terça-feira, 16 de agosto de 2011

O desgaste dos técnicos palestrantes


Poucas coisas estavam tão na moda nos anos 90 como palestras motivacionais com pitadas de neurolinguística vulgar.

Esta década foi marcada pelo grande “boom” do mercado de auto-ajuda com livros, filmes e técnicas para superar as adversidades sem eleger nenhum inimigo político como elemento causador das dificuldades da vida cotidiana.

A década começou sob os reflexos da queda do muro de Berlim. A partir de então só existiria um modo de vida predominante e os indivíduos deveriam se adaptar ao “choque de capitalismo” que estaria por vir, modernizando nossas instituições e trazendo as bênçãos do mundo empresarial que exigiria de cada um de nós o máximo de eficiência.

Deveríamos enfrentar os nossos inimigos internos e exorcizar nossos íntimos fantasmas para nos adaptarmos a nova realidade.



Os sindicatos nunca estiveram tão em baixa como neste período. Ao invés de brigar contra o patrão, as pessoas deveriam se preparar para incorporar os valores corporativos e se tornarem partícipes do sucesso empresarial. Além do mais, a fila de desempregados à espera de uma oportunidade no mercado de trabalho estimulava e justificava o crescimento individual como um valor em si mesmo.

Essa moda chegou ao futebol brasileiro no mesmo período.

Os técnicos bem-sucedidos em suas conquistas comportavam-se como executivos e tentavam multiplicar os valores próprios daquele tempo como superação, espírito de equipe e autocontrole para os atletas de suas equipes.

Sem dúvidas, o mais bem sucedido desta geração foi Vanderlei Luxemburgo.

Sempre vestindo um terno, gabava-se de implementar uma nova “filosofia de trabalho” e gostava de se aproveitar dos deslizes verbais dos adversários para motivar seus comandados. Luxemburgo tomou tanto gosto pela tarefa que passou a se comportar mais como um gerente de futebol ou empresário do que treinador.

Mas não restam dúvidas quanto à capacidade de Luxemburgo. Ele tinha ao seu favor o fato de conhecer muito sobre futebol e era muito competente no ofício de treinador.

No entanto, o sucesso de Luxemburgo favoreceu a chegada de toda uma geração de técnicos motivadores e palestrantes.

A preleção destes técnicos era sempre regada a vídeos motivacionais e a um linguajar gerencial.

Neste período, os técnicos “boleiros” icaram fora de moda.

A exceção era Luis Felipe Scolari que ao contrário de seus colegas, usava o agasalho da equipe ao invés do famigerado terno. Felipão até reunia qualidades de um motivador, mas seu modo de trabalho estava mais ligado à mobilização do grupo contra um “inimigo” eventual, que poderia ser o time adversário, a imprensa, a própria torcida, a desconfiança geral ou inclusive os seus próprios dirigentes.

Uma cena comum nas vésperas de decisões de campeonato eram os técnicos utilizando recortes de jornais com as declarações dos adversários para motivação geral do “conjunto de atletas”.



Os sucessos recentes de Muricy Ramalho parecem ter desgastado o discurso polido e cheio de jargões corporativos dos técnicos yuppies.

O próprio Luxemburgo que colecionou fracassos nos últimos anos parece ter percebido que seu antigo discurso se desgastou e arrancou o terno e a gravata, vestindo o agasalho do Flamengo (sua equipe do coração) e retomando o gosto por sua atividade de treinador.

Mano Menezes parece se manter fiel a safra de palestrantes. Seu discurso dá sono.

Mas o técnico campeão mundial do tédio é o Tite.

Nas últimas rodadas, o Corinthians adquiriu a cara de seu treinador. Assistir aos jogos do Corinthians às vezes dá muito sono e suas jogadas são previsíveis como o discurso de Tite. É um nhem nhem nhem danado. Muito papinho. “Fala muito” o Tite.

Esta proclamada “filosofia de trabalho” dos técnicos palestrantes se decompôs. Tal qual os pilares da economia de mercado que só funciona em situações de crise que tendem a ser favorável para pouquíssimos mediante o sacrifício de muitos.

4 comentários:

  1. Muito legal esse post. Mas dê um refresco pro Tite...o papo dele estava colando...rs
    Abraços

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  2. Rafael Castilho fala muuuito fala muuuito. Você consegue falar bosta em tudo q se propoe a discutir. Nem sei poruqe eu leio todo dia as suas piadas seu palhaço

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  3. Gostei muito do texto. O rapaz aí de cima deve ter algum problema contigo. Belíssima reflexão.

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  4. No Blog do Junior Pentecoste, tem matéria do filho que negou sua mãe. Vamos divulgar em e-mail, twitter e blog. Abraço

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