enxergam como sujos e almejam uma pureza européia, sempre reforçando esta provável origem que quase nunca resiste à segunda geração genealógica.
Se os trópicos são a terra do pecado, um país como Mônaco parece ser a terra do bom senso, do pudor e da etiqueta.
O Príncipe Alberto de Mônaco trouxe nos braços a Princesa Charlene e veio a publico desmentir os rumores de que sua atual cônjuge tentou fugir do altar poucas horas antes do casório, por descobrir que o príncipe desencantado tinha mais um herdeiro em meio às ruas e vielas de seu principado.
Alberto teve também que justificar porque em sua lua de mel dormiu em um hotel separado 15 km dos aposentos da princesa. Disse que o casal se separa durante as noites por motivos práticos.
A aparente infelicidade estampada no rosto da princesa lembra a carismática Lady Diana, antes de se livrar do pernóstico orelhudo Príncipe Charles. Pouco antes de morrer ao lado de um namorado árabe em Paris, a princesa havia confessado que traíra o príncipe de Gales.
O carnaval da Marquês de Sapucaí ou de Salvador, perdem feio em matéria de promiscuidade para a mansão de campo de Silvio Berlusconi na Itália, que parece decidido em recuperar a tradição romana de grandes orgias.
Comentários como estes, para os mais pudicos, pode parecer fofoca barata. Tudo bem, isso não me ofende.
Mas vale lembrar que no período que antecedeu a Revolução Francesa, os grandes salões da burguesia estavam repletos de pensadores iluministas que escreveram grandiosas obras e mudaram o rumo da história.
Mas nas tabernas baratas de Paris, uma geração de boêmios poetas ou fofoqueiros contava para a população todos os podres da nobreza e desmistificava a proclamada natureza divina que justificava durante séculos a dominação de uns sobre outros.
O eurocentrismo foi incorporado durante séculos pelas elites latino americanas que sempre acreditaram que a humanidade evoluía de suas formas mais subdesenvolvidas até o homem europeu, biologicamente superior.
A natureza de nosso atraso estaria ligada diretamente à nossa inferioridade mestiça.
Os deslizes de Berlusconi, Schwarzenegger, Strauss Kahn, Clinton ou famílias reais, além da decadência econômica do Atlântico Norte pode animar alguns políticos conservadores no hemisfério norte.
Mas aqui, do lado de baixo do equador, onde “não existe pecado” nos faz rir da hipocrisia e decadência daqueles que sempre se consideraram mais perto de Deus.
Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.
Primor de texto. Belíssimo. Vou salvar em meus favoritos.
ResponderExcluirEliana Jardim
Atualmente estou ateu e vejo isso como imposição nefasta da cultura judaíco-cristã-ocidental... rs
ResponderExcluirNossa cultura ocidental separa "os bons" daqueles que não tiveram a mesma sorte.
Abraço.